Nascido no Sítio Cafundó,
filho de Lúcio Alves Bezerra e Adelaide Bandeira de Melo, casado com Maria
Alves Machado, foram pais de duas filhas Maristela e Marinete, residiram sempre
na Rua Nova, atual 5 de Julho. O Beco de Zé Lúcio, assim era conhecido a atual
Rua Rosalina Gomes que liga a Rua Nova a Rua dos Quartéis, atualmente
denominada Afonso de Carvalho.
Posteriormente o Beco de Zé
Lúcio ficou conhecido como o Beco de Lulú que adquiriu a casa que pertencia ao
meu tio Zé Lúcio, onde foi também um grande comerciante e amigo de todos.
O meu tio foi um grande
comerciante e fazendeiro, tornando-se um dos homens mais ricos da cidade.
Costumava se sentar na calçada todas as tardes, onde os amigos se aconchegavam para as palestras rotineiras.
Vale relembrar de um
acontecido que fez história:
Existia um soldado chamado
Augusto e que era muito amigo do meu tio e do meu pai Balbino Alves Bezerra. Em
certo dia primeiro de abril, dia da mentira, o soldado levantou-se mais cedo e
foi até a padaria do meu pai, situada na Rua de Baixo, que pelo comércio que
exercia acordava ainda mais cedo, e
disse que o tio Zé Lúcio amanheceu morto, em seguida, foi até a residência do
meu tio e o acordou dizendo que seu Balbino havia falecido e estava na padaria.
Os dois irmãos se amavam muito
e partiram, quando se encontraram no meio do caminho, chorando copiosamente se
avistaram e exclamaram:
- Compadre, você está vivo?
Abraçaram-se e riram demais quando lembraram de que era o dia da mentira e
pense na raiva que tiveram do soldado Augusto que pregou a peça.
Segundo um depoimento da minha
prima Márcia Alves Machado, filha de Marinete, leia como era o tio:
"JOSE LÚCIO ALVES
BEZERRA ( Vovô Zé Lúcio ) – Márcia Machado
"Vovô tinha estatura
elevada, cabelos lisos, sobrancelhas grossas, semblante inquieto e hábitos
simples. Dormia cedo para cedo acordar firme nas decisões e alegre no bom
viver, assim era vovô Zé Lúcio. Contador de causos
reunia os amigos no final de tarde na calçada da venda e ali contava as
histórias das botijas que descobrira cheias de moedas de ouro
guardadas no cofre de sete segredos e das visagens que apareciam em
noites enluaradas, das pessoas que havia conhecido durante as viagens que
fizera por este mundo de meu Deus.
Estes causos de final de tarde
aguçavam a minha curiosidade e alimentavam as minhas fantasias infantis.
Ansiosamente, eu aguardava que os amigos se retirassem para que me fossem
mostrados os potes de moedas de ouro recuperados das botijas. De nada
adiantavam suas pacientes argumentações de que os potes de moedas de ouro
existiram apenas nos causos. Só após ver aberto o cofre dos sete segredos minha
curiosidade se amainava.
Hoje, avalio que foram essas
tardes iluminadas pela sua presença e seu prosear que me transformaram numa
leitora de livros e de gente. Nos livros busco histórias que me
transmitem a alegre curiosidade daqueles tempos idos.
Nas pessoas busco a
despretensiosa generosidade que fazia com que o Senhor, Vovô
emprestasse dinheiro aos que viajavam em busca de dias melhores ou que
compassem objetos sem serventia, apenas para ajudar alguém, ou
ainda que oferecesse pernoite e alimentação a grupos de retirantes que,
castigados pela seca caminhavam a procura de lugares sem fome. A imagem dessa
procissão de rostos desconhecidos, fatigados e silenciosos permanece nas minhas
retinas até os dias de hoje.
Quando “mãe veia” reclamava do
perigo de abrigar em casa pessoas desconhecidas, sua resposta era sempre a
mesma.
-Você não sabe o que é andar
pelo mundo sem encontrar guarida.
Ah Vovô Zé Lúcio... fosse eu
capaz de escrever sobre o que você representou na minha vida e na
de muitas outras pessoas, certamente produziria uma enciclopédia aonde
deixaria registrado em meio as histórias contadas a seu respeito, atos de
nobreza, generosidade e retidão de caráter.
Não é por acaso que até hoje,
passados mais de quarenta anos de sua partida; ainda encontro
pessoas que dão testemunhos muitas vezes com lágrimas nos olhos; da sua ajuda
generosa que ajudou a transformar suas vidas; todos os adjetivos que conheço
não são suficientes para lhe descrever e mostrar aos que não lhe
conheceram que foi você. Por isto finalizo dizendo:
VOVÓ ZÉ LÚCIO, VOCÊ FOI UM
GRANDE HOMEM, QUANDO EU CRESCER
QUERO SER IGUAL A
VOCÊ!!!!!!!!!!!!! "
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