Evolução
Social?
Uma
reflexão sobre o homem contemporâneo
Por
Seminarista Joelder Pinheiro Correia de Oliveira
Muitos teóricos e pensadores afirmam que a
sociedade tem passado por um processo constante de evolução e,
consequentemente, o homem, ao mesmo tempo sujeito e objeto, vem sofrendo com as
constantes mudanças. Supondo que se trate de uma evolução social, façamos uma
reflexão do homem contemporâneo, ou seja, do homem atual, sob três correntes
que vêm influenciando-o cotidianamente: relativismo, subjetivismo e
individualismo.
Para muitos, um grande “avanço
social” se deu com o relativismo, isto é, não se concebe mais verdades
universais e absolutas, tudo se reduz ao próprio indivíduo situado num tempo,
espaço e circunstâncias específicas de sua realidade, atingindo negativamente a
ética e a moral que perdem seus fundamentos sólidos.
Dissera o Papa Bento XVI que vivemos a
ditadura do relativismo, ora, sem verdades absolutas, sem solidez ética e
moral, o ser humano é incapaz de encontrar fundamentos para uma construção
coerente de seu próprio existir no tempo e nas situações concretas de sua
história. Essa ditadura é tão pujante que atinge as várias áreas da sociedade e
suas implicações têm sido introjetadas pela mídia nas pessoas, ora de modo dissimulado,
ora descaradamente, de tal modo que bases sociais como família, religião, são
tratadas como meros conceitos que podem ser mudados com o tempo e receberem uma
nova roupagem a “gosto do freguês”, e o pior, a cada dia que se passa essa nova
visão de “família”, religião e etc., tem se tornado natural, não gera mais
estranheza, isso é grave.
Em continuidade, o subjetivismo
reafirma a autonomia e imposição do ser racional como delimitador e fonte de
suas próprias verdades; o subjetivismo decreta a morte de verdades objetivas e
instaura, com o relativismo, o nascimento de um homem que se apresenta
esplendoroso, magnífico, como um belo edifício, mas construído sobre areia
movediça.
O subjetivismo relegou o homem à sua
própria sorte, e por mais que isso aparente ser bom, mesmo que se mostre com
uma fachada de independência e liberdade, sem um norte – verdade, ética, moral
– o homem está condenado a ser um andarilho errante que não sabe de onde vem
nem para onde vai; que olha para o passado e o vê como o acaso dos dias
vividos, e olha para o futuro sem nada enxergar, não tem esperança no alvorecer
de um novo tempo. Para que ele vai ter esperança? Por que vai se alegrar com as
glórias do passado? Nada de concreto motiva o homem, ele não tem razões pelas
quais lutar, sonhar, só lhe resta ele mesmo e suas “pseudos verdades”
subjetivas.
À fachada do relativismo e do
subjetivismo está, como supradito, uma suposta independência e liberdade em
relação a tudo, entretanto, está mais que comprovado, máxime atualmente, que o
homem foi fadado ao individualismo. O que importa não é mais o coletivo, a
sociedade, mas o indivíduo. O homem não é mais um “animal político”, como
afirmara Aristóteles, ele é um ser isolado, apático ao grupo social; ele não se
enxerga mais com os seus semelhantes, tornou-se um “bestia sui generis” (o animal singularizado, particularizado,
único em seu gênero) dentro da própria espécie racional.
A sociedade deveria ser o lugar da
fraternidade, da completude, da mútua ajuda, só existe sociedade porque o homem
necessita dos demais, ele não sabe tudo, não faz tudo, então, o que falta em um
o outro completa; essa é a natureza e a gêneses da sociedade. Com o
individualismo houve a crescente disseminação de uma “solidão solitária”, ou
seja, uma solidão que não provoca encontro com ninguém, nem consigo mesmo. Daí
a depressão ter sido considerada a doença do século, as pessoas se sentem
vazias, não encontram mais motivações para suas vidas, adentraram numa profunda
perda de compaixão umas pelas outras, os afetos e a sexualidade caíram no
descaso e tornaram-se coisas utilizadas unicamente para prazer próprio,
individual.
Concluindo, é triste constatar que
estamos vivenciando uma involução social; mesmo diante de tantas descobertas
científicas, de tanta tecnologia, de tantas facilidades para o desenvolvimento
e crescimento da sociedade, constatamos na prática das grandes metrópoles, e se
difunde às demais cidades interioranas, que a cada dia que se passa o homem se
torna menos humano, no sentido da perda de convicções, motivações, certezas e
esperanças, o que gera o gritante egoísmo, as desigualdades, o isolamento, a
falta de fé.