quinta-feira, 20 de agosto de 2020

SEU ANTERO - Márcia Machado

 Seu Antero

Uma das muitas figuras que povoaram a minha infância, foi a de um ferreiro chamado Antero que residia na Rua Nova.

De cor clara, estatura mediana e físico robusto, tinha uma expressão indefinida. 

Era um mestre ferreiro de muita habilidade, sempre que descobria que Papai estava na sua oficina, em busca de alguma peça para o carro, dava um jeito de ir lhe fazer companhia.


A oficina para mim era um espaço mágico.

Lá eu tinha a chance de ver o crepitar vermelho das labaredas de fogo, alimentadas pelo vento que saia do fole de forja, que vez ou outra, após muita insistência me deixavam manusear. 

Observava como o ferro podia ser transformado.

O ferro que depois de ser colocado no fogo adquiria uma tonalidade incandescente e tornava-se maleável permitindo que fosse moldado pelo martelo e pela bigorna.

Tempos depois fiquei a lamentar a grande dor de seu Antero pela perda do filho que ao brincar pelas áreas verdes da região  enganado pela vegetação aquática que cobria um açude afundou e foi encontrado sem vida.

Márcia Maria Machado Nunes

Maceió, 19 de agosto de 2020.

Curtir

Comentar



Nenhum comentário:

Postar um comentário