Quando nascemos nossa primeira
reação foi o choro. Nem tínhamos como saber do tesouro, daquela centelha de vida
contida em nosso peito.
Ao chegarmos a este mundo reagimos ante a alteração da temperatura e a
estranheza da luminosidade, que fizeram doer os olhos e o corpo todo, em contraste
com a conforto antes experimentado no ventre da nossa mãe.
Existir é adaptação. Aos
poucos vamos nos adaptando a temperatura aos ruídos, aos cheiros, aos movimentos,
aos sabores.
Por vezes, para driblar as
dificuldades, fazemos caretas, caras e bocas e, com o tempo, aprendemos a
sorrir. Que bom o riso!
Afinal, não viemos a este
mundo destinados ao sofrimento. Estamos aqui para a felicidade.
Encontrar a felicidade é o
tesouro escondido, o lugar do sentido. Não tem a ver com a grandeza, e sim com a riqueza das
coisas simples. O fôlego nosso de cada dia. Acordar, respirar, sentir aromas e
sabores. Tocar a profundidade da alma, do ser.
O poeta Manoel de Barros soube
bem dizer a vida: “Entendo bem o sotaque das águas. Dou respeito as coisas
desimportantes e aos seres desimportantes. Prezo insetos mais que aviões. Prezo a velocidade das tartarugas mais que a
dos mísseis. Tenho em mim um atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar
de passarinhos”
O tesouro escondido é feito um
passarinho, tão pequeno e frágil. Mas voa “de boa”, e nem precisa de motor. A
pequenina ave é nossa sede de voar até o
eterno. Ah, se apreendêssemos, com os
sotaques das águas o quanto é bonita a comunhão de toda a criação! Tudo
interligado e nenhum de nós foi feito para a solidão.
Ao virmos do ventre de nossa
mãe chegamos a este mundo para uma nova
gestação. O tesouro escondido é a certeza de que estamos sendo gerados
para Deus; e apesar de todos saciados e entraremos em plena posse do tesouro
escondido.
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