sábado, 21 de janeiro de 2023

O CANTO DAS CIGARRAS - Remi Bastos

 

Meus tempos de menino em Mata Grande,

Rua da Cruz, um sobrado, a vizinhança,

Ternas manhãs que eu guardo na lembrança

De um tempo que passou e não volta mais.

 

À tarde ao crepúsculo da Ave Maria,

Quando o sol buscava o horizonte,

As cigarras cantavam junto à fonte

Nos troncos das velhas casuarinas.

 

Em meu quarto adormecia sorrindo

Embalado por aquela sinfonia,

Das cigarras que ao final de cada dia

Choravam com seus cantos de saudade.

 

Hoje no meu pranto, sem canto, choro eu,

As cigarras emudeceram, foram embora,

Deixando uma saudade que aflora

Como águas cristalinas nos olhos meus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário