Barra de Santo Antonio (AL), 21 de setembro de 2013.
Hoje é dia de praia, um domingo de
sol maravilhoso com o verde dos coqueirais e o mar azul turquesa que causa
imensa alegria a qualquer vivente que os presencie, todavia, após a caminhada
matinal pela Ilha da Crôa, lembrei a reportagem de Nelson da Rabeca no Globo
Rural as lágrimas escaparam dos meus olhos pois me veio a mente outro ser
humano, bastante parecido com seu Nelson, tanto em sua simplicidade, humildade
no falar, no entanto ,um tocador anônimo, que nunca foi reconhecido em nossa
cidade, falo de seu Manoel Cassimiro, este, contudo, não fabricava rabecas.
Residia no Mandacaru e lembrei que,
em alguns carnavais ele acompanhava o bloco do URSO PRETO, do saudoso Joaquim
de Belo e do BACALHAU de João Cajú, saindo daquele bairro e percorrendo toda a
cidade tocando marchinhas e frevos em sua rabeca .
Eventualmente, quando o visitava,
pedia para que ele tocasse algumas músicas e ele executava com perfeição
músicas do inesquecível Rei do Baião (Luiz Gonzaga) e de outros artistas do
cancioneiro popular, principalmente dos mais antigos.
Lembro também, que certa noite de São
João em plena quinta feira, Seu Manoel Cassimiro e o maior seresteiro que Mata
Grande já teve, “Temista” (Temístócles Guimarães) foram comemorar na Serra do
Sabonete e somente retornaram ao alvorecer do sábado. Temista, cantando, com
sua inconfundível voz e seu Mané Cassimiro na rabeca, até hoje não esqueci
alguns versos da música cantada que visava amortecer a raiva da esposa pelas
noites passadas fora , cujos versos eram mais ou menos assim:
MEU DEUS QUE HORAS SÃO ESSAS, AMOR
NÃO OUÇO O GALO CANTAR
SÓ PEÇO A DEUS QUE ME BOTE, AMOR
ONDE ANA ROSA ESTÁ.
AS ONDAS DO MAR SAGRADO, AMOR
NÃO QUEIRAM ME CONSUMIR
SÓ AGRADEÇO A DEUS, AMOR
FICAR JUNTINHO A TÍ.
As estrofes seguintes não
consegui lembrar. Segundo Icléa, a rabeca de seu Manoel Cassimiro foi doada a
uma de suas netas que se a memória não falha , residia no Distrito de Santa
Cruz do Deserto, município de Mata Grande - AL.
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