terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

LONGEVIDADE - Germano





Segundo Augusto Miranda, é um substantivo feminino e quer dizer:  Qualidade de Longevo; Vida longa; dilatada. 

Gozando de perfeita saúde, quem não quer alcançar a longevidade? Em maio de ano passado, completei setenta anos de idade. Sempre digo que, a ficha ainda não caiu, todavia, tenho sentido que as coisas já não são como antes, estou no cansaço da vida, participando e aceitando a envelhescência paulatinamente, uma vez que a logamnésia teima em me perturbar ao ponto de ser chamado a atenção vez em quando e, sempre estou a falar em idade, velhice e,  acima de tudo escrevendo sobre o tema.

É bem verdade que o Brasil tem dado saltos no que tange a maior idade, é tanto que mudanças tem acontecido constantemente, algumas dificultando inclusive, a aposentadoria, fazendo com que funcionários permaneçam na empresa por mais de quarenta e cinco anos. A longevidade para aproveitar a vida é uma coisa, porém, para trabalhar para o enriquecimento dos empresários, Órgãos Oficiais, torna-se desgastante para o cidadão que trabalha.

Sabe-se que trinta por cento dos que conseguem alcança-la são provenientes da hereditariedade dos ancestrais, todavia, a outra parte da população a conseguem pela prática de exercícios e  com  boa alimentação;  tornam-se pacientes com os semelhantes e procuram sempre uma qualidade de vida saudável. Dizem os entendidos que tudo que se planta contra a saúde, dá frutos por mais de uma década.

Fazendo um retrospecto por nossas andanças nas décadas passadas, vislumbramos que até os quarenta, tudo é um mar de rosas. A idade dos “entas” vai ficando pesada. A minha mãe Luiza Vilar de Mendonça, ao completar oitenta disse: Meu filho a carreira dos oitenta é pesada. É tanto que não conseguiu emplacar os noventa.

De um modo em geral, alcançar a longevidade tem muitos obstáculos sendo o principal as doenças que afetam o ser humano de várias formas. Afora outras, o estresse e a depressão faz o indivíduo envelhecer aos poucos. Os estudos comprovam que os idosos estão vivendo mais e através das orientações a média tem aumentado através das décadas, portanto, vamos fazer força para viver ultrapassando um século de existência com saúde e felicidade, vamos agradecer sempre  a Deus por cada dia que o sol nasce e pela continuidade de poder ver as belezas que a natureza nos favorece, como o azul do mar, as cores do arco íris, o verde dos coqueirais e também escrevendo e contado histórias.

O BAR DE NOCA - Ubieral Alencar







BAR DE NOCA. Era o "point" da cidade a partir da década de 1960, e se estenderia mais décadas como o grande refúgio dos comerciantes locais, ora na rodada de cerveja, ora nas sucessivas lapadas "serra grande, pitu". Não bastava o horário comercial. À noite se dava o ponto de encontro para jogos de gamão, truco, buraco. Ambiente privado de homens.  

Várias gerações atravessaram noites, desde Zé de Bené, o ainda não prefeito Sinval Malta, Virgílio farmacêutico, Gentil sr. Oldrado, e sucessivamente Luís dentista, Zé Brandão, Temístocles, seresteiro diuturno, Agnelo BOBINHA, Palito, Bem te vi.

Alguns migravam alternados para o salão de jogos do Seu Vieira, em seguida o Bar de  Dinó. A dinâmica era preservada conforme as estações de estio e chuvas. Mas era aos sábados, dia de feira de mantimentos e carnes que surgia o variado movimento de visitantes das redondezas.

No bar de Noca se achegavam o Fazendeiro-pecuarista   Antonio Candido, mais que renomado pecuarista chamava a atenção  a linha geracional de filhos,  rapazes simpáticos  e bem vestidos e as lindas moças que atraíam os citadinos. A fazendeira Condinha abrilhantava com a reluzente exposição de joias e diamantes, lábios escarlates e de uma formosura ímpar.

E a um e outro Noca os atendia, sempre prestimoso, sorriso fácil e de aprimorado comportamento. Ouvia de tudo, participava no que lhe era pertinente, e silenciava quando os cochichos prenunciavam ciladas, conchavos de futuros assassinatos... durou décadas ali na condição impoluta, reverenciado por todos em sua imparcialidade. A cachacinha que serviu ao assassino foi a mesma que abrandou as dores dos cornos de um eventual sofredor. Bar eclético e suscetível aos novos e velhos frequentadores. 

Noca caminhava as mesmas calçadas no trajeto diário de ida e vinda para casa. Que sorriso amigo e os olhos acompanhavam a verdade emanada. Avermelha-se como camarão com a troça explosiva. Deixou linda geração: Zelândia médica, o engenheiro Wellington, o empresário  Astriel, a linda Noelia, Noêmia, Willy, o delegado Waldor e  o mais boêmio  Zé Neném. 

Hoje os filhos, profissionais, empreendedores e profissionais liberais concretizam o trabalho profícuo germinado na sementeira da cidade de Mata Grande. 
D.Guiomar celebra junto com o esposo essas realizações.


domingo, 26 de fevereiro de 2017

CARNAVAL, ZÉ PEREIRA E O TEMPO - Walter Medeiros



Carnaval, Zé Pereira e o Tempo

Uma tradição humana de 2.600 anos. Assim talvez possamos chamar o Carnaval, esta festa que a cada instante vai se adaptando às culturas e aos tempos. Dizem estudiosos que certamente teve origem na Grécia, ambientada e amparada por uma divindade, o Deus Momo. Ele era o Deus do riso. "Quanto riso, oh quanta alegria!". E o Carnaval permeou por pelo Egito, por Roma, por todos os continentes e tempos. 

Para nós, brasileiros, vem o registro do Zé Pereira. "Viva Zé Pereira!". Português animado, que ganhou a imortalidade com o sábado de Carnaval dedicado a ele. O sábado é do Zé Pereira. E foi num desses sábados, há mais de trinta anos, que o vi passar seu bloco, de forma inesquecível, pelas ruas do Alecrim. Um bumbo; apenas um bumbo, nada mais, e uma multidão pulando cidade adentro, formando uma imagem eterna para a memória de todos que tiveram o privilégio de o ver.

Mas para a minha memória o Carnaval começou antes, lá nos anos 50 do século passado, quando morava em Mata Grande, alto sertão de Alagoas, e não tinha idade nem tamanho para ir às festas carnavalescas, mas já podia ficar meio assombrado com as danças ameaçadoras dos papangus. Era o tempo de "Felinto, Pedro Salgado, Guilherme, Fenelon..." e "O bloco da vitória está na rua / Desde que o dia raiou.".

Com meus sete anos de idade, queria crescer para vestir uma roupa daquelas e sair de papangu, com um chicote na mão. Nem imaginava como o Carnaval é amplo e o que seria possível viver com ele, através dos anos. Em cada canto assimilava uma beleza carnavalesca, como a Jardineira, tão "Mais bonita que a camélia que morreu".