terça-feira, 22 de agosto de 2017

JOSÉ ALVES BEZERRA - Germano





Nascido no Sítio Cafundó, filho de Lúcio Alves Bezerra e Adelaide Bandeira de Melo, casado com Maria Alves Machado, foram pais de duas filhas Maristela e Marinete, residiram sempre na Rua Nova, atual 5 de Julho. O Beco de Zé Lúcio, assim era conhecido a atual Rua Rosalina Gomes que liga a Rua Nova a Rua dos Quartéis, atualmente denominada Afonso de Carvalho.
Posteriormente o Beco de Zé Lúcio ficou conhecido como o Beco de Lulú que adquiriu a casa que pertencia ao meu tio Zé Lúcio, onde foi também um grande comerciante e amigo de todos.

O meu tio foi um grande comerciante e fazendeiro, tornando-se um dos homens mais ricos da cidade. Costumava se sentar na calçada todas as tardes, onde os amigos se aconchegavam para as palestras rotineiras.

Vale relembrar de um acontecido que fez história:

Existia um soldado chamado Augusto e que era muito amigo do meu tio e do meu pai Balbino Alves Bezerra. Em certo dia primeiro de abril, dia da mentira, o soldado levantou-se mais cedo e foi até a padaria do meu pai, situada na Rua de Baixo, que pelo comércio que exercia acordava ainda mais cedo,  e disse que o tio Zé Lúcio amanheceu morto, em seguida, foi até a residência do meu tio e o acordou dizendo que seu Balbino havia falecido e estava na padaria.
Os dois irmãos se amavam muito e partiram, quando se encontraram no meio do caminho, chorando copiosamente se avistaram e exclamaram:
- Compadre, você está vivo? Abraçaram-se e riram demais quando lembraram de que era o dia da mentira e pense na raiva que tiveram do soldado Augusto que pregou a peça.

Segundo um depoimento da minha prima Márcia Alves Machado, filha de Marinete, leia como era o tio:

"JOSE LÚCIO ALVES BEZERRA  ( Vovô Zé Lúcio ) – Márcia Machado

"Vovô tinha estatura elevada, cabelos lisos, sobrancelhas grossas, semblante inquieto e hábitos simples. Dormia cedo para  cedo acordar firme nas decisões e alegre no bom viver, assim era vovô Zé Lúcio. Contador  de  causos  reunia os amigos no final de tarde na calçada da venda e ali contava as histórias das  botijas que descobrira cheias de moedas de ouro  guardadas no  cofre de sete segredos e das visagens que apareciam em noites enluaradas, das pessoas que havia conhecido durante as viagens que fizera por este mundo de meu Deus.
Estes causos de final de tarde aguçavam a minha curiosidade e alimentavam as minhas fantasias infantis. Ansiosamente, eu aguardava que os amigos se retirassem para que me fossem mostrados os potes de moedas de ouro recuperados das botijas. De nada adiantavam suas pacientes argumentações de que os potes de moedas de ouro existiram apenas nos causos. Só após ver aberto o cofre dos sete segredos minha curiosidade se amainava.

Hoje, avalio que foram essas tardes iluminadas pela sua presença e seu prosear que me transformaram numa leitora de livros e de  gente. Nos livros busco histórias que me transmitem a alegre curiosidade daqueles tempos idos.

Nas  pessoas busco a despretensiosa generosidade que fazia com  que   o Senhor, Vovô emprestasse dinheiro aos que viajavam em busca de dias melhores ou que compassem objetos  sem serventia, apenas para ajudar alguém, ou ainda  que oferecesse pernoite e alimentação a grupos de retirantes que, castigados pela seca caminhavam a procura de lugares sem fome. A imagem dessa procissão de rostos desconhecidos, fatigados e silenciosos permanece nas minhas retinas até os dias de hoje.

Quando “mãe veia” reclamava do perigo de abrigar em casa pessoas desconhecidas, sua resposta era sempre a mesma.
-Você não sabe o que é andar pelo mundo  sem encontrar guarida.

Ah Vovô Zé Lúcio... fosse eu capaz de escrever sobre o que você  representou na minha vida e  na de muitas outras pessoas, certamente produziria uma enciclopédia aonde deixaria  registrado em meio as histórias contadas a seu respeito, atos de nobreza, generosidade e retidão de caráter.

Não é por acaso que até hoje, passados mais de quarenta anos de sua partida;  ainda  encontro pessoas que dão testemunhos muitas vezes com lágrimas nos olhos; da sua ajuda generosa que ajudou a transformar suas vidas; todos os adjetivos que conheço não são suficientes para lhe descrever e mostrar  aos que não lhe conheceram que foi você. Por isto finalizo dizendo:

VOVÓ ZÉ LÚCIO, VOCÊ FOI UM GRANDE HOMEM, QUANDO EU CRESCER
QUERO SER IGUAL A VOCÊ!!!!!!!!!!!!! "




quinta-feira, 10 de agosto de 2017

A FAMÍLIA - Germano





A família é quem gera uma sociedade saudável que paulatinamente vai alcançando os objetivos desejáveis e inerentes aos que os buscam como colimados. Para isto dependem também de serem generosos e toleráveis.
Conforme dados do IBGE o Brasil é pródigo em diversidades familiares. A família é sempre o ideal para o homem e a mulher que sempre devem estar abertos para a conquista dos seus ideais.

Atualmente a sociedade familiar está paulatinamente desmoronando face a inexistência de laços familiares fincados no amor, sinceridade e uso rotineiro do perdão. Tanto o homem como a mulher sem o exercício da paciência na análise dos erros do outro buscam a separação familiar e aumentam o número de pessoas que perdem a razão de viver e se entregam a vida fácil ou mesmo, procuram outro par e então, formam uma nova família denominada de família mosaico, onde os pedações esfacelados de família se juntam em um novo lar.

Probabilidades de acertar são muitas desde que se modifique a forma do agir, conversar, perdoar etc., todavia, novos tipos de desacertos surgirão e na superação tem haver muito amor e prazer em servir. 

Existe um velho ditado que diz: “Quem quiser saber quem é o outro vá comer sal juntos”.

Hoje em dia existem os “namoridos e namoridas”  que, caso a coisa não dê certo cada um parte para uma nova aventura, haja vista, não ter laços matrimoniais para serem empecilhos.

Maceió-Al., 10.08.2017.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

O LEITE - Germano





A produção de leite em Mata Grande poderia ser muito mais e melhor, todavia, os entraves são os mais variados possíveis e, atualmente, deixa muito a desejar. A luta dos produtores pela sobrevivência é intensa, entretanto, são periodicamente enganados pelas promessas o que causam sucessivos prejuízos.

Ultimamente li na Gazeta de Alagoas que agora, devido a última seca, mais uma vez, governo e cooperativas vão ao sertão com incentivos para a produção e armazenamento de forragens e vantagens diversas.

Como fui pequeno produtor de leite por mais de quarenta anos, posso citar alguns casos e você leitor, pode comentar e sugerir.
Primeiro vamos falar do governo que sempre promete e não dá sustentabilidade para o aumento da produção, quando essa está pouca o governo encosta, quando está alta ai em vez de melhorar a produtividade, a coisa desanda, é relegada ao esquecimento.

A seca não é o grande problema, pois o sertanejo está acostumado a tirar “leite de pedra” pois a palma, o mandacaru e a soja são grandes aliados. O maior problema está na comercialização, pois, os atravessadores, estão sempre nas estradas e sempre deixam os produtores em situações periclitantes, atrasando ou mesmo não fazendo os pagamentos devidos. 

Ainda esta semana, conversei com um  grande produtor de leite da região e ele falou que está vendendo a R$ 1,00 o litro e que já teve muitos prejuízos, alguns que superam os R$ 7.000,00. Por essas e outras resolvi  parar com a produção e até agora não me arrependi.

Agora que a produção caiu surge o governo prometendo os tanques de leite; as cooperativas se aproximam, prometendo melhorias e incentivando a produção.

Certa feita, prometeram facilitar a venda do queijo de coalho, facilitando a expedição do SIF. Ora se eu, que sei abrir uma maçaneta de uma porta, agendar uma reunião com autoridades na Capital, não consegui, imagine o nosso catingueiro. Pura utopia! Falei na hora e hoje está comprovado, não é coisa para o pequeno.

Vale registrar que esta semana comprei na padaria um litro de leite empacotado por R$ 4,39, no sertão o produtor entrega por R$ 1,00  e nem sempre recebe devidamente, pois fica uma retenção de uma quinzena que no final é perdida, afora outras que se acumulam.

O governo precisa entender que um curral que produz leite diariamente, por pequeno que seja, emprega um ou dois homens que passam a ter a sua feira semanal assegurada. Uma boa forma de ajudar, seria adquirir parte do leite produzido na região para fazer parte da merenda escolar.
Se fizer a coisa com seriedade, tudo dá certo!