Seu Antero
Uma das
muitas figuras que povoaram a minha infância, foi a de um ferreiro chamado
Antero que residia na Rua Nova.
De cor clara, estatura mediana e físico robusto, tinha uma expressão indefinida.
Era um
mestre ferreiro de muita habilidade, sempre que descobria que Papai estava na
sua oficina, em busca de alguma peça para o carro, dava um jeito de ir lhe
fazer companhia.
A oficina
para mim era um espaço mágico.
Lá eu tinha a chance de ver o crepitar vermelho das labaredas de fogo, alimentadas pelo vento que saia do fole de forja, que vez ou outra, após muita insistência me deixavam manusear.
Observava
como o ferro podia ser transformado.
O ferro que depois de ser colocado no fogo adquiria uma tonalidade incandescente e tornava-se maleável permitindo que fosse moldado pelo martelo e pela bigorna.
Tempos
depois fiquei a lamentar a grande dor de seu Antero pela perda do filho que ao
brincar pelas áreas verdes da região enganado
pela vegetação aquática que cobria um açude afundou e foi encontrado sem vida.
Márcia
Maria Machado Nunes
Maceió,
19 de agosto de 2020.
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