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terça-feira, 19 de outubro de 2010
LAURA DE LIMA
Maceió (AL), 19 de outubro de 2010.
Esta semana recebi do nosso conterrâneo e contemporâneo em nossa adolescência, José Freitas Lima (Filoca, como o chamo ou Zezinho de Laura, como muitos o chamam) uma poesia contando a história da sua mãe Laura de Lima.
No entender do poeta que se autodenomina de "O Poeta Genérico" não tínhamos lembranças do episódio alí inserido, todavia, lembro perfeitamente de Laura, porque, diariamente fazia uma peregrinação pelas ruas da cidade e naturalmente chegava a casa da minha mãe Luiza Villar de Mendonça (Dona Luizinha), na rua 5 de Julho e, a mãe do poeta, gostava de cantar uma canção com todas as forças que a sua garganta permitia, ainda hoje lembro de um verso, por sinal, muito marcante em que, transmitia o sofrimento vivido àquela época e que agora, com a poesia, bem que se coaduna. O verso dizia assim :
"QUEM VIVER TRISTE NO MUNDO
VENHA JUNTAR-SE COMIGO
VENHA PASSAR O QUE PASSO
VENHA VIVER COMO EU VIVO"
Quem conhece a história, realmente se emociona. haja vista, ter sido real e corajosamente relatada. Agora leiam e fiquem à vontade para comentar.
BIOGRAFIA DE UMA GRANDE MULHER ``LAURA DE LIMA´´
I -EU SEI QUE SOU SUSPEITO
PRA FALAR DESTA PESSOA
POIS ELA É MINHA MÃE
NUNCA VI GENTE TÃO BOA
ACREDITEM NO QUE DIGO
POIS NÃO ESTOU FALANDO LOA
II - MESMO SENDO ANALFABETA
QUERIA TUDO PERFEITO
NA FACULDADE DA VIDA
ERA FORMADA EM DIREITO
NOS DEU MUITA EDUCAÇÃO
PRA UMA VIDA SEM DEFEITO
III - EU TINHA APENAS DEZ ANOS
QUANDO PAPAI NOS DEIXOU
FOMOS MORAR NUM RANCHINHO
QUE MEU PADRINHO DOOU
POIS OS MOVEIS E A CASA
NOS COBRES ELE PASSOU
IV -MAMÃE ASSUMIU A CASA
COMO MULHER E MARIDO
TENTANDO CRIAR TRÊS FILHO
NESTE NORDESTE SOFRIDO
AGRADECEMOS MUITO A DEUS
POR DE FOME NÃO TER MORRIDO
V -TRABALHANDO PELAS CASAS
EM TROCA DE ALIMENTOS
A GENTE MUITO PEQUENO
FOI DIFÍCIL ESTE MOMENTO
MAIS COMO O POVO É BONDOSO
FOI MENOR O SOFRIMENTO
VI -AQUELA MULHER GUERREIRA
COMEÇOU FICAR DOENTE
COM PROBLEMAS NOS DOIS PÉS
E COM FRAQUEZA NA MENTE
JÁ SEM PODER TRABALHAR
SEM PODER CUIDAR DA GENTE
VII -POR VER OS FILHOS SOFRENDO
E SEM TER O QUE FAZER
MAMÃE SE DESESPEROU
LOGO COMEÇOU A BEBER
AS VEZES CAÍA NAS RUAS
ESTE FOI O MEU MAIOR SOFRER
VIII- UM DIA PAPAI VOLTOU EM CASA
PROVOCOU GRANDE EMOÇÃO.
SÓ TROUXE NOTICIAS TRISTE
PARA OS NOSSOS CORAÇÕES
SÓ VEIO NOS COMUNICAR
QUE DOOU MEUS DOIS IRMÃOS
IX -SEM TOINHO E CREUZINA
MAMÃE FICOU CADA PIOR.
POIS NÃO TEM MÃE QUE GOSTE
DE PERDER SEU BEM MAIOR
SÓ NÃO ENTENDO COMO PAPAI
NÃO TEVE COMPAIXÃO NEM DÓ
X -MAMÃE SENTIU O IMPACTO
DE PERDER OS DOIS FILHINHOS
LEVARAM PRA OUTRAS TERRAS
SEU MAIS QUERIDO TOINHO
CREUZINHA FOI PRO SABONETE
UM LUGAR BEM MAIS PERTINHO
XI- QUANTO MAIS TEMPO PASSAVA
MAIS AS COISAS COMPLICAVA
MAMÃE CADA VEZ BEBIA MAIS
E A MINHA VERGONHA AUMENTAVA
EU COM VERGONHA E TRISTEZA
DEIXAR ELA EU NEM PENSAVA.
XII - COMEÇAMOS A PASSAR FOME
TODO INSTANTE TODA HORA
NÃO ENCONTRAMOS SAÍDA
A ESPERANÇA FOI EMBORA
A SOLUÇÃO ENCONTRADA
FOI MAMÃE PEDIR ESMOLA
XIII -AINDA BEM QUE O NOSSO POVO
É DE UMA BONDADE SEM PAR
COMIDA EM NOSSA MESA
NUNCA DEIXARAM FALTAR
POIS SE DEPENDESSE DE NOS
NÃO TINHA HISTORIA A CONTAR
XIV -ESSA MULHER MARAVILHOSA
QUE SÓ NOS ENSINOU O BEM
NOS DEU EXEMPLO DE VIDA
FAÇA O BEM SEM OLHAR A QUEM
PARA QUEM CONFIA EM DEUS
A FELICIDADE DEMORA
MAIS UM DIA VEM
XV -COM TODO ESSE SOFRIMENTO
MAMÃE ME ENSINOU A VIVER
DE RESPEITAR OS MAIS VELHOS
ESSE É NOSSO PRINCIPAL DEVER
SÓ QUERER O QUE FOR SEU
O QUE É DOS OUTROS DEVOLVER
XVI - POR TUDO QUE ME ENSINASTE
SÓ TENHO A TI AGRADECER
SE UM DIA EU NASCESSE DO NOVO
E DEUS ME DEIXASSE ESCOLHER
COMO CERTEZA EU ESCOLHERIA
O SEU VENTRE PRA NASCER
XVII -OS MEUS AGRADECIMENTO
AO POVO DA MINHA TERRA
QUE DEUS RECOMPENSE A TODOS
ESSA É MINHA MENSAGEM SINCERA
DEUS DÊ MUITOS ANOS DE VIDA
A TODA ESSA QUERIDA GALERA
Zezinho de Laura { Filoca }O Poeta Genérico
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