Estamos reproduzindo a reportagem abaixo que foi divulgada no BLOG DO ETEVALDO.
Para quem não sabe, o Etevaldo é natural de Pão de Açucar, estudou em Satuba, foi funcionário da antiga EMATER e trabalhou em Mata Grande, daí o seu apego por nossa terra. Atualmente é alto funcionário na Secretaria de Agricultura do nosso Estado.
Existem outras reportagens no seu blog onde o nome de Mata Grande é sempre enaltecido e uma específica sobre Santa Cruz do Deserto, portanto, esta já é a de número 2, como ele postou.
Agradecemos ao amigo Etevaldo pelas lembranças e dedicação a nossa terra.
Para abrilhantar a matéria, estamos incluindo algumas fotos de Santa Cruz do Deserto, que já está bastante desenvolvida e com condições de passar a ser mais uma cidade sertaneja.
Por Etevaldo Amorim
Em 19 de setembro de 2014, publicamos
um texto do Jornal do Penedo, edição de 25 de janeiro de 1879, em que se tem a origem
do povoado Santa Cruz do Deserto, município de Mata Grande.
Agora, vasculhando as páginas do Diário
de Pernambuco, encontrei nova referência àquela importante localidade, desta
feita envolvendo um conterrâneo pão-de-açucarense, o Monselhor José de Freitas
Machado, que durante muitos anos foi Secretário do Arcebispado de Olinda, e o
Frei Venâncio Maria di Ferrara, missionário capuchinho (1822-1906).
Vejamos o que está na
edição de 26 de outubro de 1887, p. 2, daquele importante periódico
pernambucano:
SANTA MISSÃO. Escreveram-nos de Paulo
Afonso, no 1º do corrente.
“O Revmº Frei Venâncio Maria de Ferrara, missionário capuchinho, tem
prestado relevantes serviços e diversos lugares e ultimamente nesta freguesia.
Tendo vindo dos Olhos d’Água, do Termo de Piranhas, em agosto último,
para o povoado - Espírito Santo – da freguesia de Tacaratu, com o fim de fazer
ali um cemitério, como fez em poucos dias, teve que passar pela Venerável Santa
Cruz do Deserto, nesta freguesia, distante desta Vila três léguas, onde existe
de muitos anos um considerável número de relíquias, que atestam o grande número
de doentes que milagrosamente de hão curado de graves enfermidades; razão
porque foi erigida, há muito tempo, naquele lugar, uma capelinha, a qual foi de
novo começada pelo Juiz de Direito desta Comarca Dr. Antônio Cardoso de
Oliveira Guimarães.
De volta do Espírito Santo, o Revmº Frei Venâncio, em companhia do digno
vigário desta freguesia, Padre José de Freitas Machado, e mais pessoas,
demorou-se naquele lugar (Santa Cruz do Deserto) e ali permaneceu em Missão
desde 25 de agosto até 15 de setembro, havendo sempre grande concorrência de
povo que ia aumentando extraordinariamente de dia a dia, calculando-se nos
últimos dias número superior a seis mil pessoas.
Durante a Santa Missão, houve para mais de cinquenta casamentos, mais de
mil comunhões e deu-se considerável andamento ao serviço da igreja, deixando o
virtuoso missionário, ao retirar-se, a quantia de 190$000 em mão do digno
vigário Machado, e grande quantidade de material reunido.
Depois da retirada do incansável missionário, o vigário Machado, não
menos diligente, tem conseguido continuar o serviço da dita igreja, com desejo
de deixa-la ao menos coberta e fechada com portas, no que vai sendo auxiliado
pelos bons católicos desta freguesia, além do que de seu bolso tem despendido.
São sempre benéficos os efeitos da nossa santa e verdadeira Religião
Católica Apostólica Romana que, há 19 séculos, tem sido combatida, mas nunca
vencida.
O Revmº Frei Venâncio deixou seu nome gravado no coração dos povos, por
suas virtudes e maneiras afáveis, tanto assim que o digno missionário na hora
de sua partida não pode conter as lágrimas, assaz comovido, tal foi a pena, o
choro, com que o povo em massa dele se despediu.
Fazemos votos para que o virtuoso missionário volte em breve para esta
freguesia. ”
Monsenhor Freitas, à época Vigário de
Paulo Afonso, atual Mata Grande.