quarta-feira, 5 de julho de 2023

A RUA NOVA – Remi Bastos

 





Foi esta Rua Nova na inesquecível Mata Grande que todos os finais de semana, quando papai retornava de sua lida nos sítios e povoados, eu tinha a missão de levar o animal que ele montava ao cercado vizinho ao antigo cemitério.

Às 17:30h, devido as serras que cobiçavam Mata Grande, os dias pareciam ser mais curtos. No horário que eu conduzia o animal ao cercado, as estrelas eram visíveis no céu. As corujas sobre o muro do sepulcrário refletiam a luz dos seus olhos, justamente, na direção da cancela. Nesse momento, rápido, eu puxava o cabresto do animal, fechava a cancela e voltava correndo pelo caminho ladeado por cercas de labirinto (avelós). Às vezes me enrolava na corda que servia de cabresto, me desequilibrava indo de encontro ao chão umedecido.

Quando chegava em casa com o rosto pincelado de lama, minha mãe ao ver aquele mateo mirim, perguntava penalizada, o que foi isso meu filho? A minha resposta era: foi a coruja no muro do cemitério olhando pra mim com aqueles olhos de fogo. São histórias como esta que vivi nos meus 12 anos de idade e que se renovam cada vez que a saudade me visita.

Eu sempre digo, que saí de Mata Grande, mas Mata Grande nunca saiu de mim. (Remi Bastos).

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