CORREU
SANGUE EM ALAGOAS
Há 70 anos, a cidade de Mata Grande assistia a um massacre que colocou Alagoas na lista dos locais com possível intervenção federal nas eleições de outubro. Na rua Gabino Besouro (MATA GRANDE), dia 3 de outubro de 1950, uma rajada de tiros atingiu casas e matou Eustáquio Malta, seus dois filhos mais um empregado.
Um dos filhos de Eustáquio era Maria Sônia, 16 anos, que tentou socorrer o pai. E tombou, com um tiro na cabeça, ao lado dele sob a saraivada de balas que durou duas horas.
Eustáquio,
presidente do PSD, era irmão de Antonino Malta, presidente do diretório da UDN.
Nas fotos de O Cruzeiro (reproduzidas pelo blog) é possível perceber o desespero da família Malta e o luto nas ruas de Mata Grande.
Antes da tragédia, porém, o Tribunal Superior Eleitoral havia autorizado o Exército nas eleições de Mata Grande. Mas, uma semana após, as tropas não haviam chegado.
O juiz de União dos Palmares, Miguel Batista, fugiu da cidade com medo de morrer. Veio para Maceió e, em O Cruzeiro, estava escrito que não faria eleições na comarca. Batista refugiou-se em Maceió.
O senador Ismar de Góis Monteiro escapou de uma rajada de metralhadora: 11 tiros nas nádegas. No carro dele havia fotos de Arnon de Mello- pai do senador Fernando Collor. Silvestre e Arnon eram inimigos fidagais; Arnon era candidato a governador.
Era o
pedaço de uma briga histórica envolvendo três irmãos que se odiavam: general
Góis; Edgard e Silvestre Péricles.
Silvestre,
chamado de “leão de Alagoas” era o governador. Era chamado por Edgard de um
“governador demente, desonesto e assassino”; o general Góis acusava os dois
irmãos no massacre de Mata Grande.
No meio,
a matriarca dos Góis Monteiro, dona Constância (o busto dela está em frente à
igreja Nosso Senhor do Bomfim, na praça Bomfim, bairro do Poço):
– É o desgosto da minha velhice a briga de meus filhos, disse àquela edição da revista O Cruzeiro, de 21 de outubro de 1950. Ela prometia não dar aos filhos Ismar e Edgard nem sua bênção nem seu perdão. A matriarca escolheu o lado de Silvestre.
Silvestre
tentou impedir a cobertura do caso pela revista. Primeiro: suspendeu todas as
decolagens do aeroclube (o repórter Luciano Cordeiro tentou, sem sucesso, voar
para Mata Grande para cobrir os funerais); depois, mandou que o repórter saísse
do Palácio Floriano Peixoto, sem falar do massacre em Mata Grande).
Ao chegar
de carro na cidade, o repórter registrou: Mata Grande “dava a impressão de um
cemitério”, um “quadro triste: na casa onde jaziam ao quatro esquifes, o
velório estava sendo feito apenas por uma pessoa- um soldado do Exército,
representante da Nação”.
“A cidade
foi abandonada por muita gente e os demais não tinha coragem de sair às escuras
para fazer quarto a defunto nenhum”.
Nesta data fatídica é importante relembrar aos mais jovens, que o Torrão de Mata Grande, teve essa tragédia por política e o futuro da cidade depende sempre do povo, somente o povo para decidir por seus destinos.
Fica
nossas lembranças que desde menino já ouvia falar do acontecido e ficar a
imaginar como foi cruel a força do Estado.
Nossas
Orações aos falecidos e que Mata Grande tenha dias melhores, pois a máxima que
diz que cada povo só tem o governante que merece.
Por Daniel Malta
Fonte: Blog do Odilon com
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