sexta-feira, 21 de abril de 2017

TIRADENTES - Ubireval Alencar




TIRADENTES  -  COMEMORAÇÃO DE UM FERIADO NACIONAL  - Ubireval Alencar

LEMA DOS INCONFIDENTES: "LIBERTAS QUAE SERA TAMEN" (A LIBERDADE, AINDA QUE TARDIA)


A data de 21 de Abril é solene pela representatividade cívica. Hasteamento de BANDEIRAS, grandes galas cívicas (desfiles escolares e militares), mas há um peito represado pelo amor à Pátria. Um sentimento nacional de verdadeiras condolências, no momento atual do nosso país. 

JOAQUIM JOSÉ DA SILVA XAVIER ( o TIRADENTES). Seu codinome foi dado em razão de sua atividade principal, dentista. Mas era também um comerciante e exercia funções militares. Dentre os articuladores do plano de Independência Nacional, Tiradentes não era o mais influente. Havia ilustres homens, poetas mineiros, como Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzada, e grandes ativistas em busca dos ideais de liberdade e também ferrenhos contestadores dos abusos da Coroa Portuguesa.

Tiradentes foi usado como principal "bode expiatório" e o enforcaram em Minas. Em seguida seu corpo é trasladado para o Rio de Janeiro e aí tem  seu corpo esquartejado e exposto em diferentes pontos da cidade, como referência-símbolo das reprimendas autoritárias de época. Mais que uma recriminação, a  exposição de partes cadavéricas era a expressa Nota Pública para qualquer um outro que intentasse revolta velada ou explícita, ou vislumbrasse a disseminação dos ideias libertários. 

Dois séculos e meio e nos indagamos: o que foi feito desse espírito revolucionário e dos ideais de liberdade? O mesmo OURO que outrora nos era subtraído e recambiado para Portugal, hoje ele é o OURO-PETRÓLEO, nascente e riqueza potencial guardada no profundo dos nossos oceanos. Assim como dantes o fizeram, empresários brasileiros, gerados nessa terra, o subtraem e entregam de mãos beijadas a estrangeiros e continuados exploradores das nossas riquezas.

Valiosas quantias, incontáveis dólares que poderiam ser bem aplicados em excelência da instituição médico-hospitalar. Doentes nas enxergas públicas, vergonhoso corredor de amontoados humanos como se fossem mendigos da ordem pública instituída. E foi dado um grito de liberdade no final do século dezoito (1792).

Cada criança ou adulto hoje e a toda hora atingido por balas assassinas não é fruto da sangria dos cofres públicos, agora mais que deficitários no aparelhamento da ordem e da segurança pública? Viaturas e boxes de policiamento em precário estado de conservação, e a ascendência e aparelhamento dos profissionais do crime organizado, dando um banho de inveja na quantidade e qualidade de armamentos frente aos do Poder Público. Total inversão de valores e de sentimento nacional justo, humano. Enterra-se um militar cravejado de balas por um bandido como quem se planta um pé de maconha na horda do crime.

 Os desníveis de escolaridade e instrução no país não é o continuado esquartejamento de Tiradentes? No Estado do Maranhão, donde é oriundo e filho notável José Sarney, ex-Senador, ex-Governador do Estado, ex-Presidente do País, e membro atual da Academia Brasileira de Letras, teve a ousadia de transformar um prédio histórico em São Luís de "Museu José Sarney", vivíssimo. Sobrou-lhe a visão com excesso de narcisismo, mas faltou-lhe o senso crítico diante da vergonhosa estrutura educacional do Estado. Os filhos da terra, seus irmãos e coirmãos ainda caminham léguas a pé para estudarem em taperas gotejantes. Para mitigarem a sede no caminho, eles se utilizam, como caneco, da generosidade de uma folha de mangueira e buscam um riacho do acaso.

"Ordem e Progresso"! Um mastro alegórico da farsa positivista idealizada. A BANDEIRA como símbolo de uma nação é tripudiada. Dá-se um formato de plena civilização e no seu anverso a verdade real das injustiças alicerçadas, as negações de gestão e aprimoramento da vida cívica e econômico-social. Decai o sentimento pátrio, o elã e euforia pertinentes a um povo, uma nação.

Mas somos brasileiros e corresponsáveis pela busca da liberdade que nos chegará ainda que tarde. O que se pode nesse momento concluir é que, em cada criança morta em porta de hospital, em cada agonizante idoso arquejando em autênticos cemitérios dos desvalidos públicos, em cada militar cuja vida foi ceifada por uma emboscada bandida, e em cada registro de analfabetismo em tantos dos rincões da nossa imensidão geográfica, dá-se, vive-se, realiza-se o novo esquartejamento de Tiradentes.




domingo, 16 de abril de 2017

SÁBADO SANTO, DIA DA MALHAÇÃO DO "J U D A S " - Ubireval Alencar










SÁBADO SANTO, DIA DA MALHAÇÃO DO "J U D A S "  
                                                                                                                                       Ubireval Alencar

Ele era comentado em família e esperado de véspera. J U D A S, o traidor. Descoberto e definido na noite da Última Ceia. Jesus o identificara e conhecia das suas maquinações. Estava na índole de Judas tornar-se servil às manipulações do dinheiro.

Desde aquela época, a tal propina vinha sendo o artifício dos caracteres que negociam a própria alma em troca de benefícios financeiros. Trinta moedas de prata como oferta pela DELAÇÃO DE JESUS e sua identificação ante a tropa do Procurador Pôncio Pilatos.

Roma pouco se importava com a presença de profetas, que de tempos em tempos se insurgiam nos movimentos sociais religiosos. Toda Judeia estava sob domínio do Império Romano. O detalhe tem como agravante ser a casta sacerdotal de Judeus os principais interessados na exclusão da presença de Jesus. Milagres e episódios inéditos praticados pelo Grande Rabino da Galileia destoavam da mesmice e pasmaceira que a turma de Anás, Caifás e demais sacerdotes farisaicos conviviam. 

Na infância de Mata Grande não se compreendia toda liturgia e cerimoniais celebrados pela Igreja católica. Mas uma convicção nos asseguravam os adultos: a manhã do sábado santo se destinava à malhação do Judas. Em pontos diferentes, nas ruas de Baixo, da Cruz e de Cima haveria fantoches humanos revestidos de molambos, presos aos postes de energia, como símbolos públicos da condenação do apóstolo e traidor.

As crianças sobretudo já se imbuíam dessa tarefa na manhã do sábado: munidos de paus, cabos de vassouras, era nosso dever despedaçar a pauladas o homem que teria sido a causa imediata da futura condenação de Jesus. E o cuspíamos e depredávamos em fúria real. Alguns eram incinerados ainda inteiros.

Esse JUDAS nos dias de hoje se repetem travestidos de tantas outras facetas da TRAIÇÃO. Ora é o companheiro(a) traindo um ao outro, ora é o aparente amigo fingindo-se de parceiro de diálogos, mas como ave de rapina colhendo em tons verdes o que ele próprio irá divulgar como maduros, na disseminação da calúnia e difamação do inocente amigo. Aves de rapina. Excelência da modernidade. Num futuro breve colherão dentro da própria descendência o lodo da personalidade vil.

Esses são os tempos modernos, e a cada dia quase que somos obrigados a malhar um Judas dos nossos arredores, do nosso convívio... e que tão bem camuflados se imiscuem sutilmente num papo de net watsApp, ora FACE, quando não o fazem com o acinte do sorriso de traição.

Ontem e hoje, há sempre um Judas a ser expurgado e  distanciando-o do nosso convívio. Porque na manhã de DOMINGO DE PÁSCOA temos um túmulo vazio. ELE ressurgiu dos mortos (= sepulcro e falsidade) dos que não mereceram nossa eleição. E é nessa crença que nos firmamos, sobreviventes modernos da nossa ressurreição

sábado, 15 de abril de 2017

HONESTIDADE - Germano



Maceió - Al. 15 de abril de 2017.

O que diz  Augusto Miranda? “É um substantivo feminino. Qualidade daquele ou daquilo que é honesto; honradez; probidade; decência; decoro; compostura”.

Mário Sergio Cortella, publicou a seguinte nota:

O escritor carioca Millôr Fernandes (1923-2012), que não canso de citar no interessante livro TODO HOMEM É MINHA CAÇA, de 1981, dizia que “tem gente que se acha honesta só porque não sabia da mamata”. Millôr trouxe à tona que a honestidade não pode ser fingida.  A honestidade não pode ser cínica, de modo que alguém, apenas porque não sabia da existência de uma situação da qual pudesse participar e se beneficiar, se considere honesto. Honestidade não é o que se coloca apenas no campo público, mas é a autenticidade, a pessoa que é capaz de ter uma conduta com ela mesma e com as outras pessoas que não seja marcada pelo oportunismo, pela capacidade de usar a mera circunstância, aproveitar-se daquilo que não deveria fazer”.

Particularmente, acho que os princípios de honestidade são aprendidos em casa, com a educação familiar, a escola por sua vez, ensina, cabendo aos professores dissertar também, sobre a ética e a seriedade. Isto fará com que àqueles que resolverem no futuro ingressar na política tenham noção do que é probo.

Recentemente, li a história de um pai que foi a uma diversão dominical com os dois filhos e perguntou ao porteiro quanto era a entrada. Este respondeu: até os sete anos não paga e de sete a doze R$ 40,00, os adultos R$ 60,00. O pai comprou o ingresso para ele e o de sete anos. Ao entrar o porteiro disse: Porque comprou o ingresso para o de sete anos, não iria perceber a diferença da idade. O pai respondeu: Mas o meu filho iria perceber que eu menti para me beneficiar...

Lá pelos idos de 1986, quando gerenciava a Agência do BNB em Santana do Ipanema, li uma frase do Millôr Fernandes na revista VEJA, que dizia:  A HONESTIDADE DO BRASILEIRO É FALTA DE OPORTUNIDADE”, sinceramente, pelos princípios que aprendi em casa e também dentro da organização que trabalhava, fiquei boquiaberto e passei a me perguntar: Caso fosse eleito para o cargo de prefeito, teria coragem de desviar dinheiro para custear minhas despesas com combustível, alimentação, pagamento de servidores etc., e não é que a minha cabeça balançou positivamente. Fiquei estarrecido. Talvez por isto, hoje, depois de aposentado, veja com certa normalidade o que assisto na TV e nos noticiários jornalísticos. Vale frisar que, se aposentar em nosso País é um castigo e isto causa certa revolta. 

Será que o comportamento  dos nossos políticos mudou a capacidade honesta do pensar dos brasileiros? Será que chegando a oportunidade o cidadão comum passe a adotar um comportamento indecente?

Acima está escrito: “A honestidade não pode ser fingida. A honestidade não pode ser cínica” , então, vamos continuar mantendo a esperança que os próximos dias  tomem rumos aceitáveis pela sociedade brasileira.