Mata Grande (AL), 31 de janeiro de 2012.
Se estivermos atentos, podemos notar que está a aparecer uma
nova franja social: a das pessoas que andam à volta dos
sessenta anos de idade, os sexalescentes : é a geração que
rejeita a palavra "sexagenário", porque simplesmente não está
nos seus planos deixar-se envelhecer.
Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica - parecida com
a que, em meados do século XX, se deu com a consciência da
idade da adolescência,que deu identidade a uma massa de jovens
oprimidos em corpos desenvolvidos,queaté então não sabiam onde
meter-se nem como vestir-se.
Este novo grupo humano que hoje ronda os sessenta teve uma vida
razoavelmente satisfatória.
São homens e mulheres independentes que trabalham há muitos
anos e que conseguiram mudar o significado tétrico que tantos
autores deram durante décadas ao conceito de trabalho.
Que procuraram e encontraram há muito aatividade de que mais
gostavam e que com ela ganharam a vida.
Talvez seja por isso que se sintam realizados... Alguns nem
sonham em reformar-se. E os que já se reformaram gozam
plenamente cada dia sem medo do ócio ou da solidão, crescem
por dentro quer num, quer na outra. Desfrutam a
situação, porque depois de anos de trabalho, criação dos filhos,
preocupações, fracassos e sucessos, sabe bem olhar para o
mar sem pensar em mais nada, ou seguir o voo de um pássaro da
janela de um 5.º andar...
Neste universo de pessoas saudáveis, curiosas e ativas, a
mulher tem umpapel destacado. Traz décadas de experiência
de fazer a sua vontade, quando as suas mães só podiam obedecer,
e de ocupar lugares na sociedade que as suas mães nem tinham
sonhando em ocupar.
Esta mulher sexalescente sobreviveu à bebedeira de poder que
lhe deu o feminismo dos anos 60. Naqueles momentos da sua
juventude em que eram tantas as mudanças, parou e refletiu
sobre o que na realidade queria.
Algumas optaram por viver sozinhas, outras fizeram carreiras
que sempre tinham sido exclusivamente para homens, outras
ter filhos, outras não, foram jornalistas, atletas, juízas,
médicas, diplomatas... Mas cada uma fez o que quis :
reconheçamos que não foi fácil, e no entanto continuam a
fazê-lo todos os dias.
Algumas coisas podem dar-se por adquiridas.
Por exemplo, não são pessoas que estejam paradas no tempo:
a geração dos "sessenta", homens e mulheres, lida com o
computador como se o tivesse feito toda a vida. Escrevem aos
filhos que estão longe (e vêem-se), e até se esquecem do
velho telefone para contatar os amigos - mandam e-mails com as
suas notícias, idéias e vivências.
De uma maneira geral estão satisfeitos com o seu estado civil
e quando não estão, não se conformam, e procuram mudá-lo.
Raramente se desfazem em prantos sentimentais.
Ao contrário dos jovens, os sexalescentes conhecem e pesam
todos os riscos. Ninguém se põe a chorar quando perde:
apenas reflete, toma nota, e parte para outra...
Os maiores partilham a devoção pela juventude e as suas
formas superlativas, quase insolentes de beleza ; mas não
se sentem em retirada. Competem de outra forma, cultivam o
seu próprio estilo... Os homens não invejam a aparência
das jovens estrelas do desporto, ou dos que ostentam um terno
Armani, nem as mulheres sonham em ter as formas perfeitas de
uma modelo. Em vez disso, conhecem a importância de um olhar
cúmplice, de uma frase inteligente, ou de um sorriso iluminado
pela experiência.
Hoje, as pessoas na década dos sessenta, como tem sido seu
costume ao longo da sua vida, estão a estrear uma idade
que não tem nome. Antes seriam velhos, e agora já não o são.
Hoje estão de boa saúde, física e mental, recordam a juventude
mas sem nostalgias tolas, porque a juventude ela própria
também está cheia de nostalgias e de problemas.
Celebram o sol em cada manhã e sorriem para si próprios...
Talvez por alguma secreta razão que só sabem, e saberão,
os que chegam aos 60 no século XXI ...
(autor desconhecido)
Colaboração de Florisa Vieira
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