De: Archimedes Marques
Data: 2013 06:09
Desarmar o povo é dar
segurança aos marginais
Vivemos em um país em que
muitas vezes os valores se invertem e, nessa espécie de guerra urbana e social
contra a violência diária, contra a marginalidade que cresce assustadoramente,
contra a criminalidade que aumenta gradativamente a todo tempo em todo lugar,
comprova-se que o Estado protetor mostra-se ineficiente para debelar tão
afligente problemática e por isso teima em produzir programas emergentes que
surgem e insurgem sem atingir os seus reais objetivos. Um deles, pelo menos até
agora, ao invés de proteger a sociedade deu maior segurança aos bandidos, ou
seja, inverteu os seus valores.
O projeto desarmamento
estudado e executado pelo Governo Federal desde 2003, contra a vontade popular,
demonstra ser no âmago do seu curso uma ação derrotada e inócua que age
infrutuosamente na tentativa de reduzir a criminalidade no país e deixa cada
vez mais a população órfã de proteção.
Enquanto a população
brasileira foi literalmente desarmada por conta do Estatuto do Desarmamento, a
bandidagem está cada vez mais armada. Enquanto foi tolhido o direito do cidadão
de se defender do bandido com a proibição de sequer possuir uma arma de fogo em
sua própria casa sem passar por extrema burocracia, o bandido por sua vez,
facilmente consegue armas até mesmo com alto poder de fogo, para se defender da
Polícia, atacar o povo e ferir a ordem do país.
É fato presente que o chamado
crime organizado, pernicioso organismo que alimenta o tráfico de drogas,
criminosos perigosos e contumazes, quadrilhas de assaltantes, consegue transitar
e abastecer a marginalidade com armamento privativo das forças armadas, tais
como: Metralhadoras, fuzis, bazucas, morteiros, granadas, ou mesmo outras mais
usadas a exemplo das escopetas, pistolas e revolveres. Essas armas provindas de
diversas nacionalidades ingressam pelas nossas gigantescas e mal guarnecidas
fronteiras e chegam às mãos dos bandidos de maneira inexplicável.
Retirar as armas de fogo das
pessoas de bem foi muito fácil, pois essas pessoas, não sendo marginais, logo
cumpriram a Lei e depuseram suas armas com a esperança de que a violência fosse
realmente estancada, contudo ainda não foi, muito pelo contrário, aumentou
substancialmente, pois o desafio da Polícia em desarmar os bandidos parece ser
intransponível. Quanto mais se prendem os marginais armados mais armas aparecem
em poder de outros e até dos mesmos quando são postos em liberdade pela
Justiça.
Os fatos violentos e
corriqueiros ocorridos nos quatro cantos do país demonstram que os discursos e
as noticias desarmamentistas para justificar o suposto sucesso do plano e
iludir o povo parecem ser apenas meras cortinas de fumaça, tendo na linha de
frente a diminuição dos homicídios eventuais por desavença ou domésticos,
perpetrados nas comunidades por meio de arma de fogo a querer encobrir o
recrudescimento da criminalidade dos outros tipos penais.
Assim, o povo vive acuado,
desarmado e preso por grades, cercas elétricas, alarmes, nas suas próprias
residências e, os diversos criminosos andam soltos nas ruas a caça das suas
vítimas, aumentando de forma geométrica o número de latrocínios, roubos e
sequestros em todos os lugares.
A Polícia por mais diligente
que seja, em virtude da falta de contingente adequado, de uma maior estrutura,
de uma melhor organização, de um verdadeiro incentivo com salários condizentes
aos seus membros, não consegue romper tais obstáculos e sempre é considerada
culpada erroneamente por inoperância pela nossa sociedade como se fosse a única
responsável por tal situação.
Atacam-se carros blindados com
armamento potente, derrubam-se helicóptero com tiros de fuzis ou metralhadoras
antiaéreas, inúmeros assaltos se valem de armas de guerra no país inteiro,
policiais são frequentemente mortos no labor das suas funções por criminosos
possuidores de armas poderosas adquiridas no câmbio negro do crime organizado.
O cidadão nas ruas
literalmente virou um alvo em determinados locais. Um alvo que tem que ser um
maratonista, velocista, contorcionista, trapezista e até mágico para se
esquivar das balas perdidas. Um alvo que tem que optar por dar apoio aos
traficantes de drogas sob pena de morte. Um alvo no seu veículo ultrapassando
os sinais de transito e recebendo multas para não ser sequestrado ou assaltado
e morto. Um alvo desarmado sem direito a defesa própria contra o marginal
sempre bem armado. Um alvo que tem que contratar segurança particular para
sobreviver. Um alvo que ainda tem que agradecer ao criminoso por apenas lhe
levar seus bens materiais. Um alvo esperando sempre que apareça algum policial
para lhe salvar.
O desarmamento veio para o
seio da sociedade brasileira como uma ação insidiosa de tirar-lhe o direito de
defesa própria e da sua família ao mesmo tempo em que deu total segurança ao
bandido de fazer o que quiser com a sua vulnerável vítima.
O Estatuto de Desarmamento não
deu e não dará certo enquanto não tivermos uma séria e efetiva política de
combate ao crime organizado, enquanto não houver mudança drástica no nosso
código repressivo penal, enquanto não colocarmos atrás das grades os grandes
traficantes de armas e drogas, enquanto não prendermos as pessoas
inescrupulosas que dão suporte e proteção aos traficantes e enriquecem sob o
julgo desse crime, enquanto não consigamos enfim proteger as nossas fronteiras
desses criminosos fazendo com que não mais entre armas no nosso país.
Autor: Archimedes Marques
(Delegado de Policia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica
de Segurança Pública pela Universidade Federal de Sergipe)
archimedes-marques@bol.com.br"
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