segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

O BOI BERRADOR - Germano



Quando a hoje cidade do Inhapi, era povoado e pertencia ao município de Mata Grande, contava-se que no Sítio Melancia foram eliminados três cangaceiros de Lampião e, devido à pressa, foram sepultados em cova rasa. Os cachorros e urubus, então, se aproveitaram do valioso achado e um dos cangaceiros teve, por conseguinte, os seus ossos arrastados a céu aberto, onde permaneceram por longo tempo, já que, naquela época, a caatinga sertaneja, tórrida , sem habitantes e sem  estradas, era frequentada somente pelos vaqueiros, cangaceiros e alguns fazendeiros  que se habilitavam a ultrapassar as suas poucas trilhas.

Somente os urubus, quando em suas revoadas e tentando a busca da desintoxicação com o ar puro das alturas, eram quem chamavam a atenção dos vaqueiros que pensavam logo, algum animal do nosso rebanho teve ter morrido e partiam para identificar qual era a rês.

Foi numa dessas buscas que um grande fazendeiro apanhou o osso de um fêmur humano, serrou, colocando uma parte no ferro de marcar o gado. Daí originou-se a história do boi preto, que berrava em pleno meio dia nos mais distantes rincões daquela áspera região.

Certo dia, um vaqueiro, montado em uma burra (mula), de grande porte, foi atormentado pela aparição misteriosa, que urrava muito e o seguiu por alguns  quilômetros até a chegada em uma casa. O homem ficou assombrado e procurou ajuda. Com rezas, preces e orações diversas, descobriram através de velhos e sábios rezadores, que caso tirassem o osso que servia de cabo para o ferro de marcar, o boi preto desapareceria, uma vez que o cangaceiro alcançaria a sua acomodação no além. O que o perturbava era o berro dos bovinos, quando marcados a ferro quente. Pedido atendido, a região ficou tranquila até os dias atuais.


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