quinta-feira, 13 de novembro de 2014

SEU MANOEL PISTOLA - Germano.


SEU MANOEL PISTOLA - Germano.

 Brasília (DF), 13/11/2014.

Sempre gosto de relembrar de conterrâneos que conhecemos durante a adolescência. Hoje aqui em Brasília me veio a lembrança de seu Manoel  Pistola. Como aconteceu? Você até pode perguntar. Bem, estava vendo o Bom Dia Brasil, quando apareceu uma entrevistada que achei parecida com sua neta  Edeilde. Imediatamente  pensei em Quinca Pistola, seu filho que  residia no Mandacarú e possuía um carro de bois. Já o  pai, Manoel Pistola era querido por toda a garotada matagrandense. Ele proprietário de uma "onda" (espécie de carrosel) e nos finais de ano quem arranjava uns trocadinhos , guardava para andar na onda de seu Manoel Pistola. Residia  no bairro Mandacaru onde ainda permanece alguns dos seus descendentes, todos de boa índole e queridos pela sociedade local.

Seu Mané Pistola como era conhecido também trabalhava nos engenhos de rapadura, principalmente no de seu Manoelzinho Matias que ficava localizado no Sítio Almeida, zona rural do município de Mata Grande.

Icléa, minha querida esposa, quando me ouviu falar nele me contou que...  "certo dia foi com a colega Luzanira (Luza) filha do saudoso comerciante e grande oposicionista  político Jônatas  Alencar Dores conhecido como João Nata, foram  para o engenho de seu Manoelzinho Matias e lá estava sentada na janela que ficava entre o local onde os bois rodavam  as engrenagens do engenho que  moíam as canas de açúcar e os tachos destinados ao fabrico de mel, os quais são aquecidos pela fornalha.

Inesperadamente, um boi de pontas, a arremessou para o alto e ela ia cair justamente dentro de um tacho em alto grau de temperatura. Seu Mané Pistola, que era também "mestre" na arte do fabrico do mel, largou a peneira e me segurou no ar."  Completou a história e disse: "DEVO A MINHA VIDA A ELE".

Se eu já tinha boas recordações de Seu Mané Pistola, doravante, jamais o esquecerei não somente pela onda, mais também pelo bravo gesto acima mencionado.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A CULTURA DO HOMEM OU O HOMEM DA CULTURA? - Joelder Pinheiro


A Cultura do Homem ou o Homem da Cultura?

Por Seminarista Joelder Pinheiro Correia de Oliveira

 

            Já de início, vale ressaltar que existe uma diferença basilar entre o que é natural do que é cultural. Natural é tudo aquilo que não sofreu a interferência do ser humano; é o ordenamento que rege os seres e os encadeiam num organismo cíclico vital, num ciclo tão sistemático que mesmo as espécies mais exóticas ou horripilantes tornam-se importantes. Noutras palavras, natural é a manifestação das coisas tal como são, ou seja, é o cosmo que, como diz a sua etimologia, é ordenado desde sua origem. Nesta estrutura natural está uma espécie diferenciada, que se destaca por sua racionalidade e dignidade: o homem.

            Poderíamos nos perguntar: o que é o homem? As explicações que encontraremos serão inúmeras, passando pela antropologia, filosofia, biologia, sociologia, enfim, cada área o identificará por sua ótica de pesquisa. O homem é um ser magnânimo, que tendo recebido, como dom, a racionalidade, assume o papel e a possibilidade de ser criador, inventor e construtor de sua própria história. Ele não é apenas mais uma criatura entre tantas, é um ser incrível, cheio de potencialidades. O homem traz em si a junção de tempo e eternidade, numa relação que o torna capaz de se realizar, porém, sempre desejoso de possuir algo maior; trocando em miúdos, o homem é um ser que conhece e luta para alcançar o objeto conhecido, que pode escolher e sabe que está escolhendo, num caminho ascendente e transcendente. O homem é um ser tão claro, tão estudado, tão manifesto, e, ao mesmo tempo, tão sombrio, tão oculto, tão misterioso. Estas relações um tanto paradoxais são interessantes porque, por mais que se investigue sobre o homem, sempre tem algo a ser descoberto. O homem é um ser mutável que está em constante construção!

            A produção cultural se dá nessa relação entre o homem e a natureza, isto é, a cultura é ação do homem que cria, inventa, e, para tanto, ele se utiliza da natureza ou inspira-se nela. Diria mais, a cultura é um transbordamento do homem, que, inquieto, manifesta suas alegrias e tristezas na dança, na pintura, no artesanato... Que amando ou odiando cria versos melódicos, poemas, músicas... Que pensando sistematicamente ou em devaneios inesperados escreve, projeta, arquiteta, formula... Que sendo homem, não se contenta em apenas sê-lo, mas quer se perpetuar pelos feitos heroicos e inéditos.

            A cultura é tão veemente que marca a vida de um povo, de uma região, como uma característica que torna esse povo tão peculiar, tão singular. É uma marca bela que embeleza a cotidianidade e os costumes dum povo. Neste sentido, a cultura é do homem, é objeto dele. Quando a cultura é um transbordamento do homem, gera-se uma harmonia entre a diversidade cultural. Neste sentido, a diversidade cultural demonstra o quanto o homem é rico em sua criatividade e em seu modo de ver o mundo que o cerca. Essa diversidade nunca será conflituosa, por dois motivos: pelo respeito ao próprio homem e pelo reconhecimento da capacidade criadora de outrem.

            Quando, porém, uma cultura se sobrepõe a outra, o homem, mesmo que não perceba, passa a ser objeto. Nesse conflito não é levado em conta a pessoa, mas o desenvolvimento de capacidades de um grupo cultural. Eis porque existe tanto preconceito contra a cultura nordestina, reduzindo-a a uma imagem deturpada e vazia. Eis porque a cultura norte-americana ou europeia se impõe como parâmetro determinante dos modos como as outras culturas, tidas como inferiores, devem se portar. Nessas relações, o homem não é levado em conta, ele é da cultura, é objeto dela. Em outras palavras, quando o homem torna-se objeto da cultura, cria-se uma hierarquia cultural sem sentido, gerando o desrespeito.

            É inaceitável tal postura! Será que é correto aceitar que o baião, a figura do vaqueiro, o chapéu de couro, os festejos de São João e São Pedro com suas quadrilhas, e outras tantas formas de manifestação cultural do nordeste sejam tidas como desconsideráveis ou inferiores? Não! Devemos valorizar nossa cultura, nosso jeito de ser nordestino, com o sotaque arrastado e outras tantas características, sem querer importar outras culturas à nossa somente por sem consideradas melhores. A beleza da cultura está na sua diversidade. Não há necessidade de rótulos de melhores ou piores, evoluídas ou não, pois toda construção cultural não é o resultados de competições de produção, mas o resultado da beleza de ser homem, de poder criar e ser capaz de se expressar de modo todo peculiar.

            Portanto, depois de tudo isso, cabe a pergunta: a cultura é do homem ou o homem é da cultura? Por mais que o homem sofra influências culturais, a cultura deve ser sempre um objeto do homem, pois se ele se torna objeto dela, haverá desigualdades, preconceitos e desrespeitos. Se homem se torna uma coisa, não será levado em consideração e sua dignidade não será respeitada. Somos convidados a respeitar a diversidade cultural! Quer seja nordestino ou não, brasileiro ou não, amemos nossa cultura e valorizemos as demais, construindo a unidade na diversidade e a harmonia na pluralidade.

 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

FESTANÇA EM MATA GRANDE - Zezinho de Laura


 
 
 
 
 

FESTANÇA EM MATA GRANDE-AL

 I

 SÃO JOÃO LA NA MATA

 TEM MUITA FESTANÇA

 FOGUETES E ROJÕES

 A TERRA BALANÇA

 II

 BATATA E PÉ DE MOLEQUE

 TEM FORRÓ E ARRASTA PÉ

 TEM PIPOCA E MILHO VERDE

 TEM BOMBINHA E BUSCA PÉ

 III

 TAMBÉM NÃO PODE FALTAR

 O CASAMENTO CAIPIRA

 A CANJICA E A PAMONHA

 E A FAMOSA QUADRILHA

 IV

 MILHO COZIDO E MILHO ASSADO

 BATATA VERMELHA E BRANCA

 MUITA CACHAÇA E QUENTÃO

 MULHER DE QUEBRAR A BANCA

 V

 DANÇA ANTONIO COM A FÁTIMA

 JOAQUIM DANÇA COM ANDRÉA

 JOÃO SE AGARRA COM MARIA

 O GERMANO COM A ICLE A

 VI

 SEU ZÉ MARQUES NO FOLE

 NO TRIANGULO O ABDIAS

 NO PANDEIRO O BENEDITO

 NO ZABUMBA O ZÉ MARIA

 VII

 SÃO DIAS DE MUITAS FESTAS

 SEJA SÃO PEDRO OU SÃO JOÃO

 O POVO AGRADECE A DEUS

 PELA FARTURA DE MILHO E FEIJÃO

VIII

 NÃO IMPORTA SE É ANTONIO

 SÃO JOÃO OU SÃO PEDRO

 TODO MUNDO SÓ QUER

 BRINCAR NO FOLGUEDO

 Zezinho de Laura.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Mata Grande: na visão de um matagrandense - Joelder Pinheiro







Mata Grande: na visão de um matagrandense
 
Por Seminarista Joelder Pinheiro Correia de Oliveira
 
            A beleza de um lugar está muito além do que se pode ver, está tão distante dos sentidos preconceituosos quanto do juízo de quem não conhece sua história, sua cultura, seu povo. Muitas vezes, as pessoas julgam os lugares sem conhecê-los. “Tu és de onde?” – alguém pergunta. “Sou de Mata Grande” – respondo. “‘Vixe’, onde fica isso?... É no fim do mundo...”. No fim do mundo está quem se fecha em sua pobreza cultural, geográfica e histórica.
Se o sertão é o “fim do mundo”, no fim do mundo tem um grande tesouro. Tesouro que fica entre serras, guardado pelo esverdeado das campinas, coberto pelo manto azul do céu, e refrigerado por um clima agradabilíssimo que torna o dia ameno. O sertão é rico, rico pelo seu povo forte e viril, pela sua gente simples e acolhedora, capaz de sofrer sem perder a esperança, de chorar sem perder a fé. E neste sertão está Mata Grande, com seu povo e sua história, sua riqueza.
            Oh Mata Grande, como não amar tuas serras verdes e férteis? Como esquecer as águas cristalinas que jorram de tuas fontes? Como não sentir o acaloramento com que teus filhos acolhem os visitantes? Como esquecer a torre da Matriz que pode ser vista em todas as partes da cidade, como que lembrando o tempo todo que aquele povo tem fé? Como não se sentir fervoroso e contagiado pelas festas de dezembro, em honra a Nossa Senhora da Conceição, tua padroeira? Como não se rejubilar pelos vultos ilustríssimos que enaltecem a tua história e a história das terras alagoanas? Como não relembrar tua história mais que centenária?
            É verdade que muita coisa já mudou, muitos prédios antigos foram destruídos, outros estão se ruindo pelo descaso, como a antiga cadeia pública; muitas figuras ilustres que marcaram o tempo com sua existência já faleceram; outros costumes foram trocados pela tecnologia da modernidade. Mas uma coisa não pode ser mudada, esta nunca será modificada, porque nem a borracha do tempo é capaz de apagar: a tua história.
            Uma coisa é certa: quem conhece Mata Grande e toma de sua água – como se diz por lá – sempre quer retornar às suas terras!