Retalhos
do homem
Por Seminarista Joelder Pinheiro Correia de Oliveira
A vida é um mistério a ser
desvendado no decorrer do tempo, entretanto, se mistério é, nem o tempo o
revela, sendo assim, a vida é um conjunto de retalhos que só revelará o todo na
eternidade. A vida é, no tempo, uma dança harmônica repleta de contradições e o
tempo é o maestro que ritma cada passo da vida a caminhar nas curvas da
existência.
Nestas relações da vida com o tempo,
o homem surge como um ser fragmentado, incompleto e desejoso de se conhecer por
inteiro. Interessante a vida! Muitas coisas que fazem parte do nosso ser hoje,
ontem eram impensáveis e o que seremos amanhã é tão incerto quanto a certeza de
que o amanhã existirá. Sendo assim, o homem é um ser que existe no limite entre
o passado que não mais existe e o futuro que poderá não existir. O homem é
presente!
O presente é o tempo dos retalhos
que chamamos de identidade. A identidade que singulariza cada pessoa, nada mais
é do que o conjunto de experiências adquiridas, com as quais o homem aprende e
vai se modelando ou constituindo sua personalidade. De fato, o presente é o
tempo do homem e de tudo aquilo que ele é.
Se o presente é o tempo do homem, é
neste tempo que ele deve mudar. Se o homem é um ser em construção, engana-se
quem pensa estar pronto, ser perfeito e nunca admitir sua necessidade de
melhorar. Do mesmo modo, engana-se quem reconhece precisar melhorar e decide
esperar para mudar no futuro. O presente é o tempo dos acertos e erros, logo, é
nele que há possibilidade de mudar. Quem muito prorroga o tempo de mudar, pode
não ter tempo nem para existir no tempo!
Quanta beleza está escondida da
vida: existência, tempo, mudança, aperfeiçoamento... Beleza porque em tudo isto
há relação, ou seja, somos capazes de deixar nossas marcas, pedaços de nós, e
levarmos conosco pedaços, retalhos, fragmentos dos outros e/ou das realidades
vividas. O homem é um ser composto de retalhos porque ainda que seja único, não
se constitui sozinho, não consegue sobreviver isolado do mundo. Desde seu
nascimento é um ser necessitado.
Por fim, a maior beleza do ser
consiste em juntar todos os seus retalhos para manifestar a magnitude do ser humano,
mesmo sabendo que ainda não está completo. Esta manifestação ou exteriorização
pode ser percebida na fé, na família, nas amizades, na sociedade e assim por
diante, pois onde há pessoas, há seres desejosos de realização e onde este
desejo é verdadeiro, há esperança de um mundo melhor, com pessoas melhores.
Não esperemos o próximo ano para
mudar, para buscar retalhos melhores, pois o ano só será novo se a vida for
nova!