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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
OBRIGADO PÉ DE BRÊDO-DEVO-LHE A VIDA E NÃO NEGO.
OBRIGADO PÉ DE BRÊDO, DEVO-LHE A VIDA E NÃO NÉGO.
Apesar de ser domingo
Levantei logo cedinho
Atravessei a minha rua
Fui à rua do vizinho
Encontrei um pé de brêdo
Fiquei de olhos vidrados
Ao lembrar que foi com ele
Que todos fomos criados
Eu sei que é planta silvestre
Tanto é que nasce no mato
Mais nos éramos tão pobre
Pois nunca usei um sapato
Que saudades das comidas
Que nossa mãezinha fazia
Nossa mistura era o bredo
Pois carne nós nunca via
Não sabemos se era a fome
Que era tanta em nossa vida
Pois pra nos tudo era bom
Essa era a nossa comida
Às vezes era feijão com folhas
Outras vezes folhas com feijão
Fava ou feijão de corda verde
Não tinha melhor refeição
Quuando alguém dava Caju,
Laranja, manga ou jaca
Essa era um grande mistura
Comiamos até com as cascas
Mais na vida nada e perdido
Pois Deus tem tudo contado
Tudo o que nos sofremos
Foi um grande aprendizado
A você meu pé de brêdo
Que a minha fome matou
Você foi o responsável
De eu ser hoje o que eu sou
Pra preservar sua espécie
E provar que eu sou exato
Vou fazer em meu quintal
Uma plantação deste mato.
Zezinho de Laura (Filoca)
O Poeta Genérico São Paulo 24/10/10
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Nesta poesia o Poeta Genérico, Filoca (para alguns) Zezinho de Laura (para outros), narra com muita ênfase o seu sofrimento na adolescência e retrata o que ainda se ouve dizer, onde pessoas em época de seca, cozinham a palma forrageira para substituir a carne, o que em nossa linguagem sertaneja, denominamos de "mistura". Filoca é um nordestino vencedor e que Deus assim o conserve.
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