sábado, 18 de outubro de 2014

SANTA CRUZ DO DESERTO - Germano







SANTA CRUZ DO DESERTO –Germano



Importante e sensacional descoberta sobre  Santa Cruz do Deserto foi efetivada e publicada em seu blog  pelo escritor alagoano Etevaldo Amorim, que é alto funcionário da Secretaria da Agricultura deste Estado. No início da carreira profissional ele trabalhou em Mata Grande como extensionista  rural da antiga EMATER, daí seu apego por nossa cidade. Pelo visto, acredito que tenha estudado em Satuba ., onde existe  a escola agrícola formadora de excelentes profissionais.

A sua publicação trouxe a tona a lembrança de alguns homens que fizeram a  história recente daquele importante Distrito, entre eles, lembro do Sr. Genésio Martins, Antonio Barbosa da Silva, José Paulo,  Dedé da farmácia, José Cipriano, Antonio Cipriano e tantos outros que a memória no momento falha.

Santa Cruz do Deserto hoje já deveria ser cidade e para isto, tem grande potencial tanto na parte comercial como na agropecuária. Acredito que, com o término do asfalto, cujos serviços estão em andamento, o seu  desenvolvimento passe a ter passos galopantes.

Santa Cruz do Deserto é tão antiga quanto  Mata Grande, e isto é o que achei interessante, leia a seguir o texto publicado no  BLOG DO ETEVALDO:



Por Etevaldo Amorim


Durante o curto período em que exerci a função de Extensionista, na antiga EMATER, tive oportunidade de ministrar um curso de formação num pequeno vilarejo do município de Mata Grande: Santa Cruz do Deserto. Ali, na pequena capela, diante de um grupo de agricultores prejudicados pela seca, tentava incutir em suas mentes algo de técnico, como era do meu ofício. Lembro-me de, ao final, uma mocinha vir me entregar um papel, uma folha de caderno. Ali ela escrevera, em nome de seu pai, pobre agricultor, um relato dramático da sua situação, que era, na verdade, comum a todos.

Nas reuniões, no Escritório Regional em Santana do Ipanema, os colegas faziam chacota, achando engraçado aquele nome. Santa Cruz do Deserto... Pleno sertão, no caminho entre Mata Grande e Água Branca, antes de subir a serra. Muitas vezes passei por lá a caminho de Delmiro Gouveia, onde respondi, por menos tempo ainda, pelo Escritório Local.

Hoje, vendo um exemplar do Jornal do Penedo, edição de 25 de janeiro de 1879, encontro uma nota de alguém que se assina com o pseudônimo de “S.”, revelando como se fundou a capela daquele lugar. Como sei que muitos, talvez, não terão a oportunidade de ler, transcrevo a seguir:


“Lá, em um sítio solitário, quatro léguas acima da Mata Grande, Santa Cruz do Deserto é a primeira terra que se oferece aos olhos do que sobe de Terra Nova.

Quem sobe deste lugarejo, virando as costas para o sol, no fim de três léguas, a Norte de Pariconha, as eminências abaixando-se, retraindo-se, avista uma fita de terreno fértil e vicejante, assombrado de frescos arvoredos, qual é a planície abençoada da Santa Cruz do Deserto.

Em meio duma catinga esfarelada e rasa, entre serras que se arredondam, cingindo-a, o viajante pasma diante do espetáculo daquele sítio aonde se comove e exalta a cada passo.

É justamente o ponto mais vistoso deste sítio ameno e risonho que a piedade dos fiéis, muitos anos há, venerou, construindo uma capela, ou santuário, ornada de um só altar dedicado à Santa Cruz.

É célebre a história deste santuário, tão visitado pela devoção dos peregrinos, tão falado pelos seus grandes milagres.

Uma pia e velha tradição sustenta que, durante o ano de 1793, o famigerado Frei Vidal¹, que percorria a Província pregando e fazendo boas obras, descansou naquele ermo, então viçoso de ricos cedros e vistosos pereiros, cuja flor balsâmica recendia com fragrância a largo espaço.

Antes de prosseguir sua marcha, em memória da sua passagem por ali, mandou juntar duas achas de tosco e tortuoso cedro em forma de CRUZ e, benzendo-a, fincou-a no chão, ao lado esquerdo do atalho que dá para a Mata Grande.

Não muito depois do ano indicado, enfermo e desconfiado dos remédios da medicina, um rústico lembrou-se de invocar e abraçar-se com a valiosa proteção da SANTA CRUZ DO DESERTO. Sucedeu como a esperança lho prometia; porque, no mesmo instante, desapareceu o mal e voltou-lhe a saúde. Para logo o camponês fez cobrir a Santa Cruz, até então posta ao desabrigo, com uma pequena casa de oração.

Mais tarde, a primeira Família da Mata Grande, no seu tributo religioso, mandou construir ali uma Capela, que é a que ainda hoje existe.

Tal é o resumo da história do santuário, em que a reverência dos peregrinos, no ardor do seu entranhado reconhecimento, sagrou a sua memória dos grandes prodígios da SANTA CRUZ DO DESERTO, estampados nas paredes laterais e atulhados à direita e à esquerda da porta principal.

Contemplar aqueles testemunhos, tão eloquentes na sua mudez, é decerto exultar de alegria e ao mesmo tempo bendizer o símbolo sagrado da Redenção.

Ainda hoje, que tantas ruínas atestam a assolação carregada das iras celestes, que passou por cima das povoações vizinhas, ainda hoje SANTA CRUZ DO DESERTO como que só existe para nos apontar o que era e o que é: um padrão de glória.

Ontem, como hoje, no século que já lá foi, como no em que estamos, a Santa-Cruz do Deserto não foi invocada inutilmente. Esta é a razão por que, a cada passo, está sendo visitada por todas as classes e estados.

Ali o Cristo sincero exclama comovido:

—Senhor, Rei da Cruz, tenho fé; ajudai a minha fraqueza!

Ali os crentes simples de coração se consolam na doce esperança de que a suma retidão pagará as tristezas e trabalhos da vida presente com as venturas perenes, afiançadas aos justos e fiéis.

Ali os corações devotos se abrasam no incêndio do amor para com AQUELE que se sacrificou por nós nos braços dolorosos da CRUZ.

—SALVE, ó CRUZ, esperança única!

—SALVE, verdadeira árvore da liberdade!

—SALVE, manancial de salvação e de GRAÇA!


Baixa do Meio, 10 de dezembro de 1878.


S.”

¹
O nome desse frade é Vitale de Frescarolo. Andou pelos sertões do Ceará, Pernambuco e outros

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

MATA GRANDE TU AINDA TEM? - Daniel Malta


 
 
 
 

MATA GRANDE TU AINDA TEM? – Daniel Malta

Oi Mata Grande, minhas lembranças andam meio esquecidas e hoje queria te fazer uma pergunta tu tens ainda as tuas ladeiras maravilhosas? O Padre Aluísio ainda reza suas missas na igreja mais linda do mundo, a igreja azul e branco que quando eu olhava para sua torre dizia será que bate no céu,? O piso da igreja é do mesmo jeito? Com os desenhos brancos e vermelhos, e as pilastras enormes que às vezes os pais colocavam as crianças ali, porque nos seus bancos de madeira já não cabia mais, Tem as portas grandes na frente e nas laterais? Que quando criança ficava entrando e saindo entre uma e outra, D. Lourdes ainda toca em seu teclado? Ainda solta os foguetes feitos por seu Dário e D. Flora ao lado da igreja e nas festas? tem a banda de pífanos quê ficava sentada em um banco na frete da igreja, tu ainda tens Mata Grande?

Ainda tens a estátua de Nossa Senhora da Conceição na praça da rua de cima? que eu perguntava como fizeram ela ? Como ela é grande! E seu Benedito ainda faz a charola da procissão? Tu tens as ruas de calçamento fazendo os Toc Toc quando os cavalos passam, tens ainda a esquina de Merinho, a venda de seu Joaquim e de dona Socorro Binga?, Tem o Posto de Cristo e o Posto de seu Zé Maria? Tem o fotógrafo seu Aloízio e a loja de seu Luiz Brandão? Tem a sorveteria de Tio Jari e o Bar de Seu Noca, Bar de Cassaco, Bar de Luiz de Beja, Bar de Evilásio, Bar do Gago, e a sinuca de seu Dinô, tem o fomento? O mercado da farinha e o Paz e Amor? Está tudinho ai Mata Grande?

A cadeira de balanço de Tio Feitosa está no mesmo lugar em sua porta e o charme de Tio Rubens com seu terno branco ao sentar na praça aos domingos? Seu Miguel de Sula o grande fiscal da prefeitura que sabe atender bem a todos, Alceno Alfaiate, Pedro Rosa o vigilante da praça, Bié de Dorá e o mestre Zé Charito e seu Vida ainda tem aquele cachorro? O delegado Leopoldo e o eterno defensor das pessoas carentes Manoel Roberto, Temista Boêmio, Pé de Ferro, Zivaldo e seu Mané Cumbá ainda tem aquele carro dele preto, é uma verdadeira obra de arte. Pedinho de Lourenço ainda é motorista? E seu Antônio de Rodrigues, Agnelo Bobinha, seu Antônio Barbosa figura ilustre e Zé Coqueiro e minha amiga Rivanda por onde andam, me diz Mata Grande.
Tem a escola Cenecista Félix Moreno com sua quadra de esporte,que jogava o vasquinho, o serrano, cruz de malta e os casados e solteiros, tem a escola Demócrito Gracindo e a escolinha de tia Alba? As professoras Josefina, Edite, Juvina e D. Francisca estão a ensinar ?
Tem Duda e Joaquim Preto que carrega água das fontes da Pipa, João Félix, do Ripitete de João Lalau e a nossa fonte do Cumbe, todas estão ai? A fazenda de seu Antônio Cândido com a beleza da água a sua porta, a represa do posto de Cristo continua a segurar as águas? A nossa praia do Morro Vermelho está ainda a fazer as alegrias nos finais de semana?

E Jabiú ainda toca seu Violão, e as figuras que nós crianças corríamos de medo como Pereirinha, Heleno e tinha outros que fazia a cidade mais alegre Zé Doido, Panga, Taioba, Pirú Baixeiro e seu pai seu Vicente, e será que Quitéria gaga ainda fala muito?

A rádio Oásis do Sertão ainda está no Ar, com a locução de Zé Adalto e a voz FM de Mufulá?
 
Tem as antenas da Microondas e o Monte Santo com sua Cruz e a maravilhosa Serra da Onça com sua igrejinha que de todos os cantos da pra ver? E a serra de Santa Cruz realmente é a mais alta do nosso Estado?

Tem a feira dia de sábado, e seu Valdir marchante fornece a carne para o almoço gostoso que os feirantes fazem com suas delicias, tipo sarapatel, porco, galinha, bode e buchada, as panelas de barro, as frutas e verduras de uma gostosura só está na Feira? e Arlindo? ainda fazendo seus motes e seu Pompilio Gomes com sua banca? o pessoal corta o cabelo em seu Severino? Tem as D20 que traz todos pra feira e leva ao final de tarde, tens os vários povoados, tem os jumentos com suas cangaias e os carros de boi?

Tem a Prefeitura no mesmo lugar e a Cadeia Pública, a Assembleia de Deus Azul, da cor do Céu, que fica na ladeira do hospital, tem o carro de viagem de seu Moacir? E o caminhão de seu Luiz Gaia? Tem a melhor manga rosa de todos os locais? Tem o puxa-puxa que vende no engenho de Dona Benedita? E o Alambique de seu Jonata e de seu Zequinha.? Tens a Rua de Baixo, a Rua de Cima, o Bom Sucesso, o Galo Assanhado, seu Zé Bezerra continua na Rua Nova e seu Mané Tributino mora no Mandacaru e a alegria da batalhadora Noêmia e Zé Boi da ladeira do Cumbe estão lá? Tem a farmácia de seu Dalvino? E o Supermercado de “G”? , tem o sol causticante e o friozinho da noite, tem a brisa do sertão? Está tudo no mesmo lugar Mata Grande?
Nas festas de Final de ano tens o parque de diversão com seus barcos que ia até o alto e uma prancha para parar, tem o forró nas garagens e as barracas que são montadas na rua? Cicero Livino ainda toca sua sanfona e Boleiro ainda toca seu trombone? seu Nezinho Barbosa ainda faz seus aboios? e Linda faz seus Bolos, Dona Zefinha vende seu puxa-puxa  e Francisca faz seus sequilhos? E as padarias de seu Odilon, Pedro Barbosa, seu Panta e Quinquinha que era um bom jogador de dominó, o parquinho que eu brincava na ladeira de João Félix, ainda tem tudo isso Mata Grande?
E minha Vó Lourdes em seu Cartório e meu avô Dumuriez que ficava na janela vendo a procissão passar sempre no primeiro dia do ano, continua a abrir a janela da casa de minhas alegrias?

E Mata Grande me respondeu.... está tudinho aqui os locais, as pessoas, algumas já se foram, mas o coração destas pessoas estão aqui, mas sinta meu perfume, sinta as alegrias e as coisas boas que temos aqui e quando você estiver sentindo falta de tudo isso, feche os olhos e novamente volte aqui.
Obrigado Mata Grande por Você Fazer parte de Minha Vida!

Daniel Malta.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A OBRIGATORIEDADE DA VELHICE- Germano

A OBRIGATORIEDADE DA VELHICE- Germano

Passei  dos cinquenta sem notar. Já estou beirando os setenta decidindo pelo amadurecimento das ideias, sem, contudo, aceitar a obrigatoriedade da velhice. Cursei o período da adolescência  me preparando para a idade adulta sem notar. Passei pela fase do labor profissional sem me preocupar com o tempo.

 Agora, na fase da envelhescência, (fase preparatória para a velhice continua), permaneço  teimoso e sonhador. Sei que se parar de sonhar naturalmente  tornar-me-ei um velho. Os desafios são constantes e tento evoluir me adaptando as mudanças, aceitando as transformações que a vida moderna impõe.

Gosto de fazer parte do grupo das pessoas de alma leve, que acumula sabedoria e transmite aos semelhantes ensinamentos sadios, onde a possibilidade de superação é possível em todas as situações. Pessoas que olham o universo, são felizes ao ouvir uma boa música,  ao receber o abraço de um colega na presença dos netos. São gratas pelo sol, a lua, as estrelas, a chuva, a terra molhada, a primavera, o verão, o outono e o inverno. Colhem a rosa vermelha da paixão todos os dias e nem sentem as picadas dos espinhos protetores. Pessoas que são sábias e não podem nunca serem chamadas de ingênuas, pois sábios são os que conseguem ser felizes. Para estas pessoas  ter sessenta anos é pouco para o muito que desejam realizar; é pouco para realizar seus sonhos. Pessoas que quando morrerem levarão no rosto a expressão da ternura e seguirão tranquilos, levando ainda consigo um punhadinho de utopia, para que esta rasgue a terra em sua prenhes e germine.(Fonte: Adaptado de A Notícia).

Quiçá, possa assim permanecer durante toda a nova fase que tenho a obrigatoriedade de aceitar. Que seja uma velhice com  saúde e dignidade! Desde já, agradeço a Deus, o Grande Arquiteto deste maravilhoso Universo!


terça-feira, 7 de outubro de 2014

A NOSSA DEMOCRACIA- Germano

 
 

Durante a missa no dia da eleição comecei a ler o verso  do jornal  dominical   O DOMINGO.  Algumas  frases me chamaram a atenção, todavia, as mais interessantes escritas pelo Pe. Paulo Bazaglia, SSP  foram estas:
“... hoje no Brasil, dia de eleições Ecoa como advertência, sobretudo aos que assumem funções de liderança e responsabilidade.
Procuram-se líderes  autênticos, responsáveis e preocupados com o bem do povo. “Líderes que conduzam o povo a um protagonismo que não o deixa entregue à sorte, mas constrói um destino”
“Aos que exercem cargos de liderança em todos os níveis, sejam políticos ou religiosos, cabe o questionamento: qual fruto Deus espera de sua vinha? Como não se corromper pelo poder, mas servir responsavelmente ao bem coletivo?”.

O Brasil clama por líderes comprometidos com a ética e o desenvolvimento. Há algumas décadas houve um candidato que com uma vassourinha, tentou varrer  do País os mal intencionados. Recentemente, outro prometia acabar com os marajás. Insucesso total por parte dos dois. Outros, nos quais o povo acreditava, morreram precocemente sem ter a oportunidade de liderar. A nossa realidade é esta, não temos líderes democratas.

O governo faz acordos para continuar no poder e os legisladores criam leis nas quais asseguram  a sua permanência nos cargos.

No estado de Alagoas onde predomina o latifúndio, o analfabetismo e a violência, pasmem, nove deputados  tiveram mais votos do que um dos eleitos. Isto caracteriza a maioria da vontade popular?
A meu ver isto não é a vontade do povo. A democracia não  esta sendo cumprida, não constitui  a maioria absoluta.

Democracia é um substantivo feminino. Governo do Povo; soberania popular.

Acredito que, se houvesse uma eleição de cinco em cinco anos para preenchimento de todos os cargos, o País economizaria o equivalente a três eleições. Imagine a quantia de dinheiro desperdiçada para enriquecimento ilícito de alguns privilegiados que poderiam ser aplicadas para a melhoria da qualidade de vida  de uma grande maioria de  brasileiros.