Sempre tenho um imenso
prazer de escrever sobre pessoas que nasceram ou habitaram em Mata Grande
e fizeram parte da sua história. No ORKUT mantive um tópico sobre os
vultos históricos matagrandenses e, sempre que possível e assim desejarem
os familiares, informando dados biográficos, manteremos também neste blog. O
Dr. Antonio Roberto Brandão Barbosa, primo da minha esposa, atualmente,
residindo em Barreiras – BA., pediu para escrever algo sobre o Padre Manoel
Firmino, tendo em vista que a sua mãe falava muito nele.
A minha mãe Luiza Villar de
Mendonça, mantinha uma fotografia do Padre em um quadro e também contava
histórias interessantes sobre o Padre uma delas era do casal de
cachorros que criava, chamados de VOSMICÊ, para o macho e SUA PRIMA para a
cadela. Certo dia chegou um matuto chamado Zé Vicente na casa do Padre que
sempre estava lotada de pessoas e perguntou como era o nome daquele cão tão
bonito.
O Padre então respondeu:
VOSMICÊ, então todos caíram em gargalhadas e o matuto ficou desconfiado e acanhado.
Após alguns minutos eis que passa
pela sala a cadela e o Zé Vicente perguntou: Padre, esta é a mãe de
VOSMICÊ?
Imagine como uma pergunta tão
inocente provocou uma gargalhada generalizada.
Ainda sobre o padre leiam
o que escreveu o escritor Djalma Mendonça:
“O Padre Manoel Firmino
Pinheiro, vigário da freguesia de Nossa Senhora da Mata Grande, era também
prestigioso chefe político democrata e tinha sido vigário de Viçosa e deputado
à Câmara Legislativa Estadual em 18.
Sua residência era uma espécie
de jardim zoológico. Além de grande número de animais domésticos, criava
também, macacos, gatos mateiros, guaribas, raposas e até gambás. “Orgulhava-se
de ser possuidor do melhor e mais belo casal de cães da região. ”
Eis alguns tópicos poéticos que
o Padre gostava:
“Na freguesia sou padre,
Sou Chefe Municipal
Em tudo sou principal
Gosto da sociedade
Sou amante da vaidade
Quero que meu nome cresça
Para que o povo obedeça
Sou protetor de assassino
Me chamo Manoel Firmino.
Nos panos sou forte homem.
Na pena faço figura
Na farda sou bom soldado
Na justiça magistrado
Nas armas faço bravura
Gosto também da fartura
Ando garboso e faceiro
Sou galo do meu terreiro
Isto herdei do meu avô
Morro, mato, apanho e dou
Nas armas sou cangaceiro”.
Pelo que contavam os mais
antigos, o Padre, politicamente, era contra a família Malta em Mata Grande e devido as
constantes desavenças políticas teve que sair às pressas da cidade. O Coronel Zé
Malta, seu desafeto, não lhe deu tréguas. O Padre, por sua vez, ao sair, jogou uma praga
na família dizendo que os descendentes até a quinta geração haveriam de viver
brigando entre si e que Mata Grande ainda seria coberta de melão.
Nas últimas seis décadas,
realmente, a clã dos Maltas se desentende pelo poder e somente voltam
a se unir quando é para tomar o poder municipal das mãos de um que não pertença a
famosa família que administra a cidade com certo patrimonialismo desde o século
passado.
O Padre, segundo me contou
Antonio (O espirituoso paraibano Caíca, de Santana dos Garrotes) tinha o
sangue da política correndo em suas veias. É tanto que quando saiu às pressas
de Mata Grande foi parar em Misericórdia- PB. Chegando lá, não demorou a
ingressar na política e tomou o controle da cidade. Os seus adversários se
uniram e recuperaram a Prefeitura e baixaram uma Lei mudando o nome da cidade
para Itaporanga.
Quem chamasse o nome de Misericórdia (nome muito usado
pelo catolicismo), levava uma surra da polícia.
Contava Caíca que, " um certo dia um matuto foi se confessar com
o Padre Manoel Firmino e por ter muitos pecados, o Padre mandou que rezasse, ali mesmo no
confessionário, uma Ave-maria, um Pai Nosso e uma Salve Rainha. O matuto não se
fez de rogado, todavia, na hora da Salve Rainha disse: SALVE RAINHA, MÃE
DE ITAPORANGA...
Pela poesia do Padre acima
inserida, dá para entender bem, como era a sua maneira de agir e que marcou a época em que foi vigário em Mata Grande, não tenha a menor dúvida.
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