domingo, 26 de fevereiro de 2017

CARNAVAL, ZÉ PEREIRA E O TEMPO - Walter Medeiros



Carnaval, Zé Pereira e o Tempo

Uma tradição humana de 2.600 anos. Assim talvez possamos chamar o Carnaval, esta festa que a cada instante vai se adaptando às culturas e aos tempos. Dizem estudiosos que certamente teve origem na Grécia, ambientada e amparada por uma divindade, o Deus Momo. Ele era o Deus do riso. "Quanto riso, oh quanta alegria!". E o Carnaval permeou por pelo Egito, por Roma, por todos os continentes e tempos. 

Para nós, brasileiros, vem o registro do Zé Pereira. "Viva Zé Pereira!". Português animado, que ganhou a imortalidade com o sábado de Carnaval dedicado a ele. O sábado é do Zé Pereira. E foi num desses sábados, há mais de trinta anos, que o vi passar seu bloco, de forma inesquecível, pelas ruas do Alecrim. Um bumbo; apenas um bumbo, nada mais, e uma multidão pulando cidade adentro, formando uma imagem eterna para a memória de todos que tiveram o privilégio de o ver.

Mas para a minha memória o Carnaval começou antes, lá nos anos 50 do século passado, quando morava em Mata Grande, alto sertão de Alagoas, e não tinha idade nem tamanho para ir às festas carnavalescas, mas já podia ficar meio assombrado com as danças ameaçadoras dos papangus. Era o tempo de "Felinto, Pedro Salgado, Guilherme, Fenelon..." e "O bloco da vitória está na rua / Desde que o dia raiou.".

Com meus sete anos de idade, queria crescer para vestir uma roupa daquelas e sair de papangu, com um chicote na mão. Nem imaginava como o Carnaval é amplo e o que seria possível viver com ele, através dos anos. Em cada canto assimilava uma beleza carnavalesca, como a Jardineira, tão "Mais bonita que a camélia que morreu".

Nenhum comentário:

Postar um comentário