domingo, 24 de julho de 2011

DICAS DE CULTURA - Tiradentes , o Bode Expiatório

Tiradentes, o Bode Expiatório

Laura Pinca
Novos estudos históricos apresentam uma inconfidência mineira diferente
daquela que nos narram os livros didáticos.

Embora a historiografia oficial considere a inconfidência mineira (1789)
como uma grande luta para a libertação do Brasil, o historiador inglês
Kenneth Maxwell, autor de "A devassa da devassa" (Rio de Janeiro, Terra e
Paz, 2ª ed. 1978.) que esteve recentemente no Brasil, diz que "a conspiração
dos mineiros era, basicamente, um movimento de oligarquias, no interesse da
oligarquia, sendo o nome do povo invocado apenas como justificativa", e que
objetivava, não a independência do Brasil, mas a de Minas Gerais.

Esses novos estudos apresentam um Tiradentes bem mudado: sem barba, sem
liderança e sem glória. Segundo Maxwell, Joaquim José da Silva Xavier não
foi senão o "bode expiatório" da conspiração. (op.cit., p.. 222) "Na verdade,
o alferes provavelmente nunca esteve plenamente a par dos planos e objetivos
mais amplos do movimento." (p.216) O que é natural acreditar. Como um
simples alferes (o equivalente a tenente, hoje) lideraria coronéis,
brigadeiros, padres e desembargadores?

A Folha de S. Paulo publicou um artigo (21-04-98) no qual se comentam os
estudos do historiador carioca Marcos Antônio Correa. Correa defende que
Tiradentes não morreu enforcado em 21 de abril de 1792. Ele começou a
suspeitar disso quando viu uma lista de presença da Assembléia Nacional
francesa de 1793, onde constava a assinatura de um tal Joaquim José da Silva
Xavier, cujo estudo grafotécnico permitiu concluir que se tratava da
assinatura de Tiradentes. Segundo Correa, um ladrão condenado morreu no
lugar de Tiradentes, em troca de ajuda financeira à sua família, oferecida
pela maçonaria. Testemunhas da morte de Tiradentes se diziam surpresas,
porque o executado aparentava ter menos de 45 anos. Sustenta Correa que
Tiradentes teria sido salvo pelo poeta Cruz e Silva (maçom, amigo dos
inconfidentes e um dos juízes da Devassa) e embarcado incógnito para Lisboa
em agosto de 1792.

Isso confirma o que havia dito Martim Francisco (irmão de José Bonifácio de
Andrada e Silva): que não fora Tiradentes quem morrera enforcado, mas outra
pessoa, e que, após o esquartejamento do cadáver, desapareceram com a
cabeça, para que não se pudesse identificar o corpo.

"Se dez vidas eu tivesse, dez vidas eu daria pelo Brasil". Como só tinha
uma, talvez Tiradentes tenha preferido ficar com ela.


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Professor Guilherme Cabral
Brasília - DF - A cidade eclética
Bom Despacho - MG - "A cidade sorriso"
ESTUDAR É CONQUISTAR A LIBERDADE (Prof. Cabral)
"Sorte é quando a preparação encontra a oportunidade"
"Excelência não é um ato, é um hábito". (Aristóteles)

Recebido de Lomba por e-mail.

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