quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

EM BUSCA DO TESOURO PERDIDO - Pe. Antônio Iraildo Alves de Brito

 

Quando nascemos nossa primeira reação foi o choro. Nem tínhamos como saber do tesouro, daquela centelha de vida contida em nosso peito.

Ao chegarmos a este mundo reagimos  ante a alteração da temperatura e a estranheza da luminosidade, que fizeram doer os olhos e o corpo todo, em contraste com a conforto antes experimentado no ventre da nossa mãe.

Existir é adaptação. Aos poucos vamos nos adaptando a temperatura aos ruídos, aos cheiros, aos movimentos, aos sabores.  

Por vezes, para driblar as dificuldades, fazemos caretas, caras e bocas e, com o tempo, aprendemos a sorrir. Que bom o riso!

Afinal, não viemos a este mundo destinados ao sofrimento. Estamos aqui para a felicidade.

Encontrar a felicidade é o tesouro escondido, o lugar do sentido. Não tem a  ver com a grandeza, e sim com a riqueza das coisas simples. O fôlego nosso de cada dia. Acordar, respirar, sentir aromas e sabores. Tocar a profundidade da alma, do ser.

O poeta Manoel de Barros soube bem dizer a vida: “Entendo bem o sotaque das águas. Dou respeito as coisas desimportantes e aos seres desimportantes. Prezo insetos  mais que aviões.  Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim um atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos”

O tesouro escondido é feito um passarinho, tão pequeno e frágil. Mas voa “de boa”, e nem precisa de motor. A pequenina ave é nossa sede de  voar até o eterno.  Ah, se apreendêssemos, com os sotaques das águas o quanto é bonita a comunhão de toda a criação! Tudo interligado e nenhum de nós foi feito para a solidão.

Ao virmos do ventre de nossa mãe chegamos a este mundo para uma nova  gestação. O tesouro escondido é a certeza de que estamos sendo gerados para Deus; e apesar de todos saciados e entraremos em plena posse do tesouro escondido.

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