O OLHAR DA
POSTERIDADE
PASCHOAL SAVASTANO -
ADVOGADO
Os seres humanos possuem uma natural preocupação com os
reflexos de suas ações e de seus trabalhos perante a realidade do futuro.
Produzimos, construímos e amamos voltados, em parte, para as indagações do julgamento
da posteridade; num testemunho acerca
da trajetória de nossa presença e
apaixonada atuação.
Também se revela certo, que a maioria das pessoas zela pelo
exemplo que proporciona aos filhos, à família, aos contemporâneos e à sociedade. Daí, a
importância da crítica construtiva e das palavras que incentivam o
desempenho das atividades humanas, nos diversos campos.
O consagrado escritor maranhense e ex-presidente da Academia
Brasileira de Letras, Josué Montello, em seus famosos “Diários”, abordou o tema
das expectativas dos escritores com a repercussão de seus livros no futuro.
Lembrou, a afirmativa de um romancista de limitado público de leitores: “
escrevo para a posteridade “.
Adiantou então
Montello , um juízo de valor, no
sentido de advertir que o púbico de amanhã, talvez tenha outra ordem de interesses e preferências. Sendo difícil
uma exata comparação ou nível de superioridade.
Raros seriam os escritores que sòmente no futuro encontram interesses,
reconhecimentos e aplausos. Cada geração tem um despertar próprio, envolvido de
angústias e aspirações, cabendo ao escritor ser intérprete desses valores e
circunstâncias, com a consciência que escreve para seu tempo.
A obra do renomado escritor parisiense Julien Benda não
mereceu, nenhum comentário, após a sua
morte. Quando ainda em vida, deixou registrado que dispensaria qualquer artigo
necrológico. Pois, durante a sua existência se tornou objeto de ódio de quase
todos os críticos.
Sua atitude fora excessiva. A controvérsia, a polêmica, fazem parte da vida de todo escritor. Como assinala
Montello, representa um sinal de que
suscitou o debate, a melhor forma de permanecer presente.
O escritor morto não mais incomoda a ninguém. Como dizem os
mestres – “ afogam-no em pétalas de rosa, tanto na imprensa quanto no caixão. “
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