Estamos atravessando mais
uma época invernosa em Mata Grande. Há
mais ou menos quatro décadas o inverno era rigoroso com muitas chuvas, períodos
onde o frio era intenso e a neblina com chuviscos não deixavam o sol aparecer por oito ou dez dias e, uma das vezes ,passamos dezesseis dias e
noites sem o direito de ver o sol. A chuva que anunciava um bom ano já aparecia
no dia 19 de março, dia do glorioso São
José, então, se plantava milho para assar na fogueira do São João. O período
invernoso começava em maio e prosseguia até o mês de Julho. Os agricultores
tinham a certeza de uma boa safra, onde todos
colhiam e existia fartura de cereais e pastagens.
Acontece que, ultimamente,
não chove no dia de São José, tampouco, no mês de maio e em junho as chuvas são
poucas e regionalizadas dentro do nosso município. Na região serrana sempre há
pancadas de chuvas tornando verde toda à vegetação. Nas outras regiões, o
prenúncio de uma seca verde,
consequência do famoso EL NINO.
Às vezes fico a imaginar o
quanto o nordeste é sofrido. O quanto o nosso sertão alagoano tem sido
castigado. Ao longo dos últimos quarenta
anos já enfrentamos várias secas e a que
mais afetou foi esta última, dado a diminuição das vertentes de
água, uma vez que, até os riachos perenes secaram totalmente e as cacimbas, na
maioria, a água não dava si quer para saciar a sede dos animais que conseguiram
sobreviver ao período de escassez das chuvas. Existem os prejuízos que estamos
acostumados a suportar, todavia, com as facilidades que o progresso trouxe, a
água é transportada em carros pipas e os alimentos chegam pelos mais variados
meios de transporte. Ninguém é obrigado a deixar suas moradias.
Na outra extremidade do
Brasil as enchentes modificam o modo de
vida dos habitantes forçando a necessidade de
abandonarem suas casas com todos os móveis e utensílios, muitas vezes
adquiridos , com juros exorbitantes e prestações mensais. São obrigados a viver em abrigos ou casas dos
familiares. Recentemente, ouvi o depoimento de um morador, lamentando que havia
perdido tudo da casa, somente o cachorro
se salvou.
Creio, por isto, que a seca
no nordeste, não obstante os enormes prejuízos que causa, ainda se torna melhor
que as enchentes do sul e sudeste do
Brasil.
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