Médico supera doença
degenerativa e se torna referência em atendimento
A distrofia muscular, uma
doença degenerativa, não foi obstáculo para José Alberes Silva exercer a
medicina. Ele driblou as dificuldades e se tornou uma referência no atendimento
dos pacientes no Centro de Saúde nº 1 de Sobradinho
A palavra limite não se aplica
à vida de José Alberes Silva, 53 anos. O alagoano de Canapi exerce a medicina
com primor. Sabe humanizar na hora de lidar com os cerca de 40 pacientes que
atende diariamente no Centro de Saúde n; 1 de Sobradinho. Durante a consulta, o
nordestino, radicado brasiliense, segue uma espécie de ritual: conversa, olha
firme nos olhos, escuta com paciência, dá conselhos, além daqueles que se
referem à saúde. Prefere deixar de lado o jaleco branco, porque, segundo ele, o
uniforme é um obstáculo na relação entre médico e os que são consultados.
Quem conhece Alberes assegura:
Ele não é qualquer doutor. A explicação está somada à forma como ele trata os
pacientes ; na doença que poderia impedí-lo de seguir em frente. O clínico
geral convive, desde a infância, com a distrofia muscular. Trata-se de uma
doença generativa e progressiva (leia Para saber mais) responsável por reduzir
os movimentos dos membros de Alberes.
Doutor Alberes acorda cedo. Às
5:30, já está em pé. Movimenta-se com a ajuda de um andador ou de uma cadeira
de rodas. Segue sozinho para o trabalho, dirigindo um carro adaptado. Ao
estacionar no centro de saúde, liga para o seu fiel escudeiro, uma espécie de
Sancho Pança do médico. Do outro lado da linha, o vigilante Aurélio Barreira
Cirqueira, 43 anos, atende a ligação. Aurélio já está a postos para ajudar ao
amigo e dá uma força na hora de tirá-lo do veículo. Segura a maleta do alagoano
que guarda estetoscópio, carimbos, receituários e outros itens.
-Ele é um exemplo de pessoa e
de médico;, afirma Aurélio. ;Eu sinto um amor forte por ele. Ele é muito real
quando fala. Fala verdades, eu vejo nos olhos dele, mas de uma forma que não
dói, acrescentou Aurélio.
Pelos corredores da unidade de
saúde, todos sabem que a agenda de Alberes é uma das mais disputadas. Desde que
foi transferido para o local, há cerca de 13 anos, ele atende pacientes acima
do limite. E não recusa atendimento.
-Quando um médico não pode
clinicar, doutor Alberes chama a pessoa no consultório; conta o vigilante.
Colega de trabalho do médico, a enfermeira Auxiliadora Nantua, 56 anos, conhece
a forma como o alagoano clinica desde que ele se fixou em Brasília, em 1992,
ano em que ele fazia residência no Hospital Regional de Sobradinho.
-Ele cresceu como profissional
e pessoa. Usa da ética e faz um trabalho de qualidade, com credibilidade e
brilhantismo. É respeitado tanto pelos colegas quanto pelos usuários. Mesmo com
os problemas de saúde, ele não se limita, revelou Auxiliadora.
Os pacientes que preferem se
consultar com Alberes sabem da doença do médico, mas não o tratam diferente. A
aposentada Francisca Ferreira Barbosa, 70 anos, perdeu as contas do tempo que
conhece o trabalho do servidor público. Ontem, ela precisou da ajuda do clínico
geral. Dessa vez, a moradora da Fercal não esteve lá para a consulta. Precisava
de um documento que a autorizasse fazer uma cirurgia de catarata. Ele é um anjo
para mim, um amor de pessoa. Recebe a gente direitinho. Não é abusado e gosta
de conversar sobre a vida, disse Francisca.
A dona de casa Isabel Pacheco
de Souza, 77 anos, é mais uma fiel paciente do doutor Alberes. Dos conselhos
dados pelo médico, ela guarda um em especial: Ele sempre fala para eu fazer
atividades para não ficar com depressão.
NOTA DO BLOG:
O Dr. Alberes é filho do comerciante
Benício Silva, que tinha loja
de tecidos
em Mata Grande.
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