Lembranças em versos
--- Walter Medeiros
Uma cidade, uma vida, um livro. É a reflexão que faço da viagem
que fizemos agora em julho, por uma parte do nordeste, e que teve um momento
mais marcante que as belezas das praias de Aracaju, Maceió, Recife, João Pessoa
e Natal. Um momento no Teatro Deodoro, belo monumento da cultura alagoana, onde
encontramos, de surpresa, amigos de infância e da vida toda. Amigos que nos
envolvem em versos, em prosa, em recordações, saudade. Saudade do tempo em que moramos tão longe, no alto sertão de
Alagoas.
A tarde caía em Maceió, quando Graça e eu fomos chegando ao
Foyer do teatro, mais belamente chamado de Café da Linda. Junto à porta que dá
para a praça, duas mulheres sentadas, que recebem nossos cumprimentos. E
esboçam curiosidade. Queriam saber se eu era de Mata Grande. Então disse que
morei lá, vizinho a Germano. Foi o suficiente para uma delas apresentar-se como
irmã do ex-vizinho. Era Helena Mendonça. Aquela mesma mulher magra que há muitas
décadas brincava, passeava e estudava com a minha irmã Clemilda. Vieram, então,
todas as recordações possíveis, inclusive do cheiro de pão assado com manteiga.
O pão que chegava quentinho da padaria de Seu Balbino, pai de Helena, Valdeci,
Valderez, Germano e Hidelbrando.
Pelo outro lado chegou a vizinha do outro lado, Márcia. A neta
de seu Zé Lúcio, professora, lutadora, o maior motivo para estarmos ali. Era o
lançamento do seu livro de poemas “Lembranças, apenas...”. Belo livro, que
autografou carinhosamente para nós, para Wellington, Clemilda e todos os que
compareceram ao belo evento. Uma noite de muitas emoções, marcada por
reencontros, histórias, amizades, lembranças, quantas lembranças, das coisas de
Mata Grande! A cidade que resolveu dar a mim o título de Cidadão Honorário, em
2012, em outra noite alagoana de muita felicidade.
O livro de Márcia faz a gente viajar a cada canto de Mata
Grande, sentir cada emoção dos tipos matagrandenses, passar por tantas épocas
que fizeram a bela cidade que hoje tem muita coisa marcante, inclusive o ponto
mais alto de Alagoas. Ela transmite muitas emoções fortes, ao transformar em
versos aquele dia a dia da feira, dos carros de boi, dos sítios, das serras,
dos amigos, dos parentes, da saudade. Versos dedicados ao seu marido, Manuca, a
seus filhos e netos. E aos seus pais e avós, que tanto abrilhantam aquelas
páginas. Versos que nos trazem tão forte nostalgia, como aqueles do poema
“Agendas antigas...”, falando sobre telefones de “Amigos antigos ausentes,
dividiram o espaço / Com as agências de viagens, as farmácias...” _/ “Apenas
nomes deixados pelo tempo”.
Belo livro. Belos poemas. Belas lembranças. Nova saudade,
Márcia!
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