sábado, 11 de outubro de 2025

O SAFENADO – Germano

 

O SAFENADO – Germano

As fases da vida de  todos os seres humanos têm as suas variadas alterações e para se acostumar a elas, torna-se necessário, ter bastante equilíbrio mental a fim de evitar uma possível depressão.

Hoje, 11.10.25, estarei com sessenta dias de uma cirurgia coronária. Sei que o médico vai me liberar para ter uma vida normal, todavia, haja preocupações com as barreiras que, doravante,  haverei de enfrentar.

Dar conselhos aos outros é muito fácil, porém quando a coisa é pessoal, surgem as dúvidas. Como tenho a mania de aconselhar os outros, para o bem é claro, recomendo que, façam o exame Angiotomografia Computadorizada de Artérias Coronárias.

Todos são sabedores de que eu nunca senti nada no coração. Nos exames os médicos diziam: o seu coração é de menino. Todavia, após a minha filha solicitar este exame, as minhas coronárias estavam obstruídas em mais de noventa por cento e o resultado foi a cirurgia inesperada, da qual fiquei com quatro pontes de safena. Agora, safenado, tenho que agradecer a Deus, pois caso tivesse um ataque cardíaco não teria tempo si quer de chegar a um pronto socorro. Seria fulminante, conforme os médicos.

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

CORREU SANGUE EM ALAGOAS- Daniel Malta

 

Daniel Malta

12 h  · 

CORREU SANGUE EM ALAGOAS

Há 70 anos, a cidade de Mata Grande assistia a um massacre que colocou Alagoas na lista dos locais com possível intervenção federal nas eleições de outubro.

Na rua Gabino Besouro (MATA GRANDE), dia 3 de outubro de 1950, uma rajada de tiros atingiu casas e matou Eustáquio Malta, seus dois filhos mais um empregado.

Um dos filhos de Eustáquio era Maria Sônia, 16 anos, que tentou socorrer o pai. E tombou, com um tiro na cabeça, ao lado dele sob a saraivada de balas que durou duas horas.

Eustáquio, presidente do PSD, era irmão de Antonino Malta, presidente do diretório da UDN.

Nas fotos de O Cruzeiro (reproduzidas pelo blog) é possível perceber o desespero da família Malta e o luto nas ruas de Mata Grande.

Antes da tragédia, porém, o Tribunal Superior Eleitoral havia autorizado o Exército nas eleições de Mata Grande. Mas, uma semana após, as tropas não haviam chegado.

O juiz de União dos Palmares, Miguel Batista, fugiu da cidade com medo de morrer. Veio para Maceió e, em O Cruzeiro, estava escrito que não faria eleições na comarca. Batista refugiu-se em Maceió.

O senador Ismar de Góis Monteiro escapou de uma rajada de metralhadora: 11 tiros nas nádegas. No carro dele havia fotos de Arnon de Mello- pai do senador Fernando Collor. Silvestre e Arnon eram inimigos fidagais; Arnon era candidato a governador.

Era o pedaço de uma briga histórica envolvendo três irmãos que se odiavam: general Góis; Edgard e Silvestre Péricles.

Silvestre, chamado de “leão de Alagoas” era o governador. Era chamado por Edgard de um “governador demente, desonesto e assassino”; o general Góis acusava os dois irmãos no massacre de Mata Grande.

No meio, a matriarca dos Góis Monteiro, dona Constância (o busto dela está em frente à igreja Nosso Senhor do Bomfim, na praça Bomfim, bairro do Poço):

– É o desgosto da minha velhice a briga de meus filhos, disse àquela edição da revista O Cruzeiro, de 21 de outubro de 1950. Ela prometia não dar aos filhos Ismar e Edgard nem sua bênção nem seu perdão. A matriarca escolheu o lado de Silvestre.

Silvestre tentou impedir a cobertura do caso pela revista. Primeiro: suspendeu todas as decolagens do aeroclube (o repórter Luciano Cordeiro tentou, sem sucesso, voar para Mata Grande para cobrir os funerais); depois, mandou que o repórter saísse do Palácio Floriano Peixoto, sem falar do massacre em Mata Grande).

Ao chegar de carro na cidade, o repórter registrou: Mata Grande “dava a impressão de um cemitério”, um “quadro triste: na casa onde jaziam ao quatro esquifes, o velório estava sendo feito apenas por uma pessoa- um soldado do Exército, representante da Nação”.

“A cidade foi abandonada por muita gente e os demais não tinha coragem de sair às escuras para fazer quarto a defunto nenhum”.

Nesta data fatídica é importante relembrar aos mais jovens, que o Torrão de Mata Grande, teve essa tragédia por política e o futuro da cidade depende sempre do povo, somente o povo para decidir por seus destinos.

Fica nossas lembranças que desde menino já ouvia falar do acontecido e ficar a imaginar como foi cruel a força do Estado.

Nossas Orações aos falecidos e que Mata Grande tenha dias melhores, pois a máxima que diz que cada povo só tem o governante que merece.

Por Daniel Malta

Fonte: Blog do Odilon com adaptações

 

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

VENERANDA - FEITIÇO DE UMA NOITE- Ubireval Alencar

 

VENERANDA - FEITIÇO DE UMA NOITE.

Conhecida devotada serviçal da casa de seu Odilon e d. Elza. Pós período longo da padaria de seu Panta (Pantaleão), seu Odilon dominaria por anos o monopólio de pães, bolachas. A essa altura, as belas moças de d.Elza já começavam estudos em Maceió, com a construção da casa lá na praça das Graças, no Prado.

 

VENERANDA se tornara pau pra toda obra em Mata Grande: cozinhar, lavar e passar. Mas a beleza lhe tinha faltado na face nesses anos todos. Só era avistada em passagens rápidas pelas calçadas, sempre correndo com afazeres domésticos. Mas a fertilidade da mente adulta é descomunal. Não se sabe se a ideia partiu da turma de Luiz Dentista, se do grupo viciado nas calçada da Prefeitura. O certo ou a conversa se espalhou que aconselharam Veneranda a tomar banho à noite e usar bastante pó.

 

Seu Odilon ficava solitário à noite, e a tão dedicada secretária deveria cativar o patrão. Até então ninguém conhecia ou se falava de um namoro, casamento ou filhos da Veneranda. Abelhudos eram demasiados e com certeza acompanharam esta evolução. Tal não foi o espanto quando seu Odilon ao sair à noite da padaria e já encontra sua cuidadora esbranquiçada de pó. Aturdido com toda aquela pantomina, retruca o patrão: - Que é que é isso Veneranda? E a ingênua e pura senhora de quase sessenta anos lhe diz: "Na rua mandaram pra eu ficar cheirosa e bonita". Não é crendice nem imaginação popular.

 

Na terra onde surgiram Pereirinha, Zé Grilo, Zé Doidinho, tudo é possível e memorável. Ainda vejo a Madrinha Raquel, assim chamada, tão pequena e encurvada, subindo a rua de Cima com a trouxa de roupas pra passar. Dona Dolorosa e suas filhas carregadas de costuras na Rua da Cruz. Na Rua de Cima, Janjão debruçado à janela, e as bonitas moças de Feitosa e d. Nazaré Macedo enfeitavam as manhãs, e às noites havia o estridente toque das zabumbas.

Eram novenas em dezembro. O som dos tecladistas já afinava no clube Paz e Amor. Era um Natal. Era um Ano Novo.

 

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

TÔ IDOSO!

 

TÔ IDOSO!

Eu nunca trocaria meus amigos surpreendentes, minha vida maravilhosa, minha amada família por menos cabelo branco ou uma barriga mais lisa.

Enquanto fui envelhecendo, tornei-me mais amável para mim, e menos crítico de mim mesmo. Eu me tornei meu próprio amigo. .. Eu não me censuro por comer biscoito extra, ou por não fazer a minha cama, ou para a compra de algo bobo que eu não precisava, como uma escultura de cimento, mas que parece tão “avant garde” no meu pátio.

Eu tenho direito de ser desarrumado, de ser extravagante.Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento.

Quem vai me censurar se resolvo ficar lendo ou jogar no computador até as quatro horas e dormir até meio-dia? Eu Dançarei ao som daqueles sucessos maravilhosos dos anos 60 &70, e se eu, ao mesmo tempo, desejo chorar por um amor perdido ... Eu vou.

Vou andar na praia em um calção excessivamente largo sobre um corpo decadente, e mergulhar nas ondas com abandono, se eu quiser, apesar dos olhares penalizados dos outros no jet set.

Eles, também, vão envelhecer. Eu sei que às vezes esqueço algumas coisas. Mas há mais algumas coisas na vida que devem ser esquecidas. Eu me recordo das coisas importantes.Claro, ao longo dos anos meu coração foi quebrado. Como não pode quebrar seu coração quando você perde um ente querido, ou quando uma criança sofre, ou mesmo quando algum amado animal de estimação é atropelado por um carro? Mas corações partidos são os que nos dão força, compreensão e compaixão. Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser imperfeito.

Eu sou tão abençoado por ter vivido o suficiente para ter meus cabelos grisalhos, e ter os risos da juventude gravados para sempre em sulcos profundos em meu rosto.
Muitos nunca riram, muitos morreram antes de seus cabelos virarem prata. Conforme você envelhece, é mais fácil ser positivo. Você se preocupa menos com o que os outros pensam. Eu não me questiono mais.

Eu ganhei o direito de estar errado. Assim, para responder sua pergunta, eu gosto de ser idoso.A idade me libertou. Eu gosto da pessoa que me tornei. Eu não vou viver para sempre, mas enquanto eu ainda estou aqui, eu não vou perder tempo lamentando o que poderia ter sido, ou me preocupar com o que será. E eu vou comer sobremesa todos os dias (se me apetecer). Que nossa amizade nunca se separe porque é direto do coração!

 

NOTA DO BLOG;

Enviado pelo Compadre José Márcio.

 

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

MATA GRANDE RURALISTA - Germano

 



MATA GRANDE  RURALISTA - Germano

A nossa cidade é essencialmente dependente da economia rural e nada mais justo que se criar um tópico específico para àqueles que fazem parte direta ou indiretamente das coisas do sítio.

Aqui vamos poder divulgar atos e fatos da zona rural do município, suas dificuldades e necessidades. Participe ativamente expressando as suas alegrias, decepções, esperanças e reivindicações, quem sabe, assim, poderemos chegar aos poderes constituídos, já que os nossos representantes não se dignam, nem ao menos , procurar saber se estamos bem, na verdadeira acepção da palavra.

 S.O.S. - ENGENHOS DE RAPADURA 1970 - Existiam 38 engenhos funcionando normalmente.

1992 - Existiam l8 engenhos, alguns funcionando normalmente.

2007 - Existem 08 engenhos funcionando precariamente.

TENDÊNCIA - Mata Grande passa a ser a cidade do "já teve engenho" como tantas outras indústrias que "já teve".

OBSERVAÇÕES - A rapadura e o mel dos nossos engenhos tem sabor inigualáveis, se comparados com as produzidas no Ceará e Pernambuco.

No Sítio Almeida, existiam 08 engenhos, alcancei 03 funcionando e hoje existe apenas um que funciona às quintas-feiras, precariamente, utilizando até açúcar, para produzir seus produtos.

SUGESTÃO - Que o Prefeito ou algum dos nove vereadores ,faça uma reunião com os atuais senhores de engenhos, no intuito de saber quais as suas reais necessidades e supri-las; visualizando, que um engenho funcionando, proporciona empregos diretos a mais ou menos 10 (dez) chefes de família, afora os indiretos e trabalhadores braçais que são utilizados para o plantio e tratos culturais da cana. Isto tem um retorno econômico de grande valia para o município.

NOTA DO BLOG:

Reeditando matéria publicada em 28.10.2007.


RUAS SINGELAS E BEM FOTOGRAFADAS- Ubireval Alencar

 

Ruas singelas e bem fotografadas.

Parabéns

. Alguns primeiros andares teimam em negar os telhados envelhecidos que compunham o bucólico ambiente da velha Mata. Traziam a decoração do lodo verde nos beirais.

Agora se insurgem pequenos palacetes nas contornadas esquinas, quais vielas portuguesas à moda mineira de Sabará, Ouro Preto.

Mas os que nasceram ontem, há mais de meio século, têm nas retinas os sons dos cascos dos jumentos com ancoretas em busca da fonte do João LALAU.

Uma procissão de mulheres descalças com rodilhas na cabeça trazem a água do sustento de seus lares.

Julia Gringa, Edite e Heleno cotidianamente, como se fossem urbs do passado fazem o aluguel e transporte prioritário das famílias.

Às cinco da manhã, Mané Cumbá já abria sua oficina, sem bolsa família, sem cartão cidadão e com a garra dos grandes batalhadores da vida.

Seu VIDA de dona Lenita antes do raiar do sol já andava a caminho do Ripitete. Sorvendo a vida, honrando a prole numerosa.

A Comadre Gersina lá do Alto estava a caminho do João Félix. Com pesadíssima trouxa de roupas pra lavar. Sem Bolsa Família. Valentia de mulheres dignas.

Esta gente, esta lembrança fazem a dignidade de gerações.

 

domingo, 5 de outubro de 2025

EPISÓDIO DE 3 DE OUTUBRO DE 1950

 

                                 EPISÓDIO DE 3 DE OUTUBRO DE 1950

 

             O município de Mata Grande tem sido palco de teatro de séries lutas políticas patrocinadas pelas oligarquias em busca do poder. Desavenças e agressões por parte dos poderosos sempre foram uma constante no alto sertão alagoano. Um fato ocorreu em Mata Grande. O senhor Moacir Peixoto era o proprietário da Fazenda Minagem e a estrada que dava acesso a Santa Cruz do Deserto e a cidade de Inajá, PE passava dentro de sua propriedade, onde existia uma cancela no meio dessa estrada. Certa noite o motorista do ônibus do senhor Antônio Augusto (A Sopa) quebrou a tal cancela e o gado da propriedade saiu causando grande prejuízo nas roças dos agricultores vizinhos. Moacir era uma, “persona não grata” aos políticos da situação, daí uma chance para ser perseguido. O delegado era um civil, amigo do chefe político que queria trancafiar o homem na cadeia. O fato não aconteceu por interferência do senhor Manoel Bezerra, que era o secretário, tomou a frente informando que o caso era de responsabilidade da prefeitura, sabia Bezerra que era o desejo dos políticos para desmoralizar o pobre homem que não lhes era simpático.

Em 1947 aproximavam-se as eleições de outubro para o primeiro prefeito eleito pelo povo. Candidatou-se o chefe político da situação (Eustáquio Malta) e ao mesmo tempo o chefe de oposição (Moacir Peixoto). Candidata-se, mesmo sabendo que seria difícil vencer as eleições contra um adversário poderoso apoiado pelo governador do estado, Silvestre Péricles. Até então o prefeito era o Senhor Manoel Bezerra, sendo exonerado tempo depois. 

O governador nomeia o novo prefeito, vira-se para ele e diz: Agora você vai exigir a destruição do homem da Fazenda Minagem, (Moacir Peixoto). O pleito corria normalmente e seu adversário tinha absoluta certeza da vitória, engano, o povo decidiu. Elegeu Moacir para representá-lo como prefeito. Governou o município por três anos. Passado quase três anos a política entra em fase de agitação, as coisas estavam tumultuadas, os ânimos foram aumentando, as novas eleições estavam próximas, a agitação e a tensão nervosa tomava conta, tudo indicava que algo de grave estava para acontecer.

Naquela terça feira fatídica, de 3 de outubro de l950 , dia das eleições, foi um dia de terror, aconteceu o que todos já esperavam. Na ocasião nosso sentimento era de estupefação. Todas as famílias ficaram impotentes e aterrorizadas. Não sabiam para onde caminhar. Candidato a Prefeito de Mata Grande o Sr. Eustáquio Malta, por outro lado, o Senhor Justo Gomes Freire que foi indicado para prefeito em 1947 pelo diretório municipal que fazia oposição a Moacir, agora apoiado pelo prefeito em exercício, Sr. Moacir Cavalcante Peixoto, candidato a deputado estadual, promovendo assim uma acirrada luta de poderes. 

O Sr. Moacir já havia se tornado desafeto por parte do outro candidato em outros momentos. O Senhor Eustáquio Malta, homem de personalidade forte, tornou-se inimigo do prefeito. A partir daí, os dois não mais se entenderam. O prefeito Moacir Peixoto tinha agora o apoio e as garantias do senhor Silvestre Péricles, que na época governador do estado de Alagoas. Por outro lado o Senador Ismar de Góes Monteiro, inimigo do governador seu irmão, dava apoio ao senhor Eustáquio Malta, ao chegar a Mata Grande às vésperas das eleições botou fogo na fogueira, uma vez que o senhor Eustáquio já havia decidido com a família que não iria participar do pleito eleitoral, e sim, recolher-se a Lagoa da Vaca durante o dia, voltando somente à tarde para votar. Sabia-se que dificilmente Eustáquio ganharia as eleições para o candidato apoiado pelo prefeito. 

As coincidências nem sempre são coincidências. Parece que os dois desafetos combinaram para sair de casa no dia das eleições no mesmo horário e na mesma direção, e chegaram às duas esquinas adjacentes ao mesmo tempo, ambas na Rua da Cruz, até então Gabino Besouro, hoje (Eustáquio Malta) próximas ao sobrado do senhor Sebastião, (Sé) que na época era o hotel e Pensão São Sebastião da senhora Maria Luiza.

Logo abaixo do sobrado do lado esquerdo funcionava uma coletoria que servia de seção de votação. O senhor Moacir Peixoto morava na Rua da Cruz próximo ao Grupo Escolar Demócrito Gracindo, e o senhor Eustáquio Malta na Rua de Cima, defronte à Câmara de vereadores antiga Escola Costa Rego. O senhor Moacir Peixoto, homem de tratos finos, sem revides a agressões estimulou aos desafetos a subestimarem o seu poder de reação. Próximos às duas esquinas começaram a discutir, patrocinando cenas dos filmes do velho faroeste, o duelo começou. Ambos sacaram suas armas atirando                                                                                     um contra o outro, daí travando-se um acirrado tiroteio logo nas primeiras horas da manhã, no dia das eleições, onde o Senador Ismar de Góis Monteiro, Isa Malta Gaia, a própria irmã de Eustáquio- Maria Geruza Malta, mesmo ferida fornecia munição para os entrincheirados na casa de seu irmão em defesa da família, e mais onze pessoas que foram feridas, em consequência desse lamentável acontecimento.

Perderam a vida o comerciante Eustáquio Malta, candidato a prefeito, e seus dois filhos, Sônia e Ubaldo Malta e um amigo da família, o senhor Napoleão Henrique. Na verdade Moacir Peixoto não matou Eustáquio Malta, ele sendo um exímio atirador e capaz de colocar uma bala dentro da outra a média distância jamais iria errar um tiro no tórax do seu opositor na distância que se encontrava. Eustáquio foi atingindo somente nas pernas, sem condições de se locomover foi arrastado pelo meio da rua pela senhora Adélia Bernardino Correia, mãe adotiva do senhor Noca, do local onde fora atingido até a porta de sua residência, nesse instante surge o Sargento Miguel Pereira da Polícia Alagoana olha para o senhor Eustáquio e diz: esse sujeito ainda está vivo! Com um fuzil na mão atira sobre a vítima pondo em fim a sua vida. Os seus filhos Ubaldo dezoito anos e Sônia dezesseis, foram mortos pelo soldado Maurício próximos a sua casa quando tentavam socorrer seu pai.

Uma triste cena que ficou guardada na memória de muita gente foram os corpos estendidos no chão durante quase todo o dia sem que ninguém tomasse as providências em removê-los. Durante a madrugada apenas um soldado do exército velava pelos esquifes, o povo ainda amedrontado não comparecia na casa dos mortos para velar os corpos.

No dia seguinte às oito horas Eustáquio, Ubaldo, Sônia e Napoleão iniciaram a sua última marcha pela face da terra. A política mal encaminhada conduziu ao cemitério quatro cidadãos que preparavam para votar. Saiu o cortejo com os corpos pelas ruas da cidade, ainda com a população assustada. O cortejo foi tomado de grande comoção até o cemitério local. A verdade que ninguém quer falar. Um senhor que morava em Mata Grande na década de 50 hoje em Maceió, pediu para não citar o seu nome uma vez que seu pai era muito amigo da família malta, especialmente de Eustáquio, e frequentador de sua residência. Fala que no dia das eleições logo nas primeiras horas da manhã o jovem Ubaldo se encontrava na Rua da Cruz (antiga Rua Gabino Besouro) falando em voz alta que hoje (naquele dia) o sangue ia correr em Mata Grande. O senhor Manoel Bezerra conhecedor da política local pediu ao jovem que parasse com as provocações e voltasse para casa, pois, tanto ele como a família corria perigo de vida, pois havia grande movimentação de policiais e guardas costas na casa do prefeito, inclusive, a senhora Dona Constança de Góes Monteiro, irmã do governador Dr. Silvestre Péricles de Góes Monteiro, estava na residência do Prefeito no dia das eleições, pois, era muito amiga da senhora Luzinete Peixoto, esposa de Moacir Peixoto. O prefeito tinha o apoio e garantias do governo do estado, colocando a polícia ao seu dispor, e a ordem era para acabar com a família malta da cidade se algo desse errado. Deu no que deu. Não morreu mais gente porque muitos fugiram da cidade e outros permaneceram dentro de suas casas.

Naquele ano várias cidades solicitaram garantias federais (Exército), pois, havia prenúncio de acirramentos nas disputas eleitorais. Já se previa tudo o que poderia acontecer, infelizmente, as forças federais que deveriam chegar a Mata Grande nas vésperas das eleições, terminou não acontecendo, talvez com a presença das mesmas tivessem evitado a tragédia.

As eleições foram suspensas, somente em novembro do mesmo ano elegeram um novo prefeito para a cidade, o senhor Luiz Gonzaga Malta Gaia. Mesmo assim o senhor Moacir Cavalcante Peixoto foi eleito deputado estadual com 465 votos. Após o tiroteio Moacir refugiou-se em Maceió, onde passou a despachar até o término do seu mandato de prefeito no dia 31 de janeiro de l951. Não assumindo a vaga de deputado por ter se retirado para o Estado de Goiás. Já havia ocorridas as novas eleições e eleito o novo prefeito para assumir o cargo em janeiro de l951. O senhor Manoel Bezerra era o secretário e administrava a prefeitura na ausência do prefeito. Certo dia que estava na prefeitura ouviu bater na porta dos fundos, ao abri-la deparou-se com o prefeito que acabara de ser eleito (Luiz Gonzaga Malta Gaia) perguntando o que deveria fazer diante das circunstâncias. Como o prefeito eleito era da família Malta e corria perigo de vida, foi orientado a sair de Mata Grande, juntamente com a família, não por medo ou covardia, mas, por precaução.

NOTA DO BLOG:

Transcrito do livro de Walter Alcântara.