O BAR DE NOCA
- Germano
Há poucos dias
passeando em Mata Grande lembrei do Bar de Noca, NOÊMIO DE MELO LOU, seu
verdadeiro nome, então a saudade daquele grande amigo me fez relembrar algumas
coisas que a vida nos ensina. Noca, tinha uma paciência incomparável com os
seus fregueses e foi o pioneiro na
implantação de uma sorveteria em Mata Grande.
Se a memória não
está falhando lá pelos idos anos de 1954, o picolé era a sensação do momento,
todos compravam picolés. Um cidadão da zona rural, em um dia de feira, vendo a
tudo, comprou seis picolés, embrulhou e levou para os filhos. Ao chegar a
fazenda, muito alegre chamou a mulher e os filhos para provarem a novidade da
cidade. Quando abriu o alforje que ainda estava atrelado a sela do cavalo e
somente viu os palitos, passou a maior decepção, sem, contudo, deixar de chamar
muitos impropérios com o dono do bar.
Lembro também que a
água gelada era vendida e eu fui um dos que comprei um copo por CR$ 2,00 (dois
cruzeiros). O tempo passou e certa vez chegando a Mata Grande em uma noite de
inverno, a água da caixa d’água estava muito
gelada, resolvi ir ao Bar de Noca e tomar uma dose de uísque. Ele tinha
na prateleira somente uma garrafa de Drurys, recusei, ele então me perguntou:
você conhece de uísque? Com a resposta
afirmativa ele disse: tenho aqui um aberto, mas é para consumo próprio. Vou lhe
dar uma dose. Aceitei e como era grátis tomei mais de três, pois o bate papo
foi para lá de bom naquela fria noite. Quando fui sair, agradeci e ele então,
buscou outro litro me chamou e disse: leve este litro para tomar em casa. Me
presenteou com um litro de uísque VAT 69
ainda intacto. Valeu o frio que passei!
O Bar de Noca foi
palco de incontáveis desavenças, tinha um freguês certo aos domingos, o Dr.
Eraldo Malta Brandão, que era Deputado Estadual e também gostava de tomar
uísque. Cheguei algumas vezes a tomar uns tragos com ele, boa pessoa e nos
dávamos muito bem.
Do Bar de Noca
ficou a saudade e do amigo Noca a saudosa memória. No local hoje, funciona o
Super Mercado Mandu.
Após aposentados
lutamos juntos em favor do Sindicato dos Produtores Rurais de Mata Grande e em
uma certa tarde eis que recebo a visita de Noca que foi levar duas mudas de NIM
para que plantasse. Toda vez que passo pelas árvores lembro do meu estimado
amigo. Que Deus o tenha no Paraíso Celestial!
Boa lembrança, Germano! Lembro-me bem de seu Noca. Um homem de bem, de bom trato, educado, atencioso. (Etevaldo)
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