NÃO ERA UM LAR
Não era um lar. Era um
depósito de esquecidos.
O meu nome é Joaquim. Tenho 84
anos.
Depois de a minha esposa
morrer, a solidão foi ficando cada vez mais pesada.
Os meus filhos diziam que eu
não devia viver sozinho.
Um dia, trouxeram-me para um
lar.
Disseram que era para o meu
bem.
Eu fiquei calado. Eles foram
embora.
Fiquei à espera de visitas.
Uma semana. Um mês. Dois.
Lá dentro, conheci outros como
eu:
ex-professores,
ex-enfermeiros, ex-pais, ex-mães.
Gente com nome, mas sem
ninguém a dizer esse nome.
Um senhor chamado João dizia
todos os dias:
“A minha filha vem no domingo.”
Mas os domingos passavam. E
ela nunca veio.
Percebi então que aquele lugar
não era um lar.
Era um depósito silencioso de
gente que deu tudo.
E agora... apenas espera.
Hoje, passo os dias a escrever
cartas que nunca envio.
E a ouvir passos no corredor,
imaginando que são para mim.
Não estou triste.
Mas também já não vivo como
alguém que se sente lembrado.
E se estás a ler isto…
lembra-te de que o tempo que não dás hoje, é o arrependimento que te espera
amanhã.
Milhares de idosos estão
vivos. Mas socialmente invisíveis.
Não é preciso gritos, nem
escândalos.
Basta o silêncio, e ele já diz
tudo.
Se tens pais, avós ou vizinhos
mais velhos, não esperes datas especiais para aparecer.
Liga. Visita. Escuta.
Porque quem um dia te segurou
com força, não merece ser deixado cair no esquecimento.
TEXTO Anônimo.
NOTA DO BLOG:
Copiado do Facebook.
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