segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

RÁDIO EDUCADORA DE MATA GRANDE - Germano

A direita, o prédio onde funcionava a rádio, hoje pertencente a Jairo Malta



RÁDIO EDUCADORA DE MATA GRANDE  foi a primeira rádio que funcionou regularmente por algum tempo em Mata Grande,  implantada pelo então prefeito Cristiniano Fortes Nunes , o nosso amigo Cristo, como é popularmente conhecido. Uma enquete foi divulgada para que a população escolhesse o nome da emissora, Rádio Cultura de Mata Grande ou Rádio Educadora de Mata Grande. Ganhou o segundo nome. Foi um período muito bom, existiam muitos matagrandenses comprometidos com o êxito da nova emissora, das quais cito o meu Compadre e grande amigo, Manoel Emilson Fagundes de Moraes (Manoel Felinto).

Na época existiam dois locutores de peso, eu e nosso amigo Osman Ferreira Alencar, hoje um bom advogado e ainda residente em nossa cidade.
Tínhamos programas como a "HORA DA SAUDADE" cuja apresentação se dava às 18:00 horas, dos quais ainda hoje curto as músicas antigas que anunciava, bem como, recordo algumas frases que marcaram época ao cair da tarde.

Aos domingos pela manhã, promovíamos um "PROGRAMA DE CALOUROS" e movimentávamos toda a cidade que com os seus rádios ligados a todo volume, ouviam os cantores da terra que disputavam os prêmios que arrecadávamos no comércio local.
Posteriormente, os políticos, por inveja e com denúncias, conseguiram tirar a rádio do ar. Era clandestina.

Nos últimos anos, funcionou outra rádio, também clandestina, sob o comando do vereador Kleyton, com bons programas, participei de alguns, como representante do Sindicato dos Produtores Rurais de Mata Grande, do qual, era Vice-Presidente. Essa tinha um alcance maior e era muito ouvida em todos os recantos do município, infelizmente, denúncias políticas   conseguiram desativa-la e foi uma grande perda para a população que, acostumada com as notícias na hora, principalmente as apresentadas pelos locutores Raul Malta e Wadson Correia, e com os mais variados programas e muitas músicas diversificadas se viram privados dessa excelente modalidade de comunicação.

Agora, no entanto, pela vontade do jovem Raul Malta, foi inaugurada a   RádioAntena FM, devidamente legalizada, que deverá permanecer por longos anos, proporcionando a alegria dos matagrandenses.

Desejamos a Raul e toda a sua equipe muito êxito neste  novo meio de comunicação destinado aos matagrandenses.



quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

UM DOMINGO NA SERRA DA ONÇA - Germano









Visitar a  Serra da Onça em uma Sexta Feira Santa é o sonho de  todo matagrandense que tenha vivido a infância em sua terra natal. O passeio é agradável, a adrenalina sobe,  uma  vez que a subida íngreme realmente toma o fôlego de qualquer cristão. Existem trechos que as mãos se tornam o suporte de sustentação. Após crescido e, devido os afazeres que surgem, ou mesmo pela mudança de cidade, não se  pratica a subida com  a devida regularidade  anual e os tempos vão passando.

No ano de 1968 em um belo domingo eu e Icléa, José Hélio da Rocha Calheiros e Tânia , José Carlos Figueira dos Santos e Maria Edite, passamos o dia em visita a Igrejinha , todos gostaram, todavia, nunca pudemos repetir.


Ultimamente,  às Sextas Feiras Santas ,tenho participado  do  Terço dos Homens no Monte Santo, iniciamos com apenas seis e nos últimos anos já contamos  até mais de  cinquenta participantes. De lá vislumbro as pessoas que estão no cume da Serra e os fotografo.






Há poucos anos vi a postagem de uma foto, onde a Igrejinha, construída por Seu Antonio Roiz de Albuquerque no ano de 1923,  estava parcialmente deteriorada, coisa natural  para nós matagrandenses que estamos assistindo a morte lenta dos prédios da Cadeia Pública,  do Fomento Agrícola e tantos antigos  sobrados. No caso da igrejinha lancei um desafio pela internet  pedindo doações e  os matagrandenses colaboraram, então, foi pintada com tinta óleo em vez de cal e recuperada as paredes e  a coberta.

Fotos como estava e como ficou:









Pelo feito e uma crítica consistente, resolvemos, eu e Icléa, passar um domingo na Serra da Onça após quarenta e seis anos. Pedi ajuda ao amigo Cristóvão e programamos um passeio com várias pessoas, todavia,  no sábado houve a desistência da maioria e enfrentamos a  caminhada somente nós três.
Narrar todo o passeio e a emoção que sentimos tomaria muitas folhas de papel, no entanto, vou  explicar alguns fatos que julgo interessantes. Devido à falta de prática, tomamos um caminho mais longo, por onde sobem os animais quadrúpedes, nos deparamos com muitas pedras soltas, abelhas, urtigas, cansanção e matagais verdejantes e também ressequidos pela última queimada criminosa que durou vários dias.  Após alguns minutos conseguimos chegar ao cume da Serra. Fomos pela Serra do Angico.
Passamos então a procurar as trilhas que levam a igrejinha com uma caminhada de  mais de dois quilômetros tamanha são as voltas em cima de pedras, evitando os pés de macambira e coroas de frade com seus longos espinhos, porém, visualizamos mais as flores do manuê que teimam em sobreviver entre os cactos.

Finalmente chegamos a igrejinha e a emoção tomou conta em revê-la recuperada, já oferecendo sombra para o descanso, e pelas belíssimas paisagens que se vislumbra no longínquo horizonte. Terras alagoanas e pernambucanas até a vista alcançar. A cidade de Mata Grande, a fonte do Cumbe e seu vale sempre verde, outras serras com seus sítios e adjacências, a antiga lagoa de seu Jari, onde aprendi a nadar, hoje já transformada em barragem  onde várias pessoas ainda tomam banho, me fizeram recordar os bons tempos vividos durante a adolescência.

Visualizamos, no entanto, uma coisa desagradável, a imensa sujeira deixada por nossos conterrâneos que visitam a serra, então, o nosso amigo Cristóvão, achou um saco e passou a recolher as garrafas plásticas e toda a área, afora outros lixos e após, seis ou oito viagens fizemos uma enorme fogueira.








Às 15:30 minutos iniciamos o caminho de volta. Foi um domingo maravilhoso e se Deus nos permitir vamos repetir brevemente.


terça-feira, 24 de janeiro de 2017

O GUARDIÃO DA HISTÓRIA - Márcia Machado











O GUARDIÃO DA HISTÓRIA

Este imponente prédio marcado pelo tempo ainda teima em se manter de pé, apesar de todas as dificuldades que tem enfrentado, ao longo de mais de um século tem muitas histórias para contar. Situado em magnífico local, na parte mais alta da idade de Mata Grande, construído pelos escravos, com pedra e cal serviu de prisão quando foi necessário. Suas paredes de um metro de espessura e a frieza de suas celas, aumentada pelos sacos de sal colocados sob o piso, como afirmam os mais antigos, certamente contribuíram para que os presos se arrependessem amargamente de seus erros.

Mas sua eficiência não se limitou ao papel inicial, foi mais além, nos salões do seu andar superior prestou também relevante serviço a população acomodando a Câmara Municipal e o Tribunal do Júri. Comprovando ainda mais sua versatilidade trouxe alegria e cultura emprestando seus salões para comemorações cívicas, bailes e conferências. Foi ainda garbosa sede de uma importante sociedade dramática daquela época, viu-se transformado em grandioso palco aonde certamente os matagrandenses tiveram o privilégio de assistir aos famosos espetáculos teatrais que faziam sucesso naqueles tempos idos.

A povoação de Mata Grande já podia ser reconhecida como uma Vila ou Freguesia, mas, para que tal fato acontecesse seria necessária a construção de uma Câmara Municipal e de uma Cadeia Pública. Atendendo a tal exigência é construído esse grandioso prédio que quer seja, pela sua função,  quer seja, pelo seu aspecto arquitetônico representa um papel importante na história de Mata Grande.

Visto como um palacete, como bem registrou o escrevente que acompanhou D. Pedro II, na sua célebre viagem a Piranhas quando de sua passagem por Mata Grande, (sic) “... sobresáe  hoje irresistivelmente a atenção na parte superior da Villa e na praça da Matriz o bello edifício da Cadêa e Casa da Câmara recentemente construído em forma de palacete elegante.”

Sobre o mesmo afirma a SECULT (sic) “Do ponto de vista arquitetônico, o edifício secular é relevante na feição urbana da cidade, pois de impõe pela sua  monumentalidade e expressividade construtiva, com largas paredes de pedra e cal e portada imponente, ricamente decorada com elementos em massa.”


Após décadas de descaso e abandono a luta contra as intempéries começa a mostrar-se desigual, a ventania vem e arranca-lhe toda a proteção  do telhado.  Umidade infiltra-se em suas entranhas comprometendo o precário equilíbrio. Descoberta e sem segurança, a parte superior do piso e algumas paredes internas desmoronam. É a lenta agonia de um gigante que embora abandonado tenta a todo custo manter-se de pé. A cada pedaço que cai sente a dor da batalha que já está quase perdida e se pergunta, até quando? Enquanto acompanho a sua lenta e inexorável derrocada, perplexa com a indiferença dos que podem faze r alguma coisa me pergunto: Será a destruição total a forma correta de agradecer a este guardião de nossa história?
Márcia Maria Machado Nunes.