"JOSE LÚCIO ALVES BEZERRA ( Vovô
Zé Lúcio ) – Márcia Machado
"Vovô tinha estatura elevada, cabelos
lisos, sobrancelhas grossas, semblante inquieto e hábitos simples. Dormia cedo para cedo acordar firme nas decisões e alegre no bom viver, assim era vovô Zé Lúcio. Contador de causos reunia os amigos no final de tarde na calçada da
venda e ali contava as histórias das
botijas que descobrira cheias de moedas de ouro guardadas no cofre de sete segredos e das visagens que
apareciam em noites enluaradas, das pessoas que havia
conhecido durante as viagens que fizera por este mundo de meu Deus.
Estes causos de final de tarde aguçavam a minha curiosidade e alimentavam as minhas fantasias infantis. Ansiosamente, eu aguardava que os amigos se retirassem para que me fossem mostrados os potes de moedas de ouro recuperados das botijas. De nada adiantavam suas pacientes argumentações de que os potes de moedas de ouro existiram apenas nos causos. Só após ver aberto o cofre dos sete segredos minha curiosidade se amainava.
Estes causos de final de tarde aguçavam a minha curiosidade e alimentavam as minhas fantasias infantis. Ansiosamente, eu aguardava que os amigos se retirassem para que me fossem mostrados os potes de moedas de ouro recuperados das botijas. De nada adiantavam suas pacientes argumentações de que os potes de moedas de ouro existiram apenas nos causos. Só após ver aberto o cofre dos sete segredos minha curiosidade se amainava.
Hoje, avalio que foram essas tardes
iluminadas pela sua presença e seu prosear que me transformaram numa leitora de
livros e de gente. Nos livros busco
histórias que me transmitem a alegre curiosidade daqueles tempos idos.
Nas
pessoas busco a despretensiosa generosidade que fazia com que o
Senhor, Vovô emprestasse dinheiro aos que viajavam em busca de dias melhores ou que
compassem objetos sem serventia, apenas
para ajudar alguém, ou ainda que
oferecesse pernoite e alimentação a grupos de retirantes que, castigados pela
seca caminhavam a procura de lugares sem fome. A imagem dessa procissão de
rostos desconhecidos, fatigados e silenciosos permanece nas minhas retinas até
os dias de hoje.
Quando “mãe veia” reclamava do perigo de abrigar em casa pessoas desconhecidas, sua resposta era sempre a mesma.
-Você não sabe o que é andar pelo
mundo sem encontrar guarida.
Ah Vovô Zé Lúcio... fosse eu capaz de
escrever sobre o que você representou na
minha vida e na de muitas outras
pessoas, certamente produziria uma enciclopédia aonde deixaria registrado em meio as histórias contadas a
seu respeito, atos de nobreza, generosidade e retidão de caráter.
Não é por acaso que até hoje,
passados mais de quarenta anos de sua partida; ainda
encontro pessoas que dão testemunhos muitas vezes com lágrimas nos
olhos; da sua ajuda generosa que ajudou a transformar suas vidas; todos os
adjetivos que conheço não são suficientes para lhe descrever e mostrar aos que não lhe conheceram que foi você. Por
isto finalizo dizendo:
VOVÓ ZÉ LÚCIO, VOCÊ FOI UM GRANDE HOMEM, QUANDO EU CRESCER
QUERO SER IGUAL A VOCÊ!!!!!!!!!!!!! "
NOTA DO BLOG: O texto foi escrito pela prima Márcia Machado , foi republicado atendendo um pedido do seu afilhado Beto Barbosa. Na segunda foto sentados em cadeiras na calçada, Tio Zé Lúcio e seu João Felix. O tio teve como pai Lúcio Alves Bezerra e Adelaide Bandeira de Mello nasceu no Sítio Barreiros (Cafundó), zona rural do município de Mata Grande (AL). Casou com Maria Alves Machado e foram pais de Marinete e Maristela.
SIMPLESMENTE MARAVILHOSA ESTA POSTAGEM E QUE RIQUEZA DE CONTEÚDO, TRAZENDO-ME RECORDAÇÕES VALIOSAS...
ResponderExcluirSIMPLESMENTE MARAVILHOSA ESTA POSTAGEM E QUE RIQUEZA DE CONTEÚDO, TRAZENDO-ME RECORDAÇÕES VALIOSAS...
ResponderExcluirOlá
ResponderExcluirestou lendo seu texto junto com meu sogro José Alves Barros, seu Avô era padrinho dele, e ele está contente em ver as histórias de Mata Grande sendo descritas.
O irmão de meu sogro ainda está em Mata Grande, o Alouísio Barros e espero que podemos nos encontrar em breve.