quarta-feira, 23 de março de 2011

AS FONTES DE MATA GRANDE-Fonte de Cima

A Fonte de Cima, como se vê na foto continua a mesma, com um atenuante,o cano da água do Rio São Francisco passa logo após e a quantidade de água no fundo da cacimba é a de sempre. Hoje quase não é utilizada. –FONTE DE CIMA - A fonte de Cima, conforme se vê na foto é uma cacimba construída há muitos anos , que abastecia com a sua água mineral grande parte da população de Mata Grande, residentes no Mandacarú, Rua Nova e Rua de Baixo, sem contar com os almocreves que vendiam a água em ancoretas, latas ou mesmo o tradicional galão. Após o advento da água encanada do Rio São Francisco a movimentação diminuiu, todavia, muitos ainda para lá se dirigem com a finalidade de buscar água. As histórias sobre a Fonte de Cima são as mais variadas possíveis uma vez que lá se reuniam, tanto na parte da manhã como também ao anoitecer inúmeras pessoas . Como é previsível em cidades interioranas , brigas para disputar um balde com um pouco de água faziam parte das diversões diárias além das fofocas e namoros escondidos que amenizavam a espera da água que sai lentamente das entranhas das rochas. Vale registrar que logo abaixo ficava outra fonte, denominada Fonte de Baixo esta a céu aberto e na mesma altura do cemitério da cidade, onde as lavadeiras lavavam as roupas, os animais matavam a sede e tomavam banho , descendo mais, fica a fonte da baixinha, situada no Mandacarú hoje bastante modificada e como fica abaixo do nível do cemitério é menos utilizada para matar a sede. Vejam o que escreveu o jornalista Walter Medeiros em seu site www.rnsites.com.br/Mata Grande, relembrando o tempo da sua infância quando residiu na Rua Nova. “A FONTE --- Walter Medeiros Uma das lembranças que guardo de Mata Grande é da fonte, onde diariamente muitos iam buscar água e da qual se falava como se ela fosse uma pessoa integrada ao nosso convívio. Ali, as cenas mais comuns eram formadas por pessoas transportando galões ou burros, como seus barris, tangidos calmamente pelos caminhos feitos aos poucos pelas pisadas cotidianas. Era a fonte que, arrodiada pela tranquilidade dos avelozes e plantas rasteiras, garantia a sobrevivência de muitos, até em certos períodos críticos de seca, e que tinha uma beleza ímpar, já que o sol quase não chegava perto e vivia como que protegida pela vegetação. Naquele local se misturavam os pássaros, com seu canto sinfônico, que nos davam uma tenra tranqüilidade, a qual motivava remorso, quando quebrada, como fez numa daquelas manhãs um menino, ao atingir fortemente um canário com uma “bala” de barro. Ao vê-lo batendo asas, sem poder voar, lutando contra a morte, foi tomado de arrependimento e tentou salvá-lo a qualquer custo. Mas era tarde. Tinha dessas coisas a fonte, que eu posso comparar hoje à melhor alvorada que desejaria ter. Cedo, pisava suas bordas molhadas e seguia o ritual comum, jogando as latas, naquela espera paciente pelo afastar das folhas. E saída respirando o ar puro, ao seu redor, deixando-a algumas vezes solitária, como que se embalando, para dormir um sono justo. Mas todo esse aspecto pareceu mudar quando contaram-me as chocantes cenas ocorridas ali perto, décadas atrás, quando não pôde servir muito. Ano seco, muita fome e, o pior, muitos tombando mortos.”

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