PEREIRINHA - Quem não se lembra de Pereirinha. Nunca soube o seu nome verdadeiro. Chegou em Mata Grande, não sei de onde. Aqui ele viveu e morreu. Era doente mental. Sempre dizia que ia embora desse lugar, porque tinha doidos demais e citava: Socorro, Zé Doido, Vavá e tantos outros, menos ele.
Lembro que quando namorava a minha esposa, ele era o tangedor de gado do meu
sogro, Otacílio Barbosa. Certa noite, estávamos namorando na sala, ele entrou na casa e disse: Mas pai “Austacilio como é que o
senhor tem uma filha bonita, reboculosa e deixa namorar com um abjeto desses.
Esse abjeto não preusta”.
Depois tornou-se mais ameno comigo.
Quando saí de Mata Grande para trabalhar em
Sergipe ele insistiu em ir conosco levar a mudança. Ao chegar em Pão de Açúcar
ele não quis atravessar o Rio São
Francisco, alegando que se a balsa desse um "catabiu" ele poderia
cair e não sabia nadar.
Tentei deixa-lo no Hotel para que quando o caminhão voltasse, leva-lo de volta a Mata Grande. Ele caiu em prantos dizendo que um amigo nunca
deixa outro na estrada. Aí tive uma ideia. Fiz ele subir no caminhão e
agarrar-se as cordas. Se a balsa desse um solavanco ele não cairia na água, da
mesma forma da estrada, com o carro em velocidade, ele agarrado as cordas não
cairia. Ele aí perdeu o medo da travessia, subiu no caminhão e deu um show na
cidade de Gararu.
Depois eu soube que Pereirinha faleceu de uma queda.
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