Luiza Villar de Mendonça, este é o nome de registro da minha mãe que
nasceu no dia 10.10.10 e faleceu no dia 21.04.2000. Mamãe nasceu no Sítio
Buenos Aires, exatamente a 113 anos, onde conviveu a sua mocidade e devido
a queima do Vapor de Algodão do seu tio José Florentino Villar,
vulgarmente conhecido como Zeca Beiêr (veja matéria no dia19/05/2011 com o
título AS IGREJAS DE MATA GRANDE Igreja
do Sítio Buenos Ayres) teve que ir morar na cidade.
Ainda muito jovem, moça muito bonita
com feições brejeiras, logo despertou o interesse e
casou com o meu pai Balbino Alves Bezerra e juntos tiveram treze filhos dos
quais somente sete permanecem vivos; pela ordem de nascimento: Faustino,
Guilherme, Hildebrando, Germano, Helena, Valderez e Valdeci.
Após 22 anos de plena felicidade houve a separação de fato do casal e
mamãe passou a ser a nossa única
orientadora. À custa de muitos sacrifícios e ajuda dos seus irmãos, e também do meu pai, conseguiu educar
a todos.
Não possuía si quer o primário, todavia, tinha uma experiência de vida, invejável a qualquer cidadão. Dava-nos aulas, ensinamentos de bom
viver, educação de bom comportamento,
tanto em casa como na escola e também para a boa convivência com a sociedade
matagrandense . Estes ensinamentos ainda hoje servem para a nossa cidadania, os quais procuramos transmitir aos nossos descendentes.
À guisa de informação, vou
relatar um caso:
Guilherme desde 1954 foi estudar
em Satuba, depois em Barbacena-MG.,
e de lá foi para São Paulo, somente reaparecendo em 1967 quando casei.
Rapaz fidalgo, educado, já com os
costumes paulistanos, conversando
com Mamãe acendeu um cigarro. Prontamente, ela deixou de conversar.
Percebendo, ele perguntou:
- É por causa do cigarro? Ela então respondeu que sim, e acrescentou:
“Se Deus tivesse criado o homem
para fumar, tinha feito ele com
uma chaminé na cabeça”
O meu irmão jogou o cigarro fora e nunca mais acendeu um cigarro na
vista dela.
Esta e outras histórias nos serviam de lição e aprendizado de vida e
assim todos começaram a vida profissional, trabalhando com esmero e dedicação o que a deixava
bastante orgulhosa em ter conseguido um dos seus principais objetivos, dar
também educação escolar.
Não costumava tomar remédios e tampouco refrigerantes, tinha uma saúde
invejável. Todas as manhãs tomava um banho com água fria, não se importava se fosse na época
invernosa, quando os termômetros em Mata Grande
costumam beirar os doze graus.
Ao completar 80 anos me disse : -
Meu filho, a ladeira dos oitenta é muito
pesada e justamente antes de completar os noventa faleceu, deixando uma enorme lacuna.
Mamãe costumava dizer que nunca encontrou um vizinho
ruim e para comprovar leia o que escreveu o poeta e escritor Walter Medeiros, quando soube da sua partida para
junto de Deus. Ele deixou Mata Grande
por volta de 1962, retornando para Natal-Rn., local onde se formou e ainda hoje
reside.
DONA LUIZINHA (Walter Medeiros)
Se eu voltar a Mata
Grande,
Não verei Dona Luizinha;
Disseram que ela
morreu.
Dona Luizinha, a vizinha.
Mais amiga e amável
Que esta vida nos
deu.
Eu ainda a vi,
velhinha,
Lembrando os belos
tempos
Em que eu era vizinho
seu.
Não por mim, por
minha mãe,
A sua grande amiga,
Que também está com
Deus.
Ela lembrava dos dias
Que a cidade começou
E que à noite era um
breu.
Em meio às pedras da
serra
Onde a cidade se
encerra
Onde achou água e
bebeu.
Depois, um dia,
fazia,
Aquele pão com
manteiga
Que a gente nunca
esqueceu.
Se eu voltar a Mata
Grande,
Não verei Dona
Luizinha,
Nem pra lhe dizer
adeus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário