terça-feira, 20 de junho de 2017

NÃO ME CANSO DE AGRADECER - Filoca



NÃO ME CANSO DE AGRADECER
1
Vou contar para vocês
Como foi minha infância
Lembrança do acontecido
O que passei quando criança 

2
Na idade de ir pra escola
Papai nos deixou sozinho
Sem as mínimas condições
Fomos morar num ranchinho

3
Até os moveis que tinha
Painho vendeu também
Sem ter outra alternativa
Tinha que pedir a alguém 

4
Eu tinha apenas 10 anos
Quando vi esta tristeza
Eu sem poder trabalhar
Faltava comida na mesa 

5
Faltando tudo em casa
A comida, leite e café
Éramos todos pequenos
Mais todos com muita fé

6
O povo de Mata grande
São generosos demais
E quem dava a comida
Eu não pagarei jamais

7
As roupas e os calçados
Eram doação dos amigos
Agradeço sempre a Deus
A todos eu sempre bem digo

8
Tinha um dos meus amigos
Com ele eu aprendi ler
Quando ele lia em voz alta
Que era pra eu aprender

9
Aquele montão de letras
Para mim era um desenho
Quando eu as via na sequência
Era bom meu desempenho.

10
Foi Deus que enviou um anjo
Por nome de João Praxedes
Que me chamou para trabalhar
Em quem a bondade excede

11
Foi meu grande professor
Que eu considerava um pai
Era um grande guerreiro
Quantas saudades me trás.

12
Jamais eu posso esquecer
Também não posso negar
As chances que ele me deu
Meu mestre Manoel Cumbá 

13
Falo agora dos amigos
Que me ajudaram tanto
Que Deus abençoe a todos
E os cubra com seu manto

14
Vou procurar não esquecer
Alguns amigos queridos
Mesmo não sendo citados
Ninguém será esquecido.

15
Só não vou falar os nomes
Pra não cometer injustiça
Meu abraço vai pra todos
Com amor e sem preguiça.

Zezinho de Laura.(Filoca).

Um comentário:

  1. Conheci D. Laura, moradora do Alto (caminho do João Felix, para os novos).Trazia carregos de lata d'água,própria para consumo.

    Hoje vejo o filho agradecido - Filoca, cujas feições não recordo. Como tantos filhos em igualdade de condições precárias, mas não esquece a terra onde pisou sua infancia.Deve guardar na memória a gratidão dos inúmeros amigos em que a terra é benfazeja.Havia uma consciência social da incúria dos mandatários da cidade, não se abriam portas para o trabalho e o ganho da subsistência era um rosário de penas acumulado. Parabéns à humildade do FILOCA. Parabéns ao filho da terra em reconhecimento público.Há inúmeros outros lendo em silêncio seu depoimento e vertendo a lágrima quente de igual gratidão. Receba o abraço de todos os conterrâneos.

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