domingo, 30 de agosto de 2020

PALITO - INVENTÁRIO DE MATA GRANDE - Ubireval Alencar

 "PALITO" - INVENTÁRIO DE MATA GRANDE

Ah Bonsucesso e portal de entrada para os que chegavam desde o século passado a Mata Grande.
Caminhões, ônibus precários mas utilíssimos, vinham com toda poeira das estradas de piçarra pedregosa.
Quando não, via placa de Guilé, se achegavam pela ladeira do Cumbre, passando pelos riachos que serpenteavam a bela propriedade do fazendeiro António Cândido. Com uma singularidade: ostentava um dente de ouro. Sua propriedade é um remanso de gado, carneiros, guinés, que mais embelezavam as lindas moças em formação. Se em tempo invernoso, campos e pastagens naquele verdor admirável.
Lá, do Bonsucesso, um simples mas não rude homem, de inteligência e memória privilegiadas, acordava atento a quem chegava de fora. Em portas de bares, em volta da escadaria da Prefeitura, no turbilhão da feira de sábado alastrando-se até o antigo Açougue, PALITO circulava, com anotação das retinas, apossando-se do Inventário da Cidade, pessoas, fatos e acontecimentos de toda ordem.
"PALITO" na verdade é o fenomenal Luís Pereira da Silva, hoje com 96 anos de muita lucidez e finesse. Casado com d. Benedita Nunes, pais de Manuel e Geraldo Pereira Nunes.
No seu testamento familiar se incluem uma nora escritora, Marcia Machado Nunes (filha do conhecido porque muito simpático MOCINHO da Rua Nova), e belo neto nas sendas eclesiais - sacerdote recém ordenado, Pe. Márcio Manoel, hoje fazendo Doutorado na Universidade Gregoriana Romana, em Roma.
"PALITO" até hoje desce com seu guarda-chuva e Chapéu Centenário. Pára na fonte João Lalau onde potes e ancoretas se entulham, ouvindo nascimentos ou mortes nas serras, diatribes políticas daqui, dali, margeia o Grupo Demócrito Gracindo e hoje também o Colégio Estadual.
O Posto de Ze Maria é sua segunda parada. Lá tem notícia da briga na Boa Sombra, e que o Cônego Aloysio Martins não mais está entre os vivos.
Chega à Loja do Merinho, onde o assunto é quem foi nomeado pra Prefeitura, quem ficou sem cargo esperado.
Antes da Loja de Luís Brandão, havia um Bar improvisado do Ismar Malta. Não era um Bar ipsis litteris , mas uma agremiação em que se juntavam fofoqueiros e pabulistas de toda ordem. Só não metiam a língua nas coisas da Igreja, mas a piada rodava solta sobre tudo e sobre todos. Imperdível para os bons da pinga e da cerveja.
Moças pudicas apressavam o passo ali na frente.
E chega ao Bar de Noca. Aí germina o celeiro dos inveterados Ze de Bené, pai de Creuza de Ze Maria, Temístocles, Virgílio Alencar, Dr Luís Luna Torres, POPÓ, Levi, Ze de Doro e mais um cem números em rotatividade.
Que Grêmio Literário e político girava nas falas, alguns discursos, raras impreciosidades morais. E o melhor deles: com qualquer dos forasteiros que ali circulasse, eles dividiam seu caldo de Cultura, irmanados. Negro era "neguinho" mesmo, branco era "doce de leite". E ninguem se sentia ofendido ou menosprezado como essa pandemia de hoje de preconceitos e melindres bobos.
Esse passeio com a gente de Mata Grande foi o Flash deste ilustre, vivo e altaneiro "PALITO". Seu bigode à moda mexicana encobre a timidez natural. Mas os olhos são computadores de última geração - Testamento e Inventário de Mata Grande.


quinta-feira, 27 de agosto de 2020

O SILÊNCIO DE DONA YOLANDA - Ubireval Alencar




O SILÊNCIO DE DONA YOLANDA.
(Uma homenagem póstuma a Ismar Malta)
Eram os idos de 1960. Vicejava na Mata Grande aquela safra de belos homens e lindas mulheres.
Sr. Rodrigues, comerciante vizinho à Prefeitura e a Pompilio Gomes, até idade maior se mantinha com elegância na Loja de fazendas, decorada com bonitas gaiolas de passarinhos. Era seu ritual diário, sagrado, devoção que depois teve continuidade com as filhas Esmeralda, Izanete , Icleia.

Que safra boa de mulheres lindas. D. Iza já tinha sido levada por Luís Gaia.

Dos homens de seu Rodrigues, ISMAR sobressaia-se tal como um Brad Pitt da época. Bonito por natureza e espalhafatoso. Era sua natureza mexer, troçar com tudo que avistasse.

Só acompanhei o início da mudança - um homem apaixonado por uma das belas de seu Euclides, o então COLETOR de tributos da época. Lá da Rua de cima.
A moça linda e recatada de seu Euclides, Yolanda, cedera aos galanteios do estriônico Ismar.

Eu rumei para internato e universidades e não mais tive conhecimento do desenrolar das famílias.
Ficou na memória uma espécie de claustro em que se metera a moça encantadora. Comentava-se que o ciúme de Ismar não permitiria que Yolanda ficasse à soleira da porta. Vida de apaixonados interioranos.

Tiveram seis filhos, mais de uma dezena de netos, e agora a saudade volta a habitar o coração da Mulher, um dia ENCANTADA pela vida.

ISMAR rumou para a eternidade. D. YOLANDA contabilizará nos filhos e netos sua dignidade de esposa, mãe e em perpétuo recolhimento, assim como o fizera em dias de juventude de grande beleza.









quarta-feira, 26 de agosto de 2020

O MELHOR CONSELHO DE UM PAI

 

O MELHOR CONSELHO DE UM PAI 

 

Um jovem recém casado estava sentado num sofá num dia quente e úmido, bebericando chá gelado durante uma visita à casa do seu pai.

Enquanto conversavam sobre a vida, o casamento, as responsabilidades, as obrigações e deveres da pessoa adulta, o pai remexia pensativamente os cubos de gelo no seu copo, quando lançou um olhar claro e sóbrio para o seu filho e disse:

Nunca se esqueça de seus amigos!

Serão mais importantes na medida em que você envelhecer. Independentemente do quanto você ame sua família, os filhos que porventura venham a ter, você sempre precisará de amigos.

Lembre-se de, ocasionalmente, ir a lugares com eles; divirta-se na companhia deles; telefone de vez em quando...


Que estranho conselho - pensou o jovem. Acabo de ingressar no mundo dos casados. Sou adulto. Com certeza minha esposa e minha família serão tudo o que necessito para dar sentido à minha vida!

Contudo, ele seguiu o conselho de seu pai. Manteve contato com seus amigos e sempre procurava fazer novas amizades. 


À medida em que os anos se passavam, ele foi compreendendo que seu pai sabia do que falava. 
À medida em que o tempo e a natureza realizavam suas mudanças e mistérios sobre o homem, os amigos sempre foram baluartes em sua  vida.

Passados mais de 50 anos, eis o que o jovem aprendeu:


   O Tempo passa.
   A vida acontece.
   A distância separa...
   As crianças crescem.
   Os empregos vão e veem.
   O amor se transforma em afeto.
   As pessoas não fazem o que deveriam fazer.
   O coração para sem avisar.
   Os pais morrem.
   Os colegas esquecem os favores.
   As carreiras terminam. 

Mas os verdadeiros amigos estão lá, não importa quanto tempo nem quantos quilômetros tenham afastado vocês.

Um AMIGO nunca está mais distante do que o alcance de uma necessidade, torcendo por você, intervindo em seu favor e esperando você de braços abertos, abençoando sua vida!


Quando iniciamos esta aventura chamada VIDA, não sabemos das incríveis alegrias e tristezas que experimentaremos à frente, nem temos boa noção do quanto precisamos uns dos outros...
Mas, ao chegarmos ao fim da vida, já sabemos muito bem o quanto cada um foi importante para nós!


Remeta este texto a todos os amigos que ajudam a dar sentido à sua vida...

 

NOTA DO BLOG: Desconheço o autor.

 

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

SEU ANTERO - Márcia Machado

 Seu Antero

Uma das muitas figuras que povoaram a minha infância, foi a de um ferreiro chamado Antero que residia na Rua Nova.

De cor clara, estatura mediana e físico robusto, tinha uma expressão indefinida. 

Era um mestre ferreiro de muita habilidade, sempre que descobria que Papai estava na sua oficina, em busca de alguma peça para o carro, dava um jeito de ir lhe fazer companhia.


A oficina para mim era um espaço mágico.

Lá eu tinha a chance de ver o crepitar vermelho das labaredas de fogo, alimentadas pelo vento que saia do fole de forja, que vez ou outra, após muita insistência me deixavam manusear. 

Observava como o ferro podia ser transformado.

O ferro que depois de ser colocado no fogo adquiria uma tonalidade incandescente e tornava-se maleável permitindo que fosse moldado pelo martelo e pela bigorna.

Tempos depois fiquei a lamentar a grande dor de seu Antero pela perda do filho que ao brincar pelas áreas verdes da região  enganado pela vegetação aquática que cobria um açude afundou e foi encontrado sem vida.

Márcia Maria Machado Nunes

Maceió, 19 de agosto de 2020.

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domingo, 9 de agosto de 2020

DIA DOS PAIS DE 2020 - Germano

 


Desde o dia 17 de março deste ano eu e minha querida esposa, resolvemos ficar em quarentena rural aqui em Mata Grande, devido a pandemia provocada pelo COVID-19.

Hoje  em pleno dia dos pais, pensava que ia passar em branco, devido os filhos  residirem em cidades diferentes. Qual não foi a minha surpresa quando no dia sete (sexta-feira) chegaram os dois filhos  e um neto que residem em Alagoas para antecipar a comemoração do dia dos pais.

Almoçamos juntos, conversamos e passamos um dia muito feliz. Felicidade que se estende por  todo o dia de hoje, pois ganhei até presentes e declarações  de reconhecimento pelo desenrolar dos acontecimentos ao longo da vida. Vale registrar o lauto almoço preparado por Icléa com muito amor e dedicação, pois a comidinha da Mamãe não tem comparação, sempre tem algo diferenciado, pois até o neto Luís Enrico pediu um prato específico: Filé ao molho madeira e com uma farofa especial que somente as avós sabem preparar. Palavras dele.

Estou feliz hoje e agradeço ao nosso bom Deus, a Nossa Senhora da Penha, minha padroeira aqui na Fazenda Água Azul e também a Nossa Senhora da Conceição, padroeira da nossa cidade.

Todos os anos sempre estamos reunidos. Este ano sentimos falta da  filha que reside distante e por motivos de  árduo trabalho não pode vir para Alagoas, todavia, a declaração enviada por mensagem  fez descer lágrimas dos olhos de alegria e contentamento.

O dia dos pais, tem a sua tradição secular. Pelos levantamentos que fiz,  tem mais de quatro mil anos, quando um filho do Rei Nabucodonosor o homenageou, todavia, segundo Frei Edrian, “ foi em 19 de junho de 1909, na  cidade de Spokane nos Estados Unidos, que Sonora Louis quis homenagear seu pai. Após a morte da esposa, esse pai mobilizou as pessoas da  cidade para no ano seguinte homenagear todos  pais e de lá se alastrou para outras cidades. Em 1966 o Presidente Richard  Nixon declarou o terceiro domingo de junho como a data oficial”.

Em nosso País a comemoração começou no  dia 16 de agosto de 1953,  movido pelo publicitário Sylvio Bhering,  visando tanto a área social como também a comercial. Nos anos seguintes a comemoração foi deslocada para o segundo domingo do mês de agosto e permanece até hoje. Outras Nações comemoram em dias diferentes do calendário.














quarta-feira, 5 de agosto de 2020

A VIAGEM É TÃO CURTA


 

Uma jovem estava sentada num transporte público. Uma senhora mal humorada e velha veio e sentou-se ao lado dela, batendo-lhe com os seus sacos numerosos. A pessoa sentada do outro lado ficou chateada e perguntou a moça porque ela não falou e disse algo.

A moça respondeu com um sorriso: -

Não é necessário ser grosseiro ou discutir sobre algo tão insignificante, a jornada junto é tão curta, desço na próxima parada.

A resposta, merece ser inscrita em letras douradas no nosso comportamento diário e em toda a parte:

NÃO É NECESSÁRIO DISCUTIR SOBRE ALGO TÃO INSIGNIFICANTE, NOSSA JORNADA JUNTO É TÃO CURTA.

Se cada um de nós pudesse perceber que a nossa passagem para cá tem uma duração tão curta; por quê escurece-la com brigas, argumentos fúteis, não perdoando aos outros, pela ingratidão e atitudes ruins?! Isso seria um desperdício de tempo e energia.

Alguém quebrou seu coração? Fique calmo, a viagem é tão curta . . . Alguém traiu, intimidou, enganou ou humilhou você? fique calmo, perdoe, a viagem é tão curta . . .

Qualquer sofrimento que alguém nos provoque, vamos lembrar que a nossa jornada junto é tão curta.

Portanto, sejamos cheios de gratidão e doçura. A doçura é uma virtude nunca comparada ao caráter mau ou covardia, mas melhor comparada a grandeza.  Nossa jornada junto aqui é muito curta e não pode ser revertida... 

Ninguém sabe a duração de sua jornada. Ninguém sabe que terá que descer na próxima parada.

Vamos, portanto, acalentar e manter os amigos e familiares, vamos, portanto, ser calmos e respeitosos, gentis, gratos e perdoar uns aos outros. Se eu te magoei e maltratei, peço perdão. Mas lembre-se: a viagem aqui é tão curta!

NOTA: Desconheço o autor.

 

 

 

 


DEFEITOS - Alcides

Não nos preocupemos com os defeitos alheios, pois eles não nos acrescentarão nada. Além do mais estaremos exercitando uma atitude negativa que só nos trará aborrecimentos.

 

Ora, os defeitos dos outros não nos dizem respeito, só interessando a eles mesmos e, por isso, eles é que devem corrigi-los. E lembremos que nós também temos nossos defeitos, cometemos erros e sofremos com isso, e temos que nos corrigir também.

 

Entendamos que só Deus é perfeito, e que perante Ele, somos os únicos responsáveis pelas falhas, erros e imperfeições. Mas não nos desesperemos por isso. Tudo tem conserto quando sentimos vontade e persistência pra mudar.

 

Por isso, quando percebermos que alguém está em dificuldade ou no erro, procuremos ajudar, orientando com amor e sem qualquer crítica. Somos seres humanos e, como tal, somos falíveis.

 

Portanto, nos lembremos de que, é um ato de grande sabedoria, nos calarmos ante o erro do nosso próximo, enchendo o nosso coração e o dele de muito amor e compreensão.