O ar de Mata Grande – Walter Medeiros
Mata Grande no meu tempo teve coisas que ninguém esquecerá jamais. Ouvia-se no ar “Alguém me disse”, “Quero beijar-te as mãos” e todas as outras faixas do LP de Anísio Silva, seguidas daquelas outras músicas na voz de Carlos Gonzaga – “Diana” e “Oh! Carol”, Luís Gonzaga com “Forró no escuro” e as previsões de “Marcianita (branca ou negra)” de que “nos anos setenta felizes seremos os dois”.
Enquanto isto, na rua passava Zé Praxedes com aquela escada grande para completar a instalação da energia de Paulo Afonso. Foi naquele tempo que meu pai recebeu um rádio vindo de São Paulo. Nele escutávamos os jogos da Copa do Mundo e a apreensão sobre o açude de Orós, que estava para romper a qualquer momento.
As notícias chegavam como que molhadas pela chuva e debaixo daquele frio que fazia pularem os cururus no meio da rua. A mesma rua por onde vinha aquela mulher com um balaio de imbu na cabeça e a gente comprava um caldeirão inteiro para chupar.
Mais de trinta anos depois voltei à cidade. Graça - minha mulher, Clemilda, minha irmã e dois dos meus filhos – Firmino Neto e Waltinho. Cada passo era uma emoção, em cada esquina matava uma saudade, em cada rosto via os dias da infância. Inclusive no rosto de Dona Josefina, com quem nos encontramos, embora rapidamente; Dona Luizinha, Valderez e Germano.
Aquela volta a Mata Grande foi como uma espécie de desincumbência. Parecia que existia no ar uma obrigação assumida em percorrer novamente aquelas ruas, andar novamente naquela feira, tocar mais uma vez nos carros-de-boi, olhar a fonte, o Almeida, a igreja.
Mata Grande no meu tempo teve coisas que ninguém esquecerá jamais. Ouvia-se no ar “Alguém me disse”, “Quero beijar-te as mãos” e todas as outras faixas do LP de Anísio Silva, seguidas daquelas outras músicas na voz de Carlos Gonzaga – “Diana” e “Oh! Carol”, Luís Gonzaga com “Forró no escuro” e as previsões de “Marcianita (branca ou negra)” de que “nos anos setenta felizes seremos os dois”.
Enquanto isto, na rua passava Zé Praxedes com aquela escada grande para completar a instalação da energia de Paulo Afonso. Foi naquele tempo que meu pai recebeu um rádio vindo de São Paulo. Nele escutávamos os jogos da Copa do Mundo e a apreensão sobre o açude de Orós, que estava para romper a qualquer momento.
As notícias chegavam como que molhadas pela chuva e debaixo daquele frio que fazia pularem os cururus no meio da rua. A mesma rua por onde vinha aquela mulher com um balaio de imbu na cabeça e a gente comprava um caldeirão inteiro para chupar.
Mais de trinta anos depois voltei à cidade. Graça - minha mulher, Clemilda, minha irmã e dois dos meus filhos – Firmino Neto e Waltinho. Cada passo era uma emoção, em cada esquina matava uma saudade, em cada rosto via os dias da infância. Inclusive no rosto de Dona Josefina, com quem nos encontramos, embora rapidamente; Dona Luizinha, Valderez e Germano.
Aquela volta a Mata Grande foi como uma espécie de desincumbência. Parecia que existia no ar uma obrigação assumida em percorrer novamente aquelas ruas, andar novamente naquela feira, tocar mais uma vez nos carros-de-boi, olhar a fonte, o Almeida, a igreja.
O tempo passou novamente. Faz tantos anos que não vejo Mata Grande. E parece que aquela vontade de voltar aumenta. Em cada mensagem que agora recebemos pela internet, em cada fato que a natureza coloca em nosso caminho. Parece que tudo leva a fazer real aquela frase de pára-choque que nosso vizinho João Leobino tinha no seu caminhão: “A saudade me fez voltar”.
(Walter Medeiros – PS – Voltei a Mata Grande em 2012, quando recebi o honroso título de Cidadão Honorário de Mata Grande, na Câmara Municipal).
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