Hoje um dia comum, uma sexta feira, com um sol maravilhoso, o verde dos coqueirais e o mar azul turquesa que
causa imensa alegria a qualquer vivente que os presencie, todavia, após a caminhada
matinal pela belíssima orla da Capital, lembrei da reportagem de Nelson da
Rabeca no Globo Rural, as lágrimas escaparam dos meus olhos pois me veio à
mente outro ser humano, bastante parecido com seu Nelson, tanto em sua
simplicidade, humildade no falar, no entanto ,um tocador anônimo, que nunca foi
reconhecido em nossas comunas, falo de seu Manoel Cassimiro, este, contudo, não
fabricava rabecas.
Residia no Mandacaru e lembrei
que, em alguns carnavais ele acompanhava o bloco do URSO PRETO, do saudoso
Joaquim de Belo e do BACALHAU de João Cajú, saindo daquele bairro e percorrendo
toda a cidade tocando marchinhas e frevos em sua rabeca.
Eventualmente, quando o
visitava, pedia para que ele tocasse algumas músicas e ele executava com
perfeição músicas do inesquecível Rei do Baião (Luiz Gonzaga) e de outros
artistas do cancioneiro popular, principalmente dos mais antigos.
Lembro também, que certa noite
de São João em plena quinta feira, Seu Manoel Cassimiro e o maior seresteiro
que Mata Grande já teve, “Temista” (Temístócles Veríssimo Guimarães) foram comemorar na Serra
do Sabonete e somente retornaram ao alvorecer do sábado. Temista, cantando, com
sua inconfundível voz e seu Mané Cassimiro na rabeca, até hoje não esqueci
alguns versos da música cantada que visava amortecer a raiva da esposa pelas
noites passadas fora, cujos versos eram mais ou menos assim:
MEU DEUS QUE HORAS SÃO ESSAS,
AMOR
NÃO OUÇO O GALO CANTAR
SÓ PEÇO A DEUS QUE ME BOTE,
AMOR
AONDE ANA ROSA ESTÁ.
AS ONDAS DO MAR SAGRADO, AMOR
NÃO QUEIRAM ME CONSUMIR
SÓ AGRADEÇO A DEUS, AMOR
FICAR JUNTINHO A TÍ.
As estrofes seguintes
não consegui lembrar. Segundo Icléa, a rabeca de seu Manoel Cassimiro foi doada
a uma de suas netas que, se a memória não falha, residia no Distrito de Santa Cruz do Deserto,
município de Mata Grande - AL.
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