terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O BAR DE NOCA - Ubieral Alencar







BAR DE NOCA. Era o "point" da cidade a partir da década de 1960, e se estenderia mais décadas como o grande refúgio dos comerciantes locais, ora na rodada de cerveja, ora nas sucessivas lapadas "serra grande, pitu". Não bastava o horário comercial. À noite se dava o ponto de encontro para jogos de gamão, truco, buraco. Ambiente privado de homens.  

Várias gerações atravessaram noites, desde Zé de Bené, o ainda não prefeito Sinval Malta, Virgílio farmacêutico, Gentil sr. Oldrado, e sucessivamente Luís dentista, Zé Brandão, Temístocles, seresteiro diuturno, Agnelo BOBINHA, Palito, Bem te vi.

Alguns migravam alternados para o salão de jogos do Seu Vieira, em seguida o Bar de  Dinó. A dinâmica era preservada conforme as estações de estio e chuvas. Mas era aos sábados, dia de feira de mantimentos e carnes que surgia o variado movimento de visitantes das redondezas.

No bar de Noca se achegavam o Fazendeiro-pecuarista   Antonio Candido, mais que renomado pecuarista chamava a atenção  a linha geracional de filhos,  rapazes simpáticos  e bem vestidos e as lindas moças que atraíam os citadinos. A fazendeira Condinha abrilhantava com a reluzente exposição de joias e diamantes, lábios escarlates e de uma formosura ímpar.

E a um e outro Noca os atendia, sempre prestimoso, sorriso fácil e de aprimorado comportamento. Ouvia de tudo, participava no que lhe era pertinente, e silenciava quando os cochichos prenunciavam ciladas, conchavos de futuros assassinatos... durou décadas ali na condição impoluta, reverenciado por todos em sua imparcialidade. A cachacinha que serviu ao assassino foi a mesma que abrandou as dores dos cornos de um eventual sofredor. Bar eclético e suscetível aos novos e velhos frequentadores. 

Noca caminhava as mesmas calçadas no trajeto diário de ida e vinda para casa. Que sorriso amigo e os olhos acompanhavam a verdade emanada. Avermelha-se como camarão com a troça explosiva. Deixou linda geração: Zelândia médica, o engenheiro Wellington, o empresário  Astriel, a linda Noelia, Noêmia, Willy, o delegado Waldor e  o mais boêmio  Zé Neném. 

Hoje os filhos, profissionais, empreendedores e profissionais liberais concretizam o trabalho profícuo germinado na sementeira da cidade de Mata Grande. 
D.Guiomar celebra junto com o esposo essas realizações.


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