sábado, 11 de fevereiro de 2017

O PADRE MANOEL FIRMINO - Germano





Sempre tenho um imenso prazer de escrever sobre pessoas que nasceram ou habitaram em Mata Grande e fizeram parte da sua história.  No ORKUT mantive um tópico sobre os vultos históricos matagrandenses e, sempre que possível e assim desejarem os familiares, informando dados biográficos, manteremos também neste blog. O Dr. Antonio Roberto Brandão Barbosa, primo da minha esposa, atualmente, residindo em Barreiras – BA., pediu para escrever algo sobre o Padre Manoel Firmino, tendo em vista que a sua mãe falava muito nele.

A minha mãe Luiza Villar de Mendonça, mantinha uma fotografia do Padre em um quadro e também contava histórias interessantes sobre o Padre   uma delas era do casal de cachorros que criava, chamados de VOSMICÊ, para o macho e SUA PRIMA para a cadela. Certo dia chegou um matuto chamado Zé Vicente na casa do Padre que sempre estava lotada de pessoas e perguntou como era o nome daquele cão tão bonito.
O Padre então respondeu:  VOSMICÊ, então todos caíram em gargalhadas e o matuto ficou desconfiado e acanhado.
Após alguns minutos eis que passa pela sala a cadela e o Zé Vicente perguntou:  Padre, esta é a mãe de VOSMICÊ?
Imagine como uma pergunta tão inocente provocou uma gargalhada generalizada.

Ainda sobre o padre leiam o que   escreveu o escritor Djalma Mendonça:

“O Padre Manoel Firmino Pinheiro, vigário da freguesia de Nossa Senhora da Mata Grande, era também prestigioso chefe político democrata e tinha sido vigário de Viçosa e deputado à Câmara Legislativa Estadual em 18.

Sua residência era uma espécie de jardim zoológico. Além de grande número de animais domésticos, criava também, macacos, gatos mateiros, guaribas, raposas e até gambás. “Orgulhava-se de ser possuidor do melhor e mais belo casal de cães da região. ”

Eis alguns tópicos poéticos que o Padre gostava:

“Na freguesia sou padre,
Sou Chefe Municipal
Em tudo sou principal
Gosto da sociedade
Sou amante da vaidade
Quero que meu nome cresça
Para que o povo obedeça
Sou protetor de assassino
Me chamo Manoel Firmino.

Nos panos sou forte homem.
Na pena faço figura
Na farda sou bom soldado
Na justiça magistrado
Nas armas faço bravura
Gosto também da fartura
Ando garboso e faceiro
Sou galo do meu terreiro
Isto herdei do meu avô
Morro, mato, apanho e dou
Nas armas sou cangaceiro”.

Pelo que contavam os mais antigos, o Padre, politicamente, era contra a família Malta em Mata Grande e devido as constantes desavenças políticas teve que sair às pressas da cidade. O Coronel Zé Malta, seu desafeto, não lhe deu tréguas. O Padre, por sua vez, ao sair, jogou uma praga na família dizendo que os descendentes até a quinta geração haveriam de viver brigando entre si e que Mata Grande ainda seria coberta de melão.

Nas últimas seis décadas, realmente, a clã dos Maltas se desentende pelo poder e somente  voltam a se unir quando é para tomar o poder municipal das mãos de um que não pertença a famosa família que administra a cidade com certo  patrimonialismo desde o século passado.

O Padre, segundo me contou Antonio (O espirituoso paraibano Caíca, de Santana dos Garrotes) tinha o sangue da política correndo em suas veias. É tanto que quando saiu às pressas de Mata Grande foi parar em Misericórdia- PB. Chegando lá, não demorou a ingressar na política e tomou o controle da cidade. Os seus adversários se uniram e recuperaram a Prefeitura e baixaram uma Lei mudando o nome da cidade para Itaporanga.
Quem chamasse o nome de Misericórdia (nome muito usado pelo catolicismo), levava uma surra da polícia.

Contava Caíca que, " um certo dia um matuto foi se confessar com o Padre Manoel Firmino e por ter muitos pecados, o Padre mandou que rezasse, ali mesmo no confessionário, uma Ave-maria, um Pai Nosso e uma Salve Rainha. O matuto não se fez de rogado, todavia, na hora da Salve Rainha disse:  SALVE RAINHA, MÃE DE ITAPORANGA...

Pela poesia do Padre acima inserida, dá para entender bem, como era a sua maneira de agir e que marcou a época em que foi vigário em  Mata Grande, não tenha a menor dúvida.



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