ERA
ASSIM NO NORDESTE – Ubiratan Mendes
"Foi
no dia 25 de Maio de 1925. Lampião e Sua Cabroeira Invadem e Toma de Assalto o
Palacete da Senhora Joana de Siqueira Torres. Viúva do Barão Acú-Torres: Dona
Joana Conhecida Como a Baronesa de Água Branca (Alagoas)...
Como ainda não dispunha de recursos que pudessem sustentar seu
pessoal, Lampião mandou pedir certa quantia em dinheiro à Dona Joana Vieira de
Siqueira Torres, baronesa de Água Branca, para a compra de provisões. Feita a
colaboração, ela jamais seria incomodada novamente, nem por ele nem por
qualquer um outro do cangaço; teria mandado dizer-lhe.
A Senhora de Água Branca – município ao qual pertencia a Vila de
Piranhas – entretanto, não atendeu ao seu pedido e, pior: mandou um recado
desaforado pelo mesmo portador endereçado àquele que tentou extorquir de suas
posses: “Diga a seu chefe que o dinheiro que tenho é para compra de munição com
a qual pretendo arrancar-lhe a cabeça”. Depois, para se prevenir, pediu ao
Governo da Província que mandasse reforçar a guarda de seu território com uma
força policial mais equipada de homens e armas.
Ao ouvir do mensageiro o recado da Baronesa, Lampião virou-se
numa fera bravia, com vontade de esganar. E logo quis dar o troco: mandou
comprar algumas redes e as preparou segundo os costumes locais de carregar
mortos, onde um madeiro é colocado de um punho a outro, sendo carregado nos
ombros por dois homens robustos. Preparou tudo com esmerado cuidado, seus
homens vestindo-se como pessoas comuns do lugar, com roupas simples e chapéu de
palha, descalços, ou arrastando sandálias leco-leco. Fuzis, punhais e
cartucheiras eram carregados no lugar onde deviam estar os mortos, enrolados em
panos untados com groselha para aparentar sangue, dentro das ditas redes.
Dirigiram-se esses à porta da delegacia de polícia e, aos
berros, um dos cabras, disfarçado, gritou para o soldado de plantão: “acuda,
praça! Mande gente lá para as bandas do povoado da Várzea, que a cabroeira de
Lampião está acabando com tudo ali; mataram estes daqui e ainda há mais gente
morta aos montes. Ande depressa, homem de Deus!” O despreparado soldado chamou
imediatamente o corneteiro, que tocou reunir. Foi o momento propício para a
execução do plano de Lampião: as armas foram retirados das redes e empunhadas
contra o pelotão policial, que já estava perfilado, pronto para sair à procura
dos bandidos.
Aí, enquanto a polícia era rendida, outra parte do grupo já
havia entrado na cidade e agia no saque à casa da Baronesa. Irreverente,
Lampião foi até ela e, fitando-a com severidade, soltou o vozeirão: - Então,
Senhora Baronesa, vai arrancar-me a cabeça agora? Venha, vamos dá um volta pela
cidade para que vosmecê e todos daqui saibam qui cum o capitão Virgulino não se
brinca nem se manda recado desaforado”. E fez a respeitável senhora, dona de
notório prestígio público, segurar seu braço e andar assim com ele desfilando
pela cidade. – (este foi o primeiro de um sem-número de assaltos cometidos pelo
bando de Lampião. Aconteceu em 28/06/1922, poucos dias depois que tinha
assumido o comando do grupo de Sinhô Pereira, jovem ainda, aos 25 anos de
idade)."
NOTA: Texto e foto copiado do Facebook.
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