AH MATA DAS SAUDADES. QUANTA
SAUDADE DAS TRAVESSURAS DE UM MUNDO ENCANTADOR.
A pequena mas aconchegante rua
de Baixo, uma travessa da grande Rua de Baixo ( Ubaldo Malta) até hoje.
Nas casas primitivas durante o
período carnavalesco aí se realizava a Festa da Criançada. Não se permitiam
bebuns maduros ou decaídos, para preservação da turma animada.
E diga-se de passagem:
usávamos LANÇA-PERFUME original, sem drogas quaisquer, cujo cheiro incendiava a
rua e casas.
Adultos, pais e familiares
ficavam vigilantes a toda batucada, com
maravilhosas marchinhas estimuladoras.
Mundo imaginário, do faz de conta, sem assaltos, roubos ou
agressões. Inexistia diferença de classe social ou econômica e o congraçamento
de raças dava mais beleza em ver jovens
louros, brancos abraçados com os que chamávamos carinhosamente de "
neguinhos". O riso e pulos eram nossa irmandade .
No período da manhã o grande
BOLERO instrumentista com seu trompete arrastava multidão indiferenciada num misto de frevo em que se metiam adultos, donos de
lojas, mulheres empregadas domésticas,
desocupados da vida...
Pasmem, algumas casas de
animadores ou carnavalescos de tradição se davam o prazer de abrir suas portas
e grande parte da " curriola" ( turma de tocadores e musicistas) se
fartava de guloseimas, bebidas, água
sobretudo, desesperados de suor e calor.
Impossível pensar tempo tão
bom, e ninguém tocava em objetos do outro.
Por trás daquelas casas onde
habitavam D. Benedita Brandão, dona de
engenho, havia o sítio da D Amélia, espécie de estuário onde maiores acorriam
para o banheiro público. Matas e touceiras também acobertavam adolescentes,
durante o dia, que se exercitavam nos primeiros gozos da masturbação, recanto
privilegiado para os mais crescidos. (Homens casados em geral sabiam das
mulheres noturnas em seus devaneios pós jogos de baralhos altas horas da
noite).
E a vida seguia, uns generosos
tentavam ajudar ZE GRILO a subir a ladeira do Alto, encharcado da pinga Serra
Grande. Notória a vida singular do Zé Grilo, encarregado principal do BOI DA
CARROÇA DO LIXO .
A turma adolescente e muitos
já casados ficavam no beco da ladeira a gritar e zonar com as quedas de Zé
Grilo: BOTA O CEPO, ZÉ GRILO !!. Interminável tarde de gozação e bagunça
por qualquer remanescente da cachaçada
da MANHÃ DE CARNAVAL.
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