quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

O CARROSEL DE DONA MINERVINA - Germano

 


Quem não lembra da época do natal em Mata Grande, onde o carrossel de Dona Minervina chegava de Santa Cruz do Deserto, armava ali no Beco de Noca e próximo ficava a onda de Mané Pistola?

Isto ocorria nos idos anos cinquenta e sessenta, a meninada contava os cinquenta mil reis antigos que correspondia a cinquenta centavos de cruzeiros, para se  deliciar nas rodadas  do carrossel.

Um fato interessante veio a minha memória, o meu pai Balbino Alves Bezerra, homem excessivamente católico não perdia uma missa aos domingos. Naqueles tempos a missa era em latim, celebrada pelo inesquecível primo Monsenhor Aloysio Viana Martins que tinha uma dicção invejável por qualquer cristão. Eu já fui coroinha e lembro de muitas coisas que respondia com precisão: DOMINUS VOBISCUM, ET CUM ESPIRITUS TUEM e outras mais, tudo decorado previamente. O meu pai tinha um Adoremos do qual não tirava os olhos.

Em um dia trinta e um de dezembro, dia da festa da nossa Padroeira Nossa Senhora da Conceição, o carrossel rodou a noite inteira. Pela manhã a dona Minervina amarrou o carrossel com uma corda e foi dormir lá no sobrado da Rua de Cima , onde hoje é a casa de João Durval o popular Dudú.

No dia primeiro de janeiro, quando eu ia para a missa com o meu pai, os meus colegas tinham desamarrado a corda e eles mesmo empurravam o carrossel e  subiam para se deliciar sem pagar nada.

Que fiz, saí da missa de mansinho e retornei para o carrossel, uma beleza. Só que esqueci de retornar e quando me dei conta o meu pai já estava agarrado no meu braço. Me levou para a padaria, puxou o cinturão e levei aquela surra e fiquei de castigo até o meio dia em cima de uns sacos de farinha de trigo. Também foi a única que levei. 

Há anos se fala no Mata Grande Fest e eu há anos não passo um final de ano em Mata Grande. Este ano vou fazer o possível para me fazer presente, mesmo que seja nos dias finais e ver como estão as festividades mesmo sem o carrossel de dona Minervina.

domingo, 20 de dezembro de 2020

LAMPIÃO: O INGRATO NA MATA GRANDE

 LAMPIÃO: O INGRATO NA MATA GRANDE

Clerisvaldo B. Chagas, 17/18 de dezembro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.437
Quando a família Ferreira veio para Alagoas, 1918, chegava aliviada das ações dos seus inimigos na região de Pernambuco, em que viviam. O próprio Virgolino Ferreira teve a chance de viver honestamente como empregado do coronel Juca, na Mata Grande. Mas, devido ao seu próprio instinto, resolveu fazer parte do bando de Antônio Maltilde e criar asas no bando dos Porcino.

Seu espírito guerreiro não o deixou viver totalmente com o suor do rosto. Fez incursões armadas em seu estado e foi vivendo entre o certo e o errado no lugar que o acolheu, oferecendo oportunidade de viver do trabalho e longe dos rifles adversários do Pernambuco. Vivendo em Água Branca e Mata Grande, região serrana do estado, perdeu a oportunidade de paz porque bem quis.
Já famoso em 1925, achou que podia tudo. Tanto é que após a visita que fez ao cemitério do arruado Santa Cruz do Deserto para visitar os túmulos dos pais, resolveu dar uma festa na fazenda Tanque do seu velho camarada José Crispim. Pressionado pelos irmãos Antônio e Levino para que o bando assaltasse Mata Grande, respondeu fraco que não podia por dever favores àquela gente. Quer dizer, ele mesmo reconheceu que não podia ser ingrato com os que o acolheram na adversidade. Mesmo assim resolveu atacar Mata Grande. Os fanáticos dirão que ele foi obrigado pelos irmãos, mas o chefe era ele, a força de se impor era a sua, portanto, a responsabilidade total foi dele, sim. Cedendo mais à ambição do saque e menos à vaidade do poder da força, teve a desculpa do pressionamento da irmandade.

Arrogante e azougado partiu para o ataque após receber como resposta do comércio mata-grandense ao seu bilhete, um desafio de macho: “Olha, aqui, vá dizer àquele moleque que o receberei à bala”. Como pensava que não haveria resistência, o bandido Lampião tentou invadir à cidade, mas as balas prometidas não deixaram o bando ir além das Rua Nova e Repitete. Lampião “botou o rabinho entre às pernas, bateu em retirada e foi se refugiar na fazenda Serrote Preto. É certo que ali atuou com êxito, mas isso foge ao foco da cidade Mata Grande. Sua ingratidão, truculência e ambição, não o impediram de comer bala.
Só muito depois, Mossoró repetia o feito da Mata Grande.

sábado, 12 de dezembro de 2020

O MATA-GRANDENSE - Germano

 

O MATA-GRANDENSE – Germano

“26.10.07 - Fazenda Agua Azul - Sítio Almeida - Mata Grande -Al. - Navegando no orkut, despretenciosamente cliquei a palavra blog e surgiu a possibilidade de criação de um blog. Sempre tive a vontade de criar um, porém, por não entender bem do sistema, a vontade já foi abortada no "terra e uol". Procuraremos manter atualizações sobre a nossa querida Mata Grande, inclusive, copiando notícias divulgadas anteriormente. Pedimos a todos que participem; me ajudem a manter um canal de notícias e fatos acontecidos ,sempre atraente e atualizado. Um abraço fraternal.

 

Este foi o início deste blog e como ele surgiu. O nosso pensamento era voltado para o engrandecimento cultural dos nossos conterrâneos o qual, de história gravada, há somente o livro MONOGRAFIA DO MUNICÍPIO DE MATA GRANDE  editado por Djalma Mendonça, que ainda hoje serve de parâmetros  quando se deseja escrever algo sobre a memória do município.

O blog foi criado e não obstante favorecer ganhos financeiros, nunca aceitamos  estes tipos de benesses, mesmo  porque não temos ideia sobre valores e finalidades.

Mas o que nos leva a divulgar este texto é a marca dos  160.000 (cento e sessenta mil) acessos a esta página. Sabemos que eles se distribuem nos mais variados municípios do território brasileiro  e ainda, que temos leitores  que  habitam em Portugal, Estados Unidos,  Bélgica, França, além de outros que no momento não recordo.

Mais uma coisa,  me deixou feliz, o acesso 160.000 foi do meu  genro Cesar Pessoa de Melo. Faço o registro porque me encontro em Brasília, na casa dele e foi justamente ele que me colocou nas redes sociais a partir do Orkut, depois no Facebook, e-mails etc. e esta felicidade me faz pensar que levo também felicidade a tantos lares dos amigos e amigas.

Portanto, agradecemos a cada um dos nossos leitores e deixamos o blog à disposição.  O nosso e-mail de contato é germanoalves@terra.com.br e também o Facebook onde mantemos uma página com o nome MATAGRANDENSES e já consta com quase cinco mil  membros.

Por fim, nos regozijamos em poder como mata-grandense compartilhar com os nossos conterrâneos e amigos (as) o pouco que aprendemos, procurando  ainda deixar gravado para as gerações atuais e futuras um pouco da  memória do nosso município.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

UM ANO ATÍPICO - Germano

 


 

Hoje, aos nove dias do mês de dezembro acordei  em Brasília,  repetindo  o que sempre faço quando  tenho a oportunidade,  visitar a minha filha, netas, genro e seus familiares e amigos. Daí, surgiu a ideia de  dissertar um pouco do que foi  o ano de 2020, o qual classifico de um ano totalmente atípico.

Recordando os meses de janeiro e fevereiro onde  as confraternizações prosseguiram sem anormalidades. Pude pensar em adquirir um carro  novo , uma vez que a minha ”xebrequinha“ já estava com sete anos de uso e prestes  a precisar de pneus novos, até aí tudo bem.

Chegou o mês de março exatamente no dia  catorze, nos deslocamos para Mata Grande – Al., a fim de participar das comemorações alusivas ao aniversário de uma querida Comadre, onde tudo foi normal, reencontramos os familiares e amigos com prazer e alegria.

Pensávamos em retornar a Maceió no início da semana seguinte, todavia, no dia  dezoito de março se comemora a festa de emancipação política da cidade, com desfiles estudantis e outras solenidades. Resolvemos ficar. Porém  exatamente no dia dezessete de março, eis que aparece o famigerado COVID-19 que mudou não somente os meus planos, mas os planos do mundo. Começou pelo Prefeito que mandou suspender todas as atividades programadas para o dia dezoito. Feito isto, resolvi permanecer em Mata Grande, esperando a onda passar.

E assim se passaram oito meses, passei a cultivar  hortas caseiras e outras atividades inerentes a vida rural. É tanto que dizia aos amigos : estou em isolamento rural. Mas como de tudo sempre há uma válvula de escape permitida por Deus. Eis que no mês de setembro, passei a ter mais uma profissão: a de escritor. Outra atipicidade ocorrida no ano.

No decorrer destes meses tivemos um inverno atípico, muitas chuvas, muitas lavouras e muitos pastos para os rebanhos o que nos dava esperanças de desenvolvimento para todos os  trabalhadores que lidam com agropecuária.

Chega o mês de novembro e com ele o dia quinze, dia da eleição. Ah!  Dias antes houve uma convenção política e o meu filho foi escolhido para participar da chapa majoritária como candidato a  Vice-Prefeito, outra surpresa atípica. Como ia dizendo, foram eleitos todos os candidatos em quem votei. Fui então, possuído de forte emoção, por isso,  fui comemorar as vitórias com os  meus conterrâneos. Abraços, muita cerveja com prazer e alegria, me fizeram esquecer da máscara e aconteceu que o pestilento chinês, que vivia me rondando, aproveitou a oportunidade e me ferrou. Outro caso atípico.

Vivenciando os primeiros dez dias do ano, em plena recuperação  do COVID 19 estou agradecendo a Deus pelas  surpresas do ano. Agradecer também, a Drª. Bertine Malta que tratou de mim lá em Maceió, a Drª. Geovanna Lea Barbosa de Mendonça Pessoa de Melo que trata de mim onde quer que eu esteja. A  minha esposa pela dedicação e amor dispendido e ainda a todos os amigos que diretamente me enviaram mensagens.

Se Deus nos permitir, vamos nos despedir do ano 2020 em nossa terra natal, sob o manto protetor da nossa Excelsa Padroeira, Nossa Senhora da Conceição.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

A POLITICA EM MATA GRANDE – Germano

 





É comum se ouvir a frase: “Detesto política”. Ora, como se pode destinar ódio a um elemento presente em todas as relações cotidianas e inerentes ao ser humano. 

Para Aristóteles, “o homem por natureza, é um animal político”, uma vez que, por definição, é a ciência que dá organização a cidade em sentido restrito e também em sentido amplo, a todas as atividades de quem se interessa pelo público. Portanto, vê-se uma confusão entre política e politicagem. Esta sim, nefasta por proteger interesses meramente pessoais.

É compreensível, diante desta confusão somada a atos recentes da nossa história, que as pessoas queiram se abster de discussões políticas, porém, esta prática, fortalece a politicagem, pois não há oxigenação na política, daí, a importância de cidadãos participativos.

Este ano tivemos uma eleição totalmente atípica, sabemos que ao longo dos tempos as forças poderosas que se acham dominantes, que brigam entre si, mas que, quando não dominam o município com patrimonialismo, se unem para a tomada do poder, tiveram este ano, um matuto da encruzilhada e um catingueiro do sítio São José, que enfrentaram três oposições fortes e saíram vitoriosos.

Erivaldo Mandú e Marcus Vinicius Barbosa de Mendonça, enfrentaram com galhardia a todos os ataques e sempre procuraram esclarecer a população os objetivos que tinham em mente para a continuidade de uma administração inteiramente voltada para o desenvolvimento do município, divulgando os projetos a serem realizados na próxima gestão.

 

Rogamos ao Onipotente que os ilumine para que consigam juntos concretizar ao longo da gestão todos  os projetos que idealizaram.