sábado, 30 de julho de 2016

CHIKUGUNYA II - Germano






No dia 15/06/2016 publiquei uma matéria sobre a famigerada chikugunya, doença que vem  derrubando muita gente, inclusive eu. Tomei vários remédios, soros, etc além de ter passado um dia hospitalizado.

As dores são intensas, não passaram e a continuidade de ingerir medicamentos era inevitável. Mesmo assim, não deixei de seguir as recomendações médicas, no entanto, tive que me abster de ir ao sanitário por alguns dias, haja vista a enorme prisão de vente que me afetou profundamente, além das dores e inchaços nos tornozelos que me impediram de andar sem dificuldades.

Há aproximadamente quinze dias atrás, andando pela feira de Mata Grande encontrei com Valda Barbosa, prima de Icléa, que vendo a minha dificuldade de andar, me ofereceu dois comprimidos de um composto fitoterápico que ela si quer sabia o nome. Aceitei, tomei um e no domingo tomei o outro e passei a andar quase que normalmente.

Curioso passei a procurar pelo nome e também aonde era a comercialização. Ela informou que já havia recebido dez comprimidos doados por nossa amiga Vitória. Finalmente fui informado do telefone de Vitória que me disse tudo direitinho.

Trata-se de um composto de sucupira, garra do diabo e unha de gato e o local de comercialização é na casa doce ervas em Maceió. Adquiri e estou tomando com visíveis melhoras, daí a necessidade de informar para os leitores visando a amenização dos seus sofrimentos, caso tenham sido picados pelo endiabrado mosquitinho.

A Gazeta de Alagoas de hoje 30.07.2016 publicou algo sobre a semente de sucupira que tem sido muito comercializada pelos raizeiros em Maceió. Eles recomendam o chá e tem aliviado o sofrimento de várias pessoas.

Foi mais uma razão pela qual resolvi escrever este texto, na expectativa de que outras pessoas afetadas possam também aliviar os sofrimentos impostos pela famigerada virose transmitida pelo diabólico mosquito.

CHIKUGUNYA – Em africano, quer dizer: Corpo Curvado.

terça-feira, 19 de julho de 2016

A APOSENTADORIA – Germano


A APOSENTADORIA – Germano



Infelizmente em nosso País se aposentar passa a ser um castigo para quem trabalhou por mais de trinta anos. O projeto atinge direta e indiretamente a todos os familiares. Embora todos tenham que passar por esta etapa de vida. Portanto, torna-se necessário uma preparação de anos, visando aumentar as chances de acomodação e evitar o acometimento da famigerada depressão.

Muitas pessoas se dão bem após a aposentadoria, alguns ficam até famosos, haja vista a jovialidade que apresentam, muito embora respeitem as limitações que a idade impõe. Essas pessoas normalmente se prepararam tanto no campo psicológico como também no financeiro. Os amigos de trabalho, se afastam e o retorno ao lar gera alguns aborrecimentos, face a mudança do padrão de vida.

Depois da aposentadoria, torna-se necessário: que se exerça algum tipo de atividade, principalmente aquela que seja mais prazerosa; que não se afaste dos familiares e alguns amigos; que procure médicos especializados em alguns problemas físicos, principalmente aqueles relacionados com as alterações da sexualidade tão normais com o avanço da idade.

Entretanto, sabe-se que por mais preparado que o cidadão brasileiro seja, o futuro é incerto, haja vista as mudanças governamentais com as mais variáveis e inimagináveis trilhas criadas através de leis que, devido ao imediatismo, normalmente prejudicam o aposentado.

Vamos relembrar algumas dessas mudanças: nos anos sessenta cada classe social tinha a sua previdência que funcionava normalmente.  Nos anos setenta veio o IAPAS, que garantia aposentadoria de vinte salários e muitos conseguiram. Depois o FUNRURAL para abrigar os da área rural, muito bom e elogiável, pois era bancado pelo governo já que não existiam contribuições por parte do empregado. Com o advento do INSS, juntaram tudo e aí foi o início da bagunça governamental, uma vez que o FUNRURAL passou a integrar a nova sigla, todavia, os recursos não foram alocados, causando o rombo na conta da nova sigla.

Aqueles que pagaram anos e anos para uma aposentadoria de vinte salários, foram reduzidos para dez salários e o governo não devolveu a ninguém a parcela arrecadada a maior, ao contrário, reduziu a aposentadoria e hoje poucos tem direito aos dez salários mínimos prometidos, uma vez que a criação de outras siglas, como o Fator Previdenciário reduzem a quantia devida ao cidadão que se aposenta.  Por isto existem pessoas com mais de quarenta anos no serviço e sem condições de se aposentar.

Por essas e outras é o que se diz:

NO BRASIL É UM CASTIGO SE APOSENTAR.

sábado, 9 de julho de 2016

PEDRO FERREIRA VILLAR - Ubireval Alencar











Ele se dirigia ao Ripitete e de lá para casa na mesma hora e todas as manhãs. Cultivara o hábito de acordar cedinho e atravessar o centro da cidade até o sítio-fazenda que há anos construíra. Jamais se utilizou de bicicleta, cavalo ou automóvel. Uma caminhada saudável todas as manhãs que lhe renderam mais de noventa anos de existência. Esposo de Dona Lenita, teve muitos filhos - Renato, Wilson, Francis, Luís Carlos, Diva, Jacira, Neide, além do agregado perpétuo Zé Doido - e deixou-lhes como educação maior o modelo de vida ordeira, convivência amiga, sentido de luta e garra diária.

Seu Vida, como é popularmente conhecido, passou toda vida na entre-serras e altaneira Mata Grande, irmão de João Vilar, também de prole numerosa. Sabe como ninguém o prazer do clima frio no período invernoso, conhece o sabor das noites refrescantes na época do verão. Viveu como tantos outros as consequências das secas duradouras, navegou e pôs a salvo alguns náufragos das torrentes das águas, no período das trovoadas. O Sr. Zé Macedo, seu vizinho fronteiriço, teve de desfazer-se dos móveis a que estava agarrado para salvar-se numa dessas enxurradas que danificou todo o centro da cidade, especialmente a rua de Baixo.

Um comerciante próspero na pecuária, um micro-fazendeiro por natureza, e possuidor de comércio de tecidos de excelente qualidade que funcionava na parte térrea do sobrado que edificara e em que se instalara, ao lado do casarão do Seu Quinca Alencar, parentes da Dona Lenita. Uma vida no anonimato. Nunca se interessou pelo exercício do poder político, vivendo sua própria política de administrar a prole numerosa. Assistiu no início com estarrecimento à destruição de famílias que se ultimaram política, econômica e moralmente. Hoje veria ainda e com indiferença as facas cortando corpos jovens por aborrecimentos os mais torpes, presenciaria a troca de tiros em pleno calçamento da rua por motivos de defesa de partidarismos sem objetivos.

No imaginário da memorial Mata Grande, Seu Vida continua caminhando nas calçadas em que  tantos mortos se atropelaram só pelo fato de não terem optado por uma vereda de vida menos exacerbada. Preferiu em vida viver o encantamento dos justos, inocente ao vozerio dos que se autoproclamam. Guarda a certeza da missão cumprida. Seu Vida é um leitor do tempo e da História de sua cidade. Sem discursos, sem falações demagógicas e importunas, espelha a lição de que é preciso agir e trabalhar dignamente, lutar pela obrigação e responsabilidade que assumiu perante o mundo.

Essa é a tônica que contrasta nessa cidade premiada pela natureza, mas tão vulnerável pela especiosa ambição de jovens e imaturos políticos que pensam abarcar o mundo da noite para o dia. Do sobrado em que habita, acompanha paciente o cortejo fúnebre do amigo que se vai, ouve atento os sinos da Matriz, acena comovido aos olhares dos mais jovens e a eles se iguala na tentativa de diálogo. Esqueceu a maturidade das reflexões e quer regressar à magia do sonho e fantasia.

Fazem falta uma parada no tempo e o cuidado de se dar à escuta da lição de vida dos mais velhos, livros abertos à compreensão dos reais valores da existência. Homens e mulheres que estão nos deixando a proposta política mais convincente da existência: o prazer de viver respeitando o direito de vida do outro. E é desta cidade do alto sertão das Alagoas que com frequência acodem os piores motivos para sua encenação pública. Como se gestos outros de brios e valor nunca tivessem existido.

A nossa personagem em destaque - Seu Vida - é um dos Vilar com ramos fincados na história econômica e social de Mata Grande. Exemplo de trabalho e respeito que os seus quase cem anos lhe tributaram. Deixou descendência e descendência.

 Inclusive uma neta Denilma, agora notabilizada pela ação silenciosa, pelo trabalho efetivo de ação social, pela força de sua personalidade como mulher e de ação política - e a das mais limpas e dignas que chegou a pôr os pés  no Palácio dos Martírios (Denilma Vilar Bulhões esteve casada com o ex-Governador Geraldo Bulhões, em sua gestão como deputado federal e titular do Governo).

Denilma Vilar, Telma Bulhões, Iran Malta, entre tantos,  são netos do patriarca Vida Vilar, que está continuamente passeando pelas altas calçadas da senhorial cidade sertaneja, espelhando mais uma lição para a História de Alagoas.

 Ontem, como hoje, Seu Vida não tem pressa de concluir seu testamento, que é o autêntico testemunho de vida deixado entre seus pares, familiares e amigos conterrâneos. Deixa uma especial herança que começa a fazer inveja a muita gente.